Parlamentares também falam em cautela sobre investigações do caso

Deputados estaduais lamentaram, nesta terça-feira (28), o escândalo sexual em Campo Grande que resultou na renúncia do vereador (sem partido, ex-PSL). Na visão de parlamentares, o caso reflete diretamente na imagem de toda a classe política.

“É lamentável, ruim para a classe política, ruim de um modo geral”, resume Pedro Kemp (PT). “Prejudica a imagem de qualquer um, entristece a cidade”, emendou Marquinhos Trad (PMDB).

Na visão de Renato Câmara (PMDB), “qualquer fato de corrupção ou pedofilia (efetivamente, o caso em questão não envolve crianças, até o momento, mas o termo foi usado pelo parlamentar) dentro de qualquer classe acaba criando uma situação de constrangimento”.

Professor Rinaldo (PSDB) disse que se trata de um “fato muito triste”. Segundo ele, há desgaste para qualquer classe em um caso como este.

“Quem perde com isso é a classe política, a população quer que o político tenha uma moral limpa. É triste e vergonhoso”, analisou Cabo Almi (PT). Ele e os demais ouvidos pela equipe de reportagem durante a sessão desta terça na Assembleia Legislativa ponderam, também, que é preciso ter cautela sobre outros eventualmente envolvidos, sendo necessário aguardar a investigação e a defesa de Alceu Bueno.

“A Câmara não pode responder por atos de algumas pessoas, mas que sirva de exemplo, que não se repita mais”, continuou Almi, quando questionado se o escândalo mancha a imagem do Legislativo da Capital. O momento pede cautela, comentou Marquinhos, dizendo que precisa ser esclarecido o envolvimento de outros políticos.

O anúncio da renúncia de Alceu Bueno foi feito logo após o início da sessão plenária desta terça na Câmara Municipal. Ele é indiciado em inquérito que apura exploração sexual de adolescentes – o delegado do caso, Paulo Sérgio Lauretto, disse ser possível reconhecer o agora ex-parlamentar em vídeos de encontros sexuais gravados por duas jovens.

Alceu Bueno seria vítima de um esquema de exploração sexual, chantagem e extorsão que resultou, até o momento, na prisão de Fabiano Viana Otero, do empresário Luciano Pageu e do ex-vereador Robson Martins. Eles seriam os responsáveis por intermediar encontros sexuais entre adolescentes e figuras públicas, programas que eram registrados em vídeo e cujo material, depois, servia para chantagem e extorsão.

Pelo menos por enquanto, somente Alceu Bueno e o ex-deputado estadual Sérgio Assis (ex-PSB) foram indiciados por favorecimento à exploração sexual. Fabiano, no entanto, tenta emplacar delação premiada na Justiça, na qual entregaria ao menos outros dez, sendo a maioria do meio político, envolvidos no caso.