Índios, governo, MPF, MPE e Funai vão se reunir em 8 de janeiro para iniciar tratativas

Uma das promessas do agora governador Reinaldo Azambuja (PSDB), enquanto candidato ao governo estadual, era acabar com o conflito e transformar o Estado em “árbitro” da briga entre fazendeiros e índios, existente há décadas em Mato Grosso do Sul. Para dart início a essa discussão, uma reunião foi marcada para a próxima quinta-feira (8).

O encontro reunirá lideranças indígenas das sete etnias existentes em MS, Azambuja, membros do MPF (Ministério Público Federal) – instituição responsável constitucionalmente pela defesa dos interesses das comunidades indígenas –, MPE (Ministério Público Estadual) e Funai (Fundação Nacional do Índio).

Para iniciar as tratativas, o secretário da Casa Civil, Sérgio de Paula, se reuniu com alguns indígenas na última sexta-feira (2). O objetivo, segundo ele, foi ouvir as principais demandas dos índios. “O pensamento deles, acredito que seja semelhante ao nosso [governo], que é produzir nas áreas”, resumiu.

Mais detalhes, como áreas reivindicadas por indígenas e reparação por titulação errônea de terras, só serão discutidos na reunião do dia 8, quando participarão representações de cada etnia, com lideranças de cada terra indígena de Mato Grosso do Sul. “O principal pedido é que o Estado faça a ponte com os municípios e a União, para achar uma solução da situação de conflito que há aqui”, diz o terena Lindomar Ferreira.

Da parte do governo, de Paula afirma que será aplicada “assistência técnica de verdade” para os indígenas, assim como prometido na campanha tucana ao governo estadual. “É o que vamos fazer: dar saúde e educação, por exemplo. Isso tem que ter de uma forma melhor”, avalia.

Segundo Lindomar, uma das reivindicações dos índios é por mais condições para produzir, principalmente no caso da etnia terena, que tem tradição na agricultura. No entanto, as outras seis etnias têm hábitos, tradições, culturas e demandas diferentes, que precisam ser levadas em consideração, aponta o terena. “Por isso é importante a representação de cada uma das etnias, até para a questão toda caminhar bem”, completa.

Um dos casos mais recentes de conflito direto envolvendo fazendeiros e indígenas aconteceu em 2013, quando houve a reintegração de posse da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, município distante 70 quilômetros de . Durante a ação policial, o terena Oziel Gabriel foi morto.

Na ocasião, o MPF disse que faltava “vontade política para solucionar a questão indígena”. Ainda durante a campanha eleitoral, Azambuja também criticou a postura da União e do governo estadual.

Agora, segundo expectativa da liderança indígena, é aguardar as primeiras tratativas com o governo e a reunião que acontecerá no próximo dia 8. “Acredito que, se houver esse comprometimento por parte do chefe do Estado, ambas as partes ganharão”, diz Lindomar.