Promotor fica na coordenação do Gaeco só até caso ir para Justiça

O chefe adjunto do MPE (Ministério Público Estadual) de Mato Grosso do Sul, procurador Paulo César Passos, afirmou nesta tarde que vai levar até 60 dias para a análise do relatório da Operação Coffe Break, aquela que investigou suposto esquema para cassar o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), em março de 2014. O prazo foi dado durante entrevista coletiva na qual Passos confirmou a saída do promotor Marcos Alex Vera da coordenação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), o que vai acontecer depois da análise do relatório e do possível ajuizamento de ações.

Como Marcos Alex está em recesso agora e entra em férias a partir do dia 7 de janeiro, com retorno ao trabalho previsto para o fim do mês, o resultado é que, embora oficialmente ele continue coordenando o grupo, na prática já está fora.

Durante a coletiva, Paulo Passos leu duas notas, uma da PGJ (Procuradoria Geral de Justiça), cujo chefe, Humberto de Matos Brites, está viajando, e outra do promotor Marcos Alex Vera, que também está em viagem. A nota da PGJ, assinada por Passos, elogia o trabalhos dos promotores que integram o Gaeco e afirma que eles têm independência para trabalhar.

Na nota de Marcos Alex, ele admite que houve problemas de comunicação em relação à operação e que por isso aconteceram divergências com a chefia do MPE. Esses problemas, conforme o texto, já estão sanados. Uma das situações é que no dia em que parte do relatório da Coffee Break foi divulgada à imprensa, o procurador-chefe participava de um evento com representantes de outros estados e a informação teria chegado primeiro à imprensa e só depois a ele.

O promotor afirma, ainda, que tanto o Gaeco quanto a chefia do Ministério Público estão trabalhando imbuídos do espírito de dar respostas à população sobre as investigações de corrupção. Diz, ainda, confiar no trabalho daqui para frente.

“Resumo”

Sobre o conteúdo do relatório da operação, que aponta a existência de um complô para cassar Alcides Bernal, o procurador Paulo Passos afirma se tratar, por ora, de um “resumo” das investigações, alertando que a Procuradoria vai se ater às provas apresentadas para decidir se vai apresentar denúncia à Justiça contra os investigados, se pedirá novas apurações ou até e vai arquivar o procedimento. O tempo máximo previsto para a análise é a metade do tempo gasto para as investigações da Coffee Break, que duraram quatro meses.

Paulo Passos alertou que se trata de um assunto complexo e que só de relatório são mais de 240 páginas a avaliar. “É apenas uma parte do trabalho”.

Ao comentar a divulgação do relatório, o procurador foi indagado sobre o vazamento de informações do conteúdo, que gerou polêmica à época. Sem afirmar categoricamente, ele atribui a advogados, ao dizer que, quando o documento foi entregue, não havia sigilo e alguns defensores conseguiram cópias. Como não havia o sigilo, segundo Passos não houve irregularidade.

Sobre as mudanças no Gaeco, o procurador anunciou que, além da saída de Marcos Alex da coordenação, ao fim do trabalho da Coffe Break, mais dois profissionaios, integrantes da força-tarefa responsável pela operação Lama Asfáltica, passam a fazer parte do grupo: Tiago Di Giulio Freire e Thalys Franklyn. Eles atuam diretamente no gabinete do procurador-geral de Justiça, Humberto de Matos Brittes.

Sobre Marcos Alex, Paulo Passos disse que a vontade de deixar a coordenação do Gaeco já havia sido apresentada em 2014, mas ele foi mantido. Agora, afirmou, pediu para sair novamente por entender já ter cumprido sua missão. Existe o rumor de que o promotor vá integrar o governo do Estado, mas ninguém confirma.

O chefe adjunto do MPE afirmou, ainda, que ele foi o responsável por indicar Marcos Alex para o Gaeco, em 2010. Em 2012, o promotor foi alçado à condição de coordenador do Grupo e agora deixa a função, em meio a uma investigação polêmica. Além de novos integrantes, a chefia do MPE também decidiu que quem assumir a função de coordenação não tocará mais nas investigações e vai apenas fazer o trabalho de gerenciar os colegas. É uma mudança substancial pois durante toda as operações recentes do Gaeco, o promotor Marco Alex Vera sempre foi um dos personagens principais.

De acordo com as informações divulgadas hoje, cinco procuradores, incluindo Paulo Cezar, estão avaliando o relatório feito por Marcos Alex sobre a operação Coffee Break.