Rodrigo Pimentel alegou que apenas exerceu papel de advogado do então vice-prefeito Gilmar Olarte

Denunciado no inquérito do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) pelo crime de ‘favorecimento pessoal’, delito com pena que pode chegar a dois anos de detenção, o atual secretário de governo e relações institucionais, Rodrigo Pimentel, negou as acusações. Ele é filho do desembargador Sideni Soncini Pimentel e, segundo o atual advogado do prefeito, foi contratado para defender Olarte da cobranças de agiotas.

“Fui contratado como advogado do então vice-prefeito (Gilmar Olarte, PP)”, admitiu Pimentel. Em entrevista coletiva gravada nesta terça-feira (10), o atual advogado de Olarte, Jail Azambuja, acrescentou que Pimentel teria sido contratado pelo prefeito para defendê-lo de possíveis cobranças dos agiotas nos empréstimos feitos por Ronan supostamente para o progressista.

“O prefeito contratou o Pimentel para verificar se havia fundamento para cobrarem essa dívida dele”, explicou Jail. A versão confirmaria que Olarte tinha conhecimento do uso de seu nome no esquema para levantar R$ 900 mil com empréstimo de cheques trocados junto a possíveis agiotas.

“Fui contratado para advogar e defender as demandas do atual prefeito da Capital,  e nesta seara pelos direitos constitucionais do advogado e ungido pelo sigilo profissional, exerci o direito legal da representação, e nunca o favorecimento pessoal”, afirma Rodrigo Pimentel.

Durante as investigações, o Gaeco concluiu que, as escutas telefônicas judicialmente autorizadas, ‘bem como declarações colhidas, são reveladoras da conduta do secretário de governo, que resultou em ‘favorecimento pessoal’’.

Pimentel, segundo o inquérito, auxiliou Gilmar Olarte a ‘negociar’ com familiares de Ronan Feitosa de Lima, comprando-lhes o silêncio sobre o papel que desempenhara na prática dos delitos de corrupção ativa, mediante promessas de nomeações de cargos na administração pública municipal.

“Em nenhum momento faltei com os ritos que preceituam a profissão de advogado a qual escolhi e tenho orgulho de integrar. Nada, em meu histórico de trabalho pode macular minha prestação de serviços em torno de causas diversas. O meu histórico sempre foi pautado pela lisura, ética e transparência”, rebateu.

‘Em nome de Olarte’

Azambuja afirmou que seu cliente chegou a ser procurado por um credor de Ronan, que lhe revelou que os empréstimos eram feitos em nome de Gilmar Olarte.

“Foi procurado e disse que não tinha nada a ver com isso (empréstimos de agiotas), que eram dívidas pessoais dele (Ronan)”, afirmou  o advogado. Na denúncia, alguns interrogados contaram aos agentes do Gaeco que as reuniões para intermediar os pagamentos teriam acontecido no escritório de Rodrigo Pimentel.

Confira na íntegra a nota expedida pelo secretário de governo do município:

NOTA À IMPRENSA

Em virtude de notícias veiculadas na imprensa envolvendo meu nome em investigação do Gaeco, tenho a informar que durante todo o período que antecedeu minha nomeação como secretário de Governo da Prefeitura Municipal de Campo Grande, exerci e exerço ainda a minha profissão de advogado, registrado na OAB (número 16.250 OAB/MS).

Neste período, em nenhum momento faltei com os ritos que preceituam a profissão de advogado a qual escolhi e tenho orgulho de integrar. Nada, em meu histórico de trabalho pode macular minha prestação de serviços em torno de causas diversas. O meu histórico sempre foi pautado pela lisura, ética e transparência. São ritos primordiais para um profissional que tem no sangue o valor da palavra e de atitudes. 

Mais além, quero reiterar que em respeito ao meu nome e minha família tenho e terei sempre a noção do dever cumprido em todas as estâncias porque passei, estou passando e passarei. Há nesse meio tempo um processo investigatório que não se discute legalidade, mas estou tranquilo quanto à idoneidade de meus atos, e esta prova virá à tona tão logo seja revelado o seu resultado, pois tenho confiança na Justiça.

Por isso mesmo, em respeito à sociedade também tenho os seguintes pontos a esclarecer: Fui contratado para advogar e defender as demandas do atual prefeito da Capital,  e nesta seara pelos direitos constitucionais do advogado e ungido pelo sigilo profissional, exerci o direito legal da representação, e nunca o favorecimento pessoal.

Estou totalmente tranquilo e seguro quanto aos atos praticados dentro do exercício da minha profissão.

Por fim, em nenhum momento atuei pessoalmente em qualquer ato irregular ou em favorecimento a quem quer que seja, como faz crer matéria veiculada na imprensa. Pelo contrário, trabalhei dentro da legalidade como sempre o fiz, garantidos pelo sigilo profissional, que é um Direito Constitucional. 

Rodrigo Pimentel
Advogado OAB/MS 16.250
Campo Grande, 10 de fevereiro de 2015