Presidente e ex-colega se encontraram duas vezes
Apesar de ter negado à imprensa qualquer tipo de contato com o ex-vereador Alceu Bueno (ex-PSL) nos dias que antecederam a renúncia dele, nesta manhã de terça-feira (28), o presidente da Câmara de Campo Grande, vereador Mario Cesar (PMDB), teria se reunido reservadamente com o ex-parlamentar ao menos duas vezes, segundo relato de colegas da Câmara Municipal.
Alceu Bueno renunciou após ser indiciado por favorecimento à exploração sexual. Ele foi flagrado em vídeo em supostos programas sexuais com adolescentes de 15 anos de idade e o caso veio à tona depois que um esquema de extorsão passou a ser investigado pela Polícia Civil a pedido dele próprio.
Mesmo com a gravidade do flagrante, o ex-vereador contou com ‘compreensão’ dos colegas vereadores que chegaram a orientar Alceu para evitar mais exposição negativa na imprensa. Airton Saraiva (DEM) afirmou que ele, o presidente e o vereador Carlão, mais dois advogados estiveram reunidos imediatamente após o feriado para orientar o colega envolvido no escândalo, apesar de Mario Cesar sempre negar à equipe de reportagem que tivesse falado com o ex-vereador.
“Ele (Alceu Bueno) fez o desabafo dele, disse que não devia nada. É normal que ele tenha negado pela pressão que passou”, minimizou Saraiva. A orientação dos vereadores ao ex-colega foi pela renúncia, de acordo com Airton.
Da outra reunião, apenas com o presidente da Casa, Airton disse que não participou. Porém, Airton confirma que a conversa foi pela defesa ao colega envolvido no crime, para evitar a exposição do ex-vereador à imprensa. “A Mesa Diretora agiu sim. Só tomamos todas as providências sem precisar expor ainda mais o ex-colega para a imprensa. O Mario não deixou de falar com ele, fez outra reunião e insistiu que este era o melhor caminho”, admite o colega.
Apesar de os fatos se tornarem públicos há mais de uma semana, a Câmara Municipal de Campo Grande disse que só agiria após ter acesso aos documentos do inquérito conduzido na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).
Foi o tempo necessário para Alceu Bueno escapar da cassação com o pedido de renúncia que ele, missionário evangélico, negava até horas antes. Com a renúncia, na prática Alceu evita as implicações de ter o mandato perdido por cassação, como a possível perda de direitos políticos, e pode até se candidatar novamente no ano que vem.