Colegas condenam declarações feitas ao MPE
Boa parte dos discursos de vereadores, na sessão desta terça-feira (20), foi destinada a criticar a colega Luiza Ribeiro (PPS), após ter sido vazado depoimento ao MPE (Ministério Público Estadual), na qual ela fala sobre “sistema endêmico de corrupção” na política local. A vereadora, por sua vez, não compareceu ao plenário.
Algumas das declarações de parlamentares já haviam sido feitas em entrevistas após a revelação do conteúdo. “Esse jogo todo é para voltar a ter a ‘boquinha’ de novo. A população precisa entender estes outros interesses”, disse Airton Saraiva (DEM), dizendo que Luiza “virou a maior oposição da história” quando “perdeu a ‘boquinha’” na administração municipal, enquanto “o primeiro ato do Bernal (Alcides, prefeito) na volta foi nomear o Aldo (Donizete, aliado político da vereadora, diretor-presidente da Fundação Municipal de Trabalho)”.
Segundo Saraiva, a vereadora “não pode querer dar uma de boa samaritana, a verdade tem que ser dita com responsabilidade e não para ‘se aparecer’”. As declarações do demista foram seguidas de mais críticas por parte de colegas.
Até Alex (PT), “colega e amigo de luta”, como o próprio se identifica, não poupou a vereadora. “Sou solidário à casa, o comentário dela foi infeliz. Não é na base do achismo que vai fazer as coisas. Se tem uma denúncia, que apresente. Nunca vi na Câmara esquema de mensalinho”, afirmou o petista, aconselhando, ao final, que Luiza se retrate publicamente.
Retratação é pouco para Vanderlei Cabeludo (PMDB). Ele quer que o partido acione a vereadora judicialmente. “Ela é advogada, sabe o que está falando, não tem que se retratar, tem que ser acionada na Justiça. Se ela foi mandada lá, tem que aparecer quem foi que mandou e provar o que ela falou”.
“Pode ser que ela estava sob efeito de algum medicamento, que pode ter alterado seu raciocínio”, sugeriu o médico Paulo Siufi (PMDB). Outro doutor, Jamal (PR), reforçou a opinião de que, se a vereadora já sabia do tal esquema de corrupção, deveria tê-lo denunciado “lá atrás”.
Saraiva reafirmou que a situação exige, “no mínimo”, atuação da Comissão de Ética da casa para apurar eventual quebra de decoro parlamentar.