Ato político de deputado foi marcado por surpresas eleitorais; prefeito de Dourados teria pressionado servidores a ir a “festa” para Puccinelli

Um ato político regado a comida, refrigerantes e com a presença artistas foi o cenário que fiscais do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral) de Mato Grosso do Sul encontraram na chácara Toca da Onça, em Campo Grande, onde o deputado estadual Paulo Corrêa (PR), candidato à reeleição, realizava reunião. O flagrante foi configurado em plena segunda-feira, dia 26.

No decorrer da semana houve confirmação de que o candidato a vice da presidenciável Dilma Rousseff, do PT, o presidente da Câmara Federal, Michel Temer, virá a Campo Grande intimar lideranças de seu partido, o PMDB, a apoiar a petista. Em MS, a legenda oficializou apoio a José Serra, do PSDB.

Outro fato marcante, já ao findar da semana, teve como protagonista o prefeito de Dourados, Ari Artuzi, do PDT. Ele convocou servidores comissionados para dizer que vota em candidatos da coligação adversária e, mais, mandou gravar e filmar para que não houvesse dúvida quanto a sua decisão. Ele vota em Ary Rigo (PSDB) para deputado estadual, Waldemir Moka (PMDB) para Senador e André Puccinelli (PMDB) para o Governo do Estado.

No meio de uma semana agitada politicamente, o site Midiamax festejou uma notícia. Após 47 dias e 6 horas, a empresa controladora do site resgatou o domínio www.midiamax.com, que fraudulentamente foi reapontado para outro DNS em 14/06/2010.

Comida, bebida e … os fiscais do TRE

Quando os fiscais do TRE-MS chegaram à Toca da Onça houve correria para retirar mesas e pratos do local. Era tarde. A movimentação foi registrada pela fiscalização. De acordo com a resolução eleitoral 429, artigo 8º, parágrafo primeiro, é proibido serviço alimentação em evento político.

O evento contou com a presença do governador André Puccinelli (PMDB) que chegou por volta das 15 horas. Além dele estiveram no local, lideranças indígenas, prefeitos, um deles foi ao ato político com o carro oficial (a Câmara de Vereadores) exigirá explicações), e vice-prefeitos.

No dia seguinte, procurados pelo Midiamax, prefeitos negaram envolvimento em irregularidades. O prefeito de Alcinópolis, Manoel Nunes (PR) que estava de carro oficial disse que não estava ali para participar de evento político, mas sim para tratar de assuntos de interesse do município.

Já Roberson Moreira (PPS), de Ribas do Rio Pardo, admitiu ter participado de evento político, mas negou ter visto comida ou bebida no local. A vice-prefeita de Rio Brilhante Tânia Mara de Castro (PPS) contou ter almoçado com o deputado, mas tal a refeição foi servida apenas para colaboradores do parlamentar sem eleitores por perto. “Foi tudo tranqüilo”, relata.

Após o flagra, o TRE-MS encaminhou a documentação com detalhes constatados pelos fiscais para a Procuradoria Regional Eleitoral examinar o caso. Caberá ao órgão decidir se há elementos suficientes para a abertura de ação.

André “libera” voto em Dilma e Marina

A reunião de Paulo Corrêa ficou marcada ainda por outras nuances políticas. O deputado declarou apoio ao candidato ao Senado da coligação adversária, encabeçada por Zeca do PT, Delcídio do Amaral (PT) que busca a reeleição. A maior surpresa, no entanto, foi ver o candidato a deputado federal predileto de Puccinelli, seu ex-secretário de Obras, Edson Giroto (PR) fazer o mesmo. Atitude que, para muitos comprovou, que Puccinelli tem mesmo três candidatos ao Senado Waldemir Moka (PMDB), Murilo Zauith (DEM) ambos de sua coligação e Delcídio, do PT.

Houve ainda outro acontecimento inesperado. André Puccinelli “liberou” os presentes para votarem em quem quisessem para presidente. “ (…) vou votar em mim, é lógico, e de vocês [prefeitos, vice-prefeito e cabos eleitorais do deputado do PR], quem votar na Marina, tá bem votado, quem votar no Serra, tá bem votado, quem votar na Dilma, tá bem votado também, desde que votem por convicção”, disse durante o discurso.

Temer vem para intimar

A frieza de Puccinelli em relação a Serra, seu candidato oficial a presidente, pode se agravar nas próximas semanas. O vice de Dilma, Michel Temer, vem a Capital. Ele quer angariar mais apoio político para o projeto petista, principalmente no PMDB.

Na verdade, Dilma já tem ao seu lado lideranças expressivas do PMDB de MS, como o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad, o senador Valter Pereira e os deputados federais Nelson Trad, pai do prefeito e Geraldo Resende. Assim, se ofensiva de Temer der o resultado que se pretende, Puccinelli corre o risco de ficar quase sozinho, pelo PMDB, no palanque de Serra.

Valter Pereira ficou incumbido de preparar a vinda de Temer. A data será definida nos próximos dias. A julgar pelo presume o senador, Temer será contundente ao pedir apoio a Dilma. “Mesmo que o governador esteja apoiando Serra, Temer pedirá aos que peemedebistas que tem compromisso com o partido que apoiem Dilma”, comenta o senador.

Artuzi está com André: “podem gravar e filmar”

“Podem gravar. Podem filmar tudo o que eu vou falar”, disse o prefeito de Dourados que ontem reuniu mais de quinhentos servidores da Prefeitura, no Clube Harmonia, para anunciar seus votos nesta eleições. Servidores que estavam no local confidenciaram ao Midiamax terem sofrido pressão para comparecer ao ato político.

Artuzi disse que vota em Ary Rigo (PSDB) para deputado estadual, Waldemir Moka (PMDB) para Senador e André Puccinelli (PMDB) para o Governo do Estado. O prefeito não revelou para que deputado federal vai seu voto e muitos menos quem vai ser seu segundo candidato a senador mesmo estando ao lado do vice-governador Murilo Zauith (DEM) que disputa o cargo na chapa de Puccinelli.

Durante o seu discurso Artuzi disse que todos os seus secretários vão trabalhar para a eleição de Puccinelli. O prefeito ao abraçar o vereador Edvaldo Moreira presidente municipal do diretório do PDT e disse que “Edvaldo também vai votar em Puccinelli”.

O PDT tem mecanismos para punir Artuzi por infidelidade partidária, resta saber se vão colocá-los em prática.

Agora, você pode acessar Midiamax ‘.com’

De volta em seu domínio original, o Midiamax se esforçará agora para punir os autores do crime que deixou o veículo fora do ar por quatro dias no mês de junho.

As senhas dos responsáveis técnicos foram quebradas e alguém redirecionou o endereço www.midiamax.com para site fora do Brasil. O ataque coincidiu com uma série de reportagens que o jornal vem publicando sobre o cumprimento da Lei da Transparência pelo poder público em Mato Grosso do Sul e sobre o encaminhamento político das eleições 2010 no Estado.

Desde então, após o dia 17/06/2010, quando voltou ao ar com o domíniowww.midiamax.com.br, o Portal continuou alvo de tentativas de ataque, mas medidas técnicas têm bloqueado e identificado os IPs das máquinas através das quais são disparadas as tentativas de derrubar o servidor.

Neste período, quem acessava o domínio www.midiamax.com visuabilizava a mensagem “site under construction” [site em construção]. Na quarta-feira, dia 28, foram inseridos textos depreciativos contra a empresa e seu sócio diretor.

Desde às 15h30 desta sexta-feira, 30, o endereço www.midiamax.com exibe, antes de dar acesso ao conteúdo do Portal, a seguinte mensagem: “Os covardes perderam. A VERDADE VOLTOU AO AR”. Novas informações traremos ao conhecimento de nossos leitores na segunda-feira.

Colaboraram: Éser Cáceres, Celso Bejarano e Nicanor Coelho, de Dourados