“Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?”, já questionava o filósofo chinês Confúcio, por volta do ano 500 antes de Cristo. A pergunta, ao longo da história, remontou a inúmeros entendimentos sobre a fase que já foi sinônimo de pijama, jogos de bingo e de vida sem produtividade ou alegria. Não mais. Esses preconceitos vêm sendo desmistificados proporcionalmente ao aumento da expectativa de vida saudável entre os brasileiros, que trabalham, muitas vezes sustentam o lar e se dedicam a atividades de lazer ou voltam aos bancos das escolas e universidades.
Em Mato Grosso do Sul, os idosos contarão, a partir de 2014, com a possibilidade de frequentar aulas regulares na Faculdade Aberta da Maturidade de MS (FAMA).
A aula inaugural, que marcou o início dos trabalhos, foi realizada na tarde desta terça-feira (13), na Assembleia Legislativa, por proposição do deputado estadual Junior Mochi (PMDB), que também coordena a Frente Parlamentar dos Direitos da Pessoa Idosa na Casa de Leis. “É fundamental trabalharmos para melhorar a qualidade de vida dos nossos idosos, lembrando que podemos e devemos contribuir para uma nova concepção da velhice, sem preconceitos”, afirmou o parlamentar.
Mochi deu as boas-vindas aos participantes, reiterando que a Assembleia Legislativa é a “casa do povo e da cidadania”. Para ele, com o aumento crescente da expectativa de vida, o desafio é o envelhecimento sadio da população. Hoje, os idosos totalizam 10,6% dos habitantes do Estado, o que corresponde a 240 mil pessoas.
O deputado também ressaltou que a Frente Parlamentar apoiará ações com o objetivo de garantir os direitos dos idosos, reunidos no Estatuto do Idoso. “Não se trata somente de fazermos leis, mas de buscarmos mecanismos de aplicação prática dos direitos já assegurados”, disse.
A professora doutora Neila Barbosa Osório, coordenadora da Universidade da Maturidade (UMA) da Universidade Federal de Tocantins (UFT), falou sobre Os Desafios Contemporâneos da Maturidade. “A cada segundo, duas pessoas celebram o 60º aniversário no planeta e temos que pensar na vida delas com qualidade”, disse.
“Não só de dança e de bingo vive o idoso e o governo, a família e as instituições devem estar atentos à essa realidade”, analisou. Segundo ela, as universidades podem e devem contribuir em ações que garantam o envelhecimento ativo e com qualidade dos brasileiros. “É nesse sentido que esta iniciativa em Mato Grosso do Sul é maravilhosa e com certeza seremos parceiros”, disse. Neila é campo-grandense, mas reside em Palmas (TO) desde 2004.
Cursou Serviço Social na antiga Faculdade Católica de Mato Grosso, atual Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Em 2002, concluiu doutorado em Ciências do Movimento Humano na Universidade Federal de Santa Maria (RS).
Comunidade – Durante a solenidade, Zélia Pereira, de 82 anos, foi homenageada pelo presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos-MS (Sindnapi-MS), Jânio Macedo, pelos relevantes serviços prestados à comunidade do bairro Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande.
“Dona Zélia é um exemplo incrível para todos nós; de uma vida dedicada ao próximo, sempre trabalhando em ações sociais e ajudando a quem precisa”, disse. Dona Zélia agradeceu e disse que faz o que está ao seu alcance, a cada dia. A secretária de Estado de Trabalho, Assistência Social, Tânia Mara Garib, lembrou que toda a população deve ser preparada e conscientizada para a velhice. Na FAMA, com início das aulas previsto para março de 2014, os alunos devem ter, no mínimo, 45 anos.
Para doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo e diretora da FAMA, Maria Ângela Mirault, a faculdade será oportunidade de celebração da vida. “Dizemos que a FAMA é para pessoas entre 25 anos e a eternidade”, brincou. A faculdade é privada, mas firmará parcerias. “Vamos compartilhar conhecimento, vivências, fugindo ao máximo dos estereótipos do idoso que faz crochê e hidroginástica; vamos mostrar que é possível ir além”, disse.
Os cursos livres serão ministrados em módulos itinerantes, com aulas enfatizando: o olhar para si, o olhar para o outro, o olhar para o mundo, e o olhar para a vida que segue. Os participantes poderão optar por aulas diversas, de sociologia, antropologia, psicologia, finanças, empreendedorismo, qualidade de vida, entre outras. Haverá ainda atividades como saraus, clube de leitura e oficinas. “O mundo do além que nos aguarde porque ainda temos muito o que viver”, disse Maria Ângela.