Em convenção do PMDB, o governador chamou para o canto Edil e Mário César e disparou “vocês são os únicos que tem culhão para segurar o Bernal”

Embora garanta não interferir na eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Campo Grande, o governador (PMDB) deu, na quinta-feira (20), prova de que tentará emplacar seus mais fiéis aliados para presidir a Casa de Leis e “segurar” o prefeito eleito Alcides Bernal (PP). Ele, inclusive, utilizou palavras de baixo calão na hora que convocou correligionários para assumir a missão.

O interesse de Puccinelli no comando da Câmara foi demonstrado logo ao chegar para depositar seu voto na eleição do novo comando estadual do PMDB. Mesmo atrasado, ele tratou de chamar para o canto o vice-prefeito , que voltará à Câmara em 2013, e o vereador reeleito Márcio César.

Próximo aos três, a reportagem do Midiamax ouviu claramente o governador declarar: “vocês são os únicos que tem culhão para segurar o Bernal”. Nos bastidores, o nome de Mário César é tido como o predileto de Puccinelli para presidir a Câmara. Edil, por sua vez, também conta com o apoio do prefeito Nelsinho Trad (PMDB. Oficialmente, porém, tanto Puccinelli quanto Nelsinho afastam envolvimento na eleição do comando do Legislativo Municipal.

Indagado sobre a conversa com o governador, Edil minimizou o recado do chefe. “É brincadeira dele, não existe revanchismo”, disse. Mário César, por sua vez, afirmou que vai tentar chegar a um acordo para atender Puccinelli. Porém, lembrou que Edil não faz parte do Grupo dos 18, criado para eleger o presidente da Câmara.

Questionado se seria um dos que seguraria Bernal, foi direto, sem negar o pedido: “Quem ta segurando ele é ele mesmo. Não critico ele, pelo contrário, critico a falta de diálogo. Mas tem que ser neutro. A presidência é maior do que isso. Temos que pensar em Campo Grande”, amenizou.

Puccinelli, por sua vez, mudou o discurso e reconheceu que entrará no circuito a pedido do PMDB. “O PMDB tem a maior quantidade de vereadores. Vamos ver quem reúne todos os critérios. Ouvi o Nelsinho dizer que tem alguns nomes que são difíceis de prosperar. Vamos ver quais são”, comentou.

Nas últimas semanas, os vereadores ligados ao grupo de Puccinelli e de Nelsinho sinalizaram que pretendem dificultar a vida de Bernal na Câmara. Eles congelaram o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), mesmo admitindo que poderia prejudicar Campo Grande e, na quarta-feira (19), aprovaram emenda que diminui o poder do futuro prefeito.