A comissão de ética do PMDB vai entrar em ação para prevenir casos de infidelidade partidária nas eleições de 2012. O grupo composto por 14 filiados fará um trabalho de orientação entre os peemedebistas. Porém, ficou estabelecido que o partido não vai remexer o passado. Assim, casos como o do senador Valter Pereira que apoiou Zeca do PT ao invés de André Puccinelli, reeleito governador pelo PMDB, não serão alvo de processo interno.

Os casos de infidelidade ocorreram abertamente em quase todos os grandes partidos em Mato Grosso do Sul. Passadas as eleições, dirigentes prometem tomar providências, mas esbarram em precedentes abertos em eleições anteriores quando não houve atitudes contra infiéis.

O PMDB afirma estar focado no futuro. Com o trabalho de orientação quer impedir, por exemplo, que em 2012 deputados estaduais e federais eleitos pelo partido apóiem adversários do PMDB na disputa por prefeituras de Mato Grosso do Sul.

“Se não há coligação, deputados do PMDB tem de apoiar candidatos a prefeito do PMDB. Comportamento diferente é inadmissível”, afirma o presidente regional do partido, Esacheu Nascimento.

Ele explica que o primeiro passo da comissão de ética será conversar com lideranças do partido. Contudo, o grupo terá autonomia para produzir relatórios no período eleitoral e encaminhar para julgamento os comportamentos considerados inadequados.

Partidos brasileiros são regidos por estatutos próprios e casos de infidelidade podem ser punidos com advertência, suspensão da filiação ou até expulsão da sigla, dependendo da gravidade da falha.

Esacheu Nascimento ressalta que o PMDB não tem a intenção de “revirar o passado” em busca de infidelidade nas eleições deste ano. “De modo geral, a vida partidária no Brasil é uma indecência tamanha é quantidade de casos de infidelidade. Se fôssemos olhar para trás, os partidos seriam esvaziados”, acredita.

Sobre Valter, Esacheu avalia que o problema começou nas prévias pelo Senado. Em março, Valter rivalizou com o correligionário Waldemir Moka pelo direito de concorrer ao Senado. Moka saiu vitorioso.

Valter reclamou que o governador André Puccinelli (PMDB) teria usado a máquina pública para favorecer o adversário. Meses depois em discurso contundente no Senado, Valter rompeu politicamente com Puccinelli.

Apesar disso, continuou filiado ao partido, mas apoiou o adversário de Puccinelli na disputa pelo governo do Estado, o ex-governador Zeca do PT.