Mesmo após a audiência com depoimentos de seis testemunhas, ainda é mistério para a Justiça o nome do mandante do assassinato do presidente da Câmara dos Vereadores de Alcinópolis, Carlos Carneiro, 40, do PDT. O parlamentar foi morto a tiros por um pistoleiro confesso, que apontou o cunhado como intermediário do crime.

Já o suposto comparsa negou participação na morte do parlamentar e, agora, quase quatro meses após o assassinato, um laudo médico indica que ele é paciente psiquiátrico, toma remédios controlados e seria um “suicida em potencial”.

A audiência realizada na 2ª Vara do Tribunal do Júri tomou parte de quase toda a tarde desta terça-feira (8). O juiz Aluízio Pereira dos Santos ouviu uma testemunha de acusação e cinco de defesa.

Uma das testemunhas, o médico psiquiatra José Alaide dos Santos Lopes, disse que já havia tratado da saúde do motorista Valdemir Vansan, 43, o suposto intermediário do crime.

O motorista teria dado R$ 3 mil ao cunhado, o pedreiro Irinel Maciel, 38. O dinheiro seria parte da quantia combinada pela pistolagem, algo em torno de R$ 20 mil.

O médico disse em depoimento que Vansan era depressivo e, por conta da doença foi afastado do trabalho. Em julho passado, ele teria tentado se matar. O motorista já havia prestado depoimento e protestado contra a versão do cunhado.

Um policial amigo de Vansan disse também no depoimento que não sabia da doença do acusado.

A próxima audiência sobre o caso acontece no dia primeiro de março. O advogado contratado pela família do vereador, Ricardo Trad, disse acreditar que o processo seja concluído até abril. Ele acha que até lá o nome do mandante do crime seja revelado.

No início das investigações, a polícia divulgou que o crime poderia ter motivação política. Até o prefeito da cidade de Alcinópolis, Manoel Nunes da Silva, do PR, apareceu como suposto mandante do crime. Ele prestou depoimento e negou participação na morte do vereador Carlos Carneiro.

O crime

O vereador Carlos Carneiro foi morto no dia 26 de outubro passado, com três tiros, em frente ao hotel Vale Verde, em Campo Grande.

Dois implicados no caso foram detidos em menos de cinco minutos depois do crime. Por sorte. Uma viatura policial fazia ronda na região e um dos policiais tinha ouvido os tiros.

O pedreiro Irineu Maciel, 38, segundo relatos de testemunhas, teria pagado R$ 15,00 ao também pedreiro Aparecido de Souza Fernandes, 34, para que ele o levasse de motocicleta até o hotel.

Maciel teria dito ao colega que precisava receber uma dívida. Os dois foram lá, mas antes pararam num bar e tomaram uma coca-cola.

Quinze minutos depois, Irineu Maciel levantou-se e saiu para receber a tal dívida. Logo, ele apareceu correndo, montou na motocicleta e os pedreiros fugiram do local. Eles foram presos oito quadras depois.

Preso, Irineu Maciel disse que tinha sido contratado pelo cunhado, Valdemar Vansan, também capturado dias depois.

Irineu Maciel, que mora em Ponta Porã, disse foi a cidade de Alcinópolis, onde ficou hospedado por oito dias, monitorando os passos do vereador. Ele apontou a distância da cidade, que fica 387 km de Campo Grande, como um fator que poderia dificultar sua fuga após o crime. Com isso, resolveu matar o vereador quando este viesse a Campo Grande.