O prefeito se recusa a responder perguntas sobre a Salute, aberta recentemente e com contrato milionário e denúncias de compra de gás sem licitação, com preço superior ao oferecido por outras empresas. Ele diz que somente a assessoria de comunicação enviará respostas por e-mail aos jornais.

O prefeito de Campo Grande, (PP), preferiu adotar o silêncio diante de várias denúncias feitas contra a gestão dele. Diferente de outros administradores que procuram se defender e até chegam a convocar coletiva de imprensa, o prefeito prefere dizer que é injustiçado e não dará entrevista para servir de “campo para sensacionalismo”.

“Nossa, excelente pergunta. Vamos produzir um texto sobre isso”, dizia o prefeito a cada questionamento feito pela imprensa na manhã desta sexta-feira (19). A estratégia garantiria ao prefeito respostas boladas pela assessoria e sem direito a questionamentos, cabendo a imprensa aceitar o que ele determinar.

O prefeito se recusa a responder sobre aumento dado à servidora parente de conselheiro do Tribunal de Contas, sobre a Salute, aberta recentemente e com contrato milionário, denúncias de compra de gás sem licitação e com preço superior ao oferecido por outras empresas e até recomendação do Ministério Público Estadual (MPE) para que o procurador-geral do Município seja afastado, visto que, segundo o MPE, exerce a função de maneira irregular.

O silêncio do prefeito revela preocupação diante de tantas acusações. Porém, a falta de resposta não é novidade na administração, famosa por não respeitar nem os pedidos das CPI's. Bernal precisou receber um ultimato dos vereadores para responder a vários requerimentos sem resposta feitos desde o começo do mês.

Para conseguir resposta, os vereadores ameaçaram abrir uma comissão processante, onde ele seria investigado por improbidade. Com receio, ele fez o dever de casa e enviou as respostas, que não foram consideradas suficientes. Insatisfeitos, os vereadores vão encaminhar o caso ao MPE, abrindo caminho para mais um problema que pode levar a cassação por improbidade.

Em seis meses o prefeito conseguiu arrumar vários problemas. Só no Tribunal de Contas do Estado (TCE) há mais de cinco questionamentos sobre contratos de emergência, exclusividade na contração de um posto de combustível, remanejamento de verba e até falta de merenda nas escolas. Paralelo a estas denúncias, o prefeito ainda enfrenta uma CPI para investigar porque não pagou fornecedores. Ele também é acusado de desrespeitar a Lei da Transparência por não publicar contratos da prefeitura. O prefeito não respeita nem a CPI da Inadimplência, que não consegue sair da fase inicial por conta de vários manobras feitas para adiar a entrega de documentos.

As várias pendências acumuladas em pouco tempo irritaram vereadores, que devem fazer um balanço de todos os problemas para saber como parar o prefeito, acusado de não ouvir ninguém. Bernal também pode ter sido orientado a ficar calado por conta das várias entrevistas polêmicas, marcadas por desavenças com parlamentares. Pelo menos cinco parlamentares ameaçaram processar o prefeito após declarações de que a CPI da Inadimplência teria que ser comandada por gente séria e de que alguns seriam mentirosos.