Solicitação foi feita na tarde de quinta-feira

O MPE (Ministério Público Estadual) pediu afastamento temporário de 120 dias dos vereadores João Rocha (PSDB), Chiquinho Telles (PSD), Airton Saraiva (DEM), Carlos Borges (PSB), Vanderlei Cabeludo, Carla Sthepanini, Paulo Siuifi, todos do PMDB, além do presidente em exercício na Câmara Municipal, Flávio César (PTdoB) devido acontecimentos na Operação Coffee Break feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

Entre outras coisas, o pedido tem como base o episódio envolvendo a vereadora Luíza Ribeiro (PPS) que esteve no Gaeco no início do mês para denunciar suposto esquema de pagamento de propina aos legisladores desde o mandato de André Puccinelli (PMDB) na Prefeitura de Campo Grande.

Nas argumentações “os vereadores ora requeridos figuram entre os investigados e os elementos da prova colhidos até o momento indicam que eles e outros de seus pares somente votaram pela cassação do mandato de Alcides Bernal em troca de vantagens, ou seja, que o ato fora inquinado de vício de vontade”.

As informações foram gravadas e acabaram caindo na internet, fato que tornou pública as denúncias e provocou ira dos vereadores. Carlão, então, protocolou representação contra a colega de parlamento alegando constrangimento. A Comissão de Ética da Casa de Leis vai analisar a questão o pode acarretar punição à Luíza.

Para os promotores Thalys Franklyn de Souza, Tiago Di Giulio Freire, ela está sendo coagida e, por isso, é necessário o afastamento possíveis coatores. Nos autos o MPE conta como chegou à provável compra de cassação de Bernal, por meio dos depoimentos e indícios colhidos na Operação Lama Asfáltica, feita para apurar desvio de verba através de contratos fraudados para obras em estradas do Estado. “A Lama Asfáltica evidenciou união de esforços entre empresários, agentes públicos e terceiros, com o intuito de cassar o mandato de Alcides Bernal”.

Ainda conforme o MPE, áudios captados de Marly Deborah, Anny Cristina da Silva e Jefferson Vitorino, demostram pagamento de R$ 20 milhões aos vereadores que votaram pela cassação, sendo R$ 1 milhão para cada. Outros depoimentos dão conta de que Gilmar Olarte (PP), à época vice-prefeito, mandou Fábio Portela como emissário para fazer as ofertas aos legisladores.

Ayrton Araújo (PT), em depoimento, confirmou que também foi abordado. Bernal, por sua vez, informou aos promotores que Chocolate (PP) lhe contou ter recebido R$ 100 mil do presidente afastado da Câmara Municipal, Mario Cesar (PMDB), também para a saída do radialista do comando da cidade.

Vários depoentes, entre eles Araújo, Juliana Zorzo e o próprio ex-governador do Estado, André Puccinelli (PMDB), confirmaram reuniões desde agosto de 2013 até março de 2014 entre Olarte e os 23 vereadores que votaram para cassar Bernal. A última, um dia antes do julgamento, no dia 12 de março, foi feita na casa de Carla Sthepanini com a presença de Puccinelli.

Estavam presentes também Alceu Bueno (sem partido), Gilmar da Cruz (PRB), Carlão, Mario Cesar, Airton Saraiva (PMDB), Edson Shimabukuro (PTB), Jamal Salem (PR), Coringa (PSD), Elizeu Dionízio (PSDB), Juliana Zorzo, Rose Modesto (PSDB), Grazielle Machado (PR), Chocolate e Paulo Siufi (PMDB). Conforme os autos, o empresário, João Amorim, proprietário da Proteco, cedeu sua casa para as reuniões.

Nos áudios ficou evidente a oferta do comando da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) à bancada do PTdoB, na ocasião composta por Otávio Trad, Eduardo Romero e Flávio César. Para sustentar o pedido, o MPE alega que nas 24 horas seguintes da posse de Olarte várias secretarias foram ocupadas, muitas com nomes indicados pelos denunciados. Para se ter ideia, Jamal se tornou secretário de Saúde e Edil ficou com a Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Ciência e Tecnologia e Agronegócio).