Com mesmos nomes em novos grupos, 5 chapas devem disputar na OAB-MS

Grupos políticos da instituição estão de cara nova

A cerca de um mês das eleições para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que ocorrem no próximo dia 20 de novembro, Mato Grosso do Sul se prepara para o maior certame das últimas décadas, marcado sobretudo por uma espécie de dança das cadeiras entre as congregações que compõem a seccional do Estado: em vez da costumeira cristalização dos antigos grupos, o que se observa é justamente o remanejamento de membros.

O que motiva a nova cara das lideranças, no entanto, são os rachas políticos ocorridos entre 2013 e 2014, gerados a partir do envolvimento do atual presidente da Ordem, Julio César Sousa Rodrigues, em tratativas contratuais com o prefeito Alcides Bernal (na época, afastado) – o que motivou uma renúncia, em massa, de cerca de 100 membros que pertenciam à chapa vencedora em 2012. Assim, o Conselho Nacional da OAB decidiu convocar ‘eleições complementares’, nas quais diversos advogados de coletivos derrotados em 2012 se candidataram aos postos desocupados, causando racha também na oposição.

Novos grupos, mesmos nomes

Liderados pelo atual vice-presidente da Ordem, Mansur Elias Karmouche, o grupo ‘Ordem em Progresso’ já foi registrado como chapa na última sexta-feira (16) e traz Gervásio Alves como vice (que é ligado ao advogado Alexandre Bastos, cabeça de uma das chapas que concorreu em 2012). Eles apresentam propostas voltadas aos novos advogados e até fecharam apoio com o representante estadual da ANA (Associação de Novos Advogados), Vinícios Monteiro Paiva. “Fizemos um projeto novo, com uma proposta de mudança, junto à juventude, os novos advogados. Para tanto, desde março, percorremos o Estado com o objetivo de ouvi-los e fazer um raio X, um diagnóstico das necessidades da categoria”, afirma o candidato.

O advogado foi integrante da chapa de Marco Tulio Murano Garcia – então apoiado por ex-presidentes da Ordem como Vladimir Rossi, Fabio Trad e Geraldo Escobar. No entanto, Karmouche entrou na vice-presidência da Ordem, quando as novas eleições, complementares, foram convocadas.

O fato não foi bem visto por algumas congregações que também manifestaram apoio ao grupo de Mansour em 2012, a exemplo dos liderados pelo advogado Luiz Renato Adler, do ‘Nossa Ordem’, e pela advogada Mônica Barros Reis, do grupo de advogadas ‘Fratérnitas que se uniram’. Eles formalizam amanhã a candidatura de oposição, com Adler no posto de presidente e Mônica Barros como vice. Juntos, eles trazem a proposta inovadora no Estado, como a paridade de gênero entre os integrantes.

“Nossa proposta é priorizar os advogados do interior, estimular a participação de mulheres advogadas e fazer da Ordem exemplo político sendo, portanto, contra reeleição do presidente e atos como boca de urna”, explica o ainda pré-candidato. Mônica também destaca que a participação das mulheres não se dará apenas nos 30%, conforme resolução da OAB Nacional, e em cargos de suplência. “Teremos uma participação efetiva das mulheres advogadas, compondo 50% dos cargos no nosso grupo”, diz Barros. Os advogados Oton Nasser de Mello, Luiz Henrique Volpe Camargo e Andreia Flores também aderiram ao grupo.

Oposição que vem da situação

Fazendo coro à oposição, está o advogado Jully Heyder, que registrou na tarde desta segunda-feira (20) a chapa ‘Novos Rumos, Novas Conquistas’, com Rachel Magrini como vice. O advogado integra o coletivo de cerca de 100 advogados que renunciaram aos postos da chapa vencedora em 2012, por divergência ideológico-política. “Nossa principal bandeira é o fortalecimento institucional da Ordem, porque entendemos que há uma crise de credibilidade estabelecida, de forma que é necessário que ela seja resgatada. Sem credibilidade, a Ordem perde sua principal função, que é defender o advogado”, afirma.

O grupo se dispõe a retomar a função institucional da OAB-MS e recuperar a credibilidade da mesma. “A Ordem tem que voltar a debater o combate à corrupção, que é uma pauta esquecida pela atual gestão. Temos que voltar a discutir o funcionamento correto da Justiça, como as corretas aplicações de recursos, outro debate deixado de lado. O fato é que, hoje, a atual gestão não tem a mínima disposição de debater esses assuntos. Mas nós temos”, afirma o candidato.

O advogado de Dourados e conselheiro nacional da OAB pelo Estado, Afeife Hajj, foi o primeiro candidato a presidente a registrar chapa, a ‘OAB Independente’, no último dia 13, e traz como vice a advogada Leny Ourives, que foi integrante do grupo de Marco Túlio em 2012 e ex-tesoureira da OAB-MS na gestão de Fábio Trad. Afeife foi eleito conselheiro pela chapa de Julio César em 2012, e não renunciou quando o imbróglio envolvendo o atual presidente aconteceu. “Meu compromisso é com o advogado, então não vi razão para isso. No entanto, eu defendo a independência da categoria”, afirma. Ele é o primeiro advogado do interior a se candidatar ao cargo, quebrando a hegemonia dos candidatos de Campo Grande.

“Tenho um diferencial, sou a verdadeira oposição, porque meu compromisso é com o advogado e não com os grupos políticos que se formaram. E nossa proposta é uma OAB independente dos partidos, dos poderes, com respeito às nossas prerrogativas e à sociedade”, destaca.

Reeleição

O atual presidente da OAB-MS, Julio César Sousa Rodrigues, possivelmente se candidatará novamente à presidência do órgão, com o advogado Lázaro Gomes no posto de vice, conforme anunciou nesta segunda-feira, em sua página no Facebbok. O fato é inédito em Mato Grosso do Sul, onde não há a tradição da reeleição. Julio César falou com nossa equipe, mas pediu para retornarmos a ligação no fim da tarde. No entanto, até a publicação desta matéria, não conseguimos restabelecer o contato.