Nomeado na presidência da Câmara teve contratos com Prefeitura
Milton Taira assinou dois contratos para a conservação de cemitérios no município
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Milton Taira assinou dois contratos para a conservação de cemitérios no município
Pelo menos dois contratos que somam mais de R$ 1 milhão ( R$ 1.051.800,00) foram firmados entre a Prefeitura de Campo Grande e a empresa Taira Prestadora de Serviços nos últimos dois anos, de propriedade de Milton Akio Taira, funcionário da presidência da Câmara Municipal de fevereiro de 2013 até o último dia 22 de abril.
Mesmo com a lotação na presidência, o presidente da Câmara de Campo Grande, vereador Mario Cesar (PMDB), afirmou ao Jornal Midiamax que não conhece o agora ex-servidor da Casa. “A lotação dele é pedida pela presidência, mas ele não está na presidência. Todos os pedidos são assinados por mim, que sou o ordenador de despesas”, garante.
Apesar de possuir varias empresas, como uma revendedora e locadora de veículos, e ainda a responsável pelo serviço de manutenção nos cemitérios de Campo Grande, Taira era nomeado na Câmara com um salário base de R$ 1.612,87 e gratificações de até 200%, que elevam a remuneração para no máximo R$ 4.838,61.
Taira assinou em agosto de 2014 um contrato com a Prefeitura de R$ 470.400,00 divididos em seis parcelas de R$ 78.400,00, ou seja, apenas uma de suas empresas recebia do município um valor 16 vezes superior ao seu salário como servidor da Câmara.
No vencimento deste contrato, o assistente parlamentar voltou a firmar parceria com o município, dessa vez o valor era de R$ 581.400,00, divididos em três parcelas de R$ 193.800,00, assinado em 23 de fevereiro deste ano, com validade de 90 dias.
Este último contrato vigorou até a exoneração de Milton Taira da Câmara, publicada no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) do dia 30 de abril, com data retroativa a 22 de abril, um dia antes do vencimento do contrato de sua empresa com a Prefeitura.
Mario Cesar admitiu que um servidor da Casa não poderia firmar contrato com a Prefeitura e relegou a nomeação de Taira a outro parlamentar. “Deve um ofício de algum vereador pedindo a nomeação dele. Eu não sei quem é. Eu afirmo categoricamente que ele não trabalha para mim”, finalizou.
O empresário foi procurado pela equipe de reportagem. Questionado se ainda era funcionário da presidência da Câmara, Milton negou. “Estava lotado, não estou mais. Estava até o mês retrasado”, comentou.
Taira também foi questionado sobre a legalidade de firmar contrato com a Prefeitura sendo servidor público, o que é vedado pelo artigo 117 da Lei 8112/90. “Eu acho que não era correto”, disse ele, que desligou o telefone alegando estar no trânsito e prometendo retornar a ligação, o que não aconteceu até o fechamento da matéria.
Nas ocasiões em que assinou o contrato com o município, as contratações foram ‘em caráter emergencial’ (com dispensa de licitação) para prestação de serviços que incluíam a administração, manutenção, conservação, limpeza e sepultamento dos Cemitérios Públicos Municipais.
Apesar dos valores liberados pela Prefeitura para a empresa de Milton Taira, recentemente leitores do Jornal Midiamax reclamaram do estado de conservação de alguns cemitérios da cidade. No Bairro Santo Amaro, tumbas abertas com ossos expostos são cenas comuns para os visitantes.
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