Análises de laboratório que vão dar o rumo das investigaçõesestão sendo feitas por peritos da Policia Civil. E PF já diz que cacique pode estar vivo.

Embora o governador Puccinelli não tenha se manifestado, oficialmente, sobre um dos episódios de maior repercussão no estado que administra, de um jeito ou de outro seu governo tem participação decisiva na elucidação do caso Nisio. E numa área fundamental para a investigação – a perícia técnica e as análises laboratoriais dos materiais recolhidos na cena do crime.

Inicialmente, a coleta do sangue que foi apontado pelos índios como sendo de Nisio Gomes, e também dos materiais recolhidos na mata ocupada pelos kaiowás guaranis, como o chapéuperfurado do cacique, foi executada por um perito da Polícia Civil de Ponta Porã, de nome Rodrigo.

De Ponta Porã, os materiais coletados foram enviados para aSecretária de Estado de Justiça e Segurança Publica do MS, aos cuidados da Coordenadoria Geral de Perícias.  A reportagem apurou que os laudos estão sendo concluídos no Instituto de Análises Laboratoriais Forenses, um dos órgãos da Coordenadoria.

Hoje pela manhã, o diretor da Coordenadoria, Alberto Dias Terra, acompanhado de um grupo de peritos, esteve reunido com o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini, que deixou a diretoria da PF no MS para se tornar secretário de Puccinelli.

Naturalmente, ao acompanhar o caso, o secretário mantém informado o seu superior do andamento da perícia e das investigações. É remota a hipótese de Puccinelli não se envolver com o caso, dada a sua personalidade centralizadora, ou até mesmo apenas pela sua função de governador do MS.

PF analisa a possibilidade de cacique estar vivo

Durante todo o dia de hoje, peritos da PF de Campo Grande estão trabalhando na área do conflito junto com os peritos da Policia Civil do MS.

A PF foi recolher material orgânico dos parentes do cacique, para comparar o DNA deles com o sangue que foi recolhido no local pela Polícia Civil de Ponta Porã. Os peritos da PF também examinam cartuchos encontrados no local, numa espécie de força tarefa firmada com a Polícia Civil do MS.

Em casos complexos como este, o trabalho pericial se torna extremamente importante, a ponto de conduzir a investigação para rumos diferentes da perspectiva inicial. Por isso tem que ser técnica e isenta.

Agora mesmo, a assessoria da PF, a partir de Ponta Porã, informou à reportagem que a Polícia Federal admite que o cacique pode até estar vivo, porque considera que o ataque foi realizado com balas de borracha, apenas para coagir e assustar os índios. Segundo a PF, Nisio Gomes poderia ter sido retirado do local ainda vivo, e levado para um lugar desconhecido. Por essa versão, no mínimo no cacique foi sequestrado. E se estiver vivo, a intensa repercussão do caso pode ter ajudado a salvar a sua vida.

No entanto, assa possibilidade contrasta com o depoimento do filho do cacique, Valmir Cabreira, de que o pai foi carregado morto depois de ter sido atingido por uma espingarda calibre 12. À reportagem do Midiamax, Valmir chegou a afirmar que ouviu um dos pistoleiros gritar, em guarani, a frase “eu falei que não era para matar”.

Em outros casos da atuação de milícias no estado, segundo investigações do Ministério Público Federal, as vítimas foram escolhidas a dedo – sempre lideranças ou pessoas influentes.

Em pelo menos uma coisa, Valmir deve ter se equivocado, por ser jovem: um disparo de calibre 12 na cabeça de alguém provocaria uma lesão imensa, que espalharia fragmentos do corpo por todos os lados. Um disparo dessa arma não provocaria os orifícios que foram encontrados no boné do cacique.

Veja no arquivo abaixo o que diz perito da Procuradoria da República, em Dourados,
sobre os casos de assassinatos de índigenas na região.