Bernal diz acreditar em desdobramentos da operação

O ex-prefeito de , Alcides Bernal (PP) diz acreditar que a Operação Lama Asfáltica, realizada na última quinta-feira (9) deve ter desdobramentos e chegar à Prefeitura de Campo Grande. A análise é baseada nos diversos contratos do empresário João Amorin com a Prefeitura, que já existiam quando Bernal tirou a administração municipal das mãos do PMDB.

“Primeiro, acho que a Polícia Federal é uma instituição extremamente séria e responsável, assim como outras do nosso País e temos que confiar que todas as iniciativas são embasadas, no mínimo, em indícios concretos. Tenho esperança que as diligências tenham uma conclusão correta e justa. Esta é nossa esperança, inclusive. Agora, é muito fácil descobrir o que há por trás de tudo isso. É só a polícia querer, ir até a Prefeitura, ver os contratos que lá estão e os que foram assinados após minha saída. É muito óbvia a situação”, analisou.

Bernal ressalta o poder do empresário João Amorin, um dos investigados na operação,  em Campo Grande. Ele o classifica como extremamente influente e importante, visto que detinha, pelo menos até ele assumir, em 2013, destaque entre os contratos com a Prefeitura que são mais difíceis de terem o cumprimento mensurado.

“Na área de revestimento primário, manutenção de vias sem asfalto e tinha, inclusive, alguns contratos que estavam vencidos, outros que foram licitados e que precisavam assinar os contratos. Como assumi compromissos com a população para fazer um governo diferente, determinei ao secretário, Semy Ferraz, que levantasse todos os contratos, seja de quem fosse, para ver quais eram necessários, quais realmente eram executados e quais não eram necessários. Descobriu-se que o maior detentor de contratos era, quando não da empresa dele, alguma que tinha algum vínculo com ele”, ressaltou.

O ex-prefeito diz entender que não há como dissociar a saída dele da Prefeitura com esta apuração mais detalhada que tentou iniciar sobre quais os serviços prestados, principalmente, por estas empreiteiras em Campo Grande.

“É muito óbvia a situação. Lembra da CPI, que o Siufi ( vereador Paulo Siufi-PMDB) apresentou, e até chamou de Inadimplência e depois do Calote? Era justamente porque tinha uma empresa prestadora de serviço incomodado porque exigimos fiscalização no serviço, aferição real do cobrado e pago somente o que foi executado. Daí em diante, foi um elo atrás do outro. Este senhor é muito poderoso em Campo Grande. Demonstra o seu poder não só financeiro, como de influência. Nós sofríamos muita pressão política, que foi terrível e chegou ao ponto que o mandato de Prefeito não suportou a pressão da politicagem e acabou ilicitamente cassado por vereadores do grupo deste empresário. Fui ceifado do cargo para o qual Campo Grande me elegeu com um julgamento imoral e criminoso, conduzido justamente pelo grupo do partido que ele sempre serviu ou coordenou e foi doador de campanha”, analisou.

Bernal recorda que em 2013 assumiu a Prefeitura com uma epidemia de dengue, segundo ele, decorrente justamente desta falta de manutenção, que era de responsabilidade destas empresas. “Ele é muito forte financeiramente porque possuía os maiores contratos junto à prefeitura e sofri, com certeza, pressões políticas muito fortes para atender os interesses destas empresas”, lembrou.

Bernal defende investigação detalhada de todos os contratos e confia que a operação terá vários desdobramentos. “Acho que em breve a Polícia Federal, se é que não fez,  pedirá relação de todos os contratos… tudo teve relação. O primeiro passo após a cassação do mandato foi defender empresas ligadas a este senhor”, concluiu.

Operação Lama Asfáltica

A Polícia Federal, Receita Federal e CGU (Controladoria-Geral da União) realizaram a operação na última quinta, quando cumpriram 19 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, visando obter detalhes de contratos com um dos maiores empreiteiros do Estado, João Alberto Krampe Amorim dos Santos.

Policiais ficaram trancados por quase cinco horas com na residência dele, na Vila Vendas, mas também foram a uma das empresas dele, a  Proteco Engenharia, residência do ex-deputado Edson Giroto (PR) e na secretaria de Obras do Estado, que também tinha possuía contratos com Amorin. Quatro servidores foram afastados do Estado.