O vereador Alex do PT ocupou a tribuna da Câmara de nesta terça-feira (13) para cobrar da secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, e do secretário municipal de Saúde, , explicação sobre o edital publicado para “atualizar” a lista de membros da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande – Santa Casa), que substitui associados históricos por, em sua maioria, servidores públicos em cargos de comissão e pessoas ligadas ao governador André Puccinelli (PMDB) e ao prefeito Nelson Trad Filho (PMDB).

Alex quer saber qual o interesse para no final do mandato e terminando o prazo da intervenção, o governo articular uma lista com novos sócios, sem consulta ao estatuto e desrespeitando sócios históricos. “Estão criando uma estrutura paralela, com indicações políticas, incluindo comissionados, para após a intervenção ditar as rédeas na Santa Casa. Os vereadores não podem admitir este tipo de comportamento autoritário, atropelando os limites do bom senso. Precisamos tirar tudo a limpo”.

O vereador Athayde Nery (PPS) considera a atitude um desrespeito e pediu atenção para que os sócios da ABCG não sofram outro golpe e sejam impossibilitados de retornar. O vereador e médico da Santa Casa, Dr. Loester (PMDB), lembrou que os médicos plantonistas ainda nem receberam os salários de novembro. “Isso mostra que a situação não está nada bem. Precisam entregar a Santa Casa para os verdadeiros donos. O poder público estadual e o poder público municipal não tiveram condições de fazer o hospital funcionar”, avaliou.

O vereador Alex analisou que com a atitude o Governo deixa claro que está tentando controlar verba da saúde, independente do resultado da eleição. “Percam com elegância e não tentem se manter no poder a qualquer custo. A principal prejudicada nesta disputa política é a população”.

A ABCG, que mantém a Santa Casa de Campo Grande desde a fundação do hospital, já preparou uma petição informando à Justiça sobre as irregularidades que diz ter encontrado no documento. A entidade aguarda o cancelamento do edital e cogita entrar com ação criminal contra os interventores.

Wilson Teslenco, presidente da ABCG, considera a publicação uma manobra da Junta Interventiva que controla a Santa Casa para substituir os membros da Associação Beneficente de Campo Grande e tentar manter o controle sobre o orçamento do hospital, um dos maiores de Mato Grosso do Sul.

De acordo com a assessoria jurídica da ABCG, a decisão judicial que determinou a intervenção na administração do Hospital limita os poderes dos interventores à gestão da Santa Casa. “Nenhum dos dois secretários possui competência nem legitimidade para realizar qualquer ato em nome da Associação, a não ser para a gestão provisória da Santa Casa e sob ordem judicial”, diz Wilson.

Na lista montada pelos secretários chamam a atenção nomes conhecidos da atual administração do governo do estado, como a secretária de Administração, Thie Higushi Viegas dos Santos, o diretor da Funsau, Ronaldo Perches Queiroz, e o próprio governador André Puccinelli. No total, são duzentos e dez nomes. Outro caso interessante é o do ex-big brother Dilson Walkares Rodovalho Filho, que, para se tornar associado, é citado no edital como “Dilson Madmax Walkares Rodovalho”. Além de ter o nome artístico estranhamente enxertado no documento oficial, ele também foi nomeado em cargo de comissão na Secretaria de Estado de Governo em abril de 2011.