O prefeito de Campo Grande (PMDB) fez um desabafo público hoje contra a atitude da Câmara de Vereadores de criar uma Comissão Especial para analisar o reajuste das tarifas de água e esgoto que entrará em vigor em 3 de janeiro de 2011. A comissão pode apontar para a necessidade de uma CPI. Nelsinho disse que está chateado e avisou que quando ficar comprovado que não há qualquer irregularidade com o reajuste, cobrará a responsabilidade dos parlamentares por eventuais danos à sua imagem.

“A questão da tarifa da água está me deixando muito chateado. Não tem nenhuma coisa errada. E quem está com a espada na cabeça como se pudesse existir algo errado sou eu. Quem vai reparar isso, quando concluírem que não tem nada de errado?”, questionou o prefeito na manhã de hoje durante entrega de carnês de IPTU nos Correios.

O presidente da Câmara da Capital, vereador Paulo Siufi (PMDB), oficializou a criação da comissão na segunda-feira, dia 27, publicando resolução em Diário Oficial. São titulares da comissão os vereadores Airton Saraiva (DEM), Carlos Borges, o Carlão (PSB), Flávio César (PT do B), Marcelo Bluma (PV) e Paulo Pedra (PDT). A comissão terá 60 dias para apresentar o relatório conclusivo dos trabalhos.

Na verdade, quem primeiro colocou lançou suspeitas sobre o reajuste foi o deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB), irmão do prefeito. Ele chamou atenção para o fato na tribuna do Parlamento Estadual e enviou requerimento à Agência Reguladora de Serviços Públicos da Capital cobrando esclarecimentos sobre o assunto.

Para o prefeito, Marquinhos também reconhecerá que está havendo um mal entendido. “Ele vai aprender através das respostas que não tem nada a ver”, disse. O deputado assim como os vereadores suspeitam que a prefeitura não poderia acatar aumento em 2011, isso porque em 2009 foi autorizado reajuste de 15,53% e, como parte do acordo, a tarifa ficaria congelada pelos próximos dois anos.

Mas, o prefeito explica que pelo acerto somente não haveria novo reajuste em 2010. “Em 2010, não teve. Já em 2011 teria sim (…) Não descumpri nada do que eu falei. Agora me fazem uma Comissão Especial para pode analisar isso?”, questiona Nelsinho.

O prefeito também discorda da abertura da CPI. “CPI você sabe como começa, mas não como termina. Agora, eu vou dizer uma coisa para vocês, quem quiser ir a fundo, isso não é uma ameaça, vai ter que arcar com as responsabilidades e eventuais danos que eu possa vir sofrer (…) Eu tenho uma imagem”, avisou.

O prefeito assegura que não quer briga com a Câmara, mas não pode deixar de esboçar uma reação diante de algo que considera injusto. “Não estou brigando. É uma reação. Eu estou quieto fazendo o meu dever. Eu tenho um contrato a cumprir que tem cláusulas definidas e que é muito bem esclarecido”, defende.

Nelsinho diz ainda que o contrato firmado com a concessionária Águas de Guariroba foi aprovado pela Câmara dos Vereadores, rito essencial, segundo ele. O prefeito também alfinetou o vereador Paulo Pedra, seu ex-líder, que hoje atua como opositor.

“O contrato foi, inclusive, defendido e votado pelo meu atual opositor. Ele votou a favor e defendeu”, disse. Informado que os vereadores alegam não ter conhecimento do contrato, o prefeito desmentiu os parlamentares. “Isso é conversa de Papai Noel. Você acha que passa um negócio desses sem autorização legislativa? No mínimo, ele não foi atrás das informações que deveria ter buscado”, afirmou.

A reportagem do Midiamax busca contato com o presidente da Câmara de Campo Grande, Paulo Siufi, para comentar as declarações do prefeito.