Oitiva abre temporada de explicações do ex-governador

O ex-governador André Puccinelli (PMDB) adiou, mas nesta sexta-feira (11) não deve escapar de ser interrogado no Gaeco, por conta da Operação Coffee Break. A oitiva com o ex-governador está programada para as 9 horas.

O depoimento de Puccinelli acontece após vários anos livre de investigações mais aprofundadas. No cargo de governador, ele usou do foro privilegiado e da submissão de deputados para escapar de várias investigações da Justiça, que agora podem vir à tona. Um dos processos de Puccinelli ficou parado no STJ porque a Assembleia Legislativa demorou a autorizar ou negar a relatora a levá-lo adiante. Desta maneira, ele permaneceu parado até o final do mandato.

Puccinelli responde pela Ação Penal 573, onde é acusado de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro; Ação Penal 664, que apura suposta ilegalidade na permuta da área do Papa para a Financial e pela Ação Penal 665, que investiga cessão da Águas de Campo Grande para o Consórcio Guariroba.

No último ano da gestão, em 2014, a Assembleia voltou a blindar Puccinelli. Desta vez em um processo movido por Alcides Bernal (PP). O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Herman Benjamin, mandou ofício à Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul pedindo licença para processá-lo por crime contra honra.

O ex-prefeito abriu processo contra Puccinelli depois que o então governador, no dia 28 de março, em Dourados, disse que Bernal tinha sido cassado porque era ladrão. “Erraram em Campo Grande. A Câmara destituiu. Vão aparecer roubalheiras e mais roubalheiras lá. Não foi tirado por golpe político, não, por ser ladrão. E tem provas”, diz o trecho do vídeo. A Assembleia enrolou e Puccinelli não foi afastado.

Ontem a vice-governadora Rose Modesto (PSDB) levou o Gaeco à Sejusp e prestou depoimento no processo que investiga possível compra de votos para cassar Alcides Bernal. Porém, Puccinelli não terá o mesmo privilégio. Sem foro privilegiado, ele terá que entrar pela porta comum no Gaeco e não fugirá do interrogatório. O depoimento aconteceria na semana passada, mas ele conseguiu prorrogar, alegando compromissos já agendados.

Em um das entrevistas, o promotor Marcos Alex Vera disse que Puccinelli será recebido como testemunha. Segundo promotor, um dos interrogados citou uma reunião de Puccinelli com outros vereadores antes da cassação de Bernal. Na ocasião ele teria feito uma promessa a vereadores caso cassassem o prefeito.

Puccinelli deve voltar a ser ouvido na Operação Lama Asfáltica, onde é investigado. O governo dele é acusado de montar um esquema para favorecimento em licitações e desvio de verbas. A Operação é comandada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Controladoria-Geral da União.