Grupo político se reuniu secretamente com “cacique eleitoral” nesta semana para discutir o suposto processo de compra da renúncia e quem seria o vereador a “vender” o resto do mandato. Objetivo é garantir a prefeitura de Dourados.

Se não bastasse a confusão política provocada pela que mandou para a cadeia o prefeito, o vice, nove vereadores, secretários municipais, servidores públicos e empresários, agora ganham força os rumores de que nos bastidores estejam em curso manobras para a compra da “renúncia” de um dos vereadores.

A cotação para a venda de um mandato nesta semana está na casa dos R$ 300 mil em Dourados. Como ainda faltam dois anos e dois meses para terminar a legislatura, o vereador que vendesse a sua renúncia teria um lucro de aproximadamente R$ 118 mil. O salário mensal pago pela Câmara é de cerca de R$ 7 mil, ou seja, considerando os 26 meses de salários “oficiais”, a renda seira de R$ 182 mil, R$ 118 mil a menos do que o supostamente oferecido pela “venda”, sem contar com o “lucro” que se teria pelo fato de não incidir nesta negociação o imposto de renda na fonte e a previdência social.

Apesar de estarem tramitando na Câmara três Comissões Processantes para a cassação dos mandatos de Artuzi e de Carlinhos Cantor, muitos acreditam que os vereadores não vão dar conta de aprovar o impeachment dos dois até 31 de dezembro.

Caso Artuzi e Cantor não sejam cassados até o final do ano a prefeita interina vereadora Délia Razuk (PMDB) terá que deixar o cargo e voltar para a Câmara. Em seu lugar assumiria como novo prefeito interino o presidente da Câmara que deverá ser eleito em dezembro.

A “compra de renúncia” teria como justificativa o fato de grupo político estar interessado em se apoderar da cadeira que era de Artuzi. Como apenas os vereadores titulares Gino Ferreira (DEM) e Dirceu Longhi (PT) podem ocupar cargos na mesa diretora da Câmara, um suplente tornaria titular na vaga deixada por um “vereador ” que seria “forçado financeiramente” a renunciar o cargo.

Conforme a Lei Orgânica do Município os suplentes de vereadores não podem ocupar a mesa diretora. Podem apenas votar na escolha do novo presidente da Câmara para a legislatura 2011-2012.

Atualmente nove vereadores titulares envolvidos e presos pela Operação Uragano estão impedidos de ocuparem seus cargos eletivos por determinação da Justiça que decretou noventa dias de afastamento com encerramento na primeira semana de janeiro de 2011.

Também foi afastado da função do vereador Marcelo Hall, que estava licenciado, e ocupava o cargo de Secretário Municipal de Serviços Urbanos.

Um grupo político teria se reunido com a presença de “cacique eleitoral” nesta semana secretamente bem longe da Câmara Municipal para discutir o processo de compra da renúncia e quem seria o vereador vendedor de mandato. Este “grupo político” teria apoio de dois parlamentares eleitos em outubro que teriam interesse em “comandar” a Prefeitura.

Caso seja concretizada a compra de um mandato o suplente-comprador seria candidato a presidência da Câmara e teria em caixa dinheiro suficiente para garantir a sua eleição e consequentemente estar apto a ocupar o cargo que hoje é ocupado por Délia Razuk levando-se em conta que as três comissões processantes teriam como desfecho favorável a cassação até 31 de dezembro.

“Longe da moralização”

O coordenador do Comitê Regional de Defesa Popular, Ronaldo Ferreira tomou conhecimento deste boato através da imprensa local que deu dicas de que a compra de renúncia estaria em curso. Na opinião dele “se isso for verdade a Câmara de Dourados está longe de ser moralizada”.

Ronaldo disse que se for confirmado a renúncia de algum vereador afastado a população vai pensar realmente que o mandato foi vendido para atender a interesses escusos. “Se esta manobra acontecer ficará provado que os políticos de Dourados não tem mais jeito. Somente eleições diretas e livres para prefeito e vice poderão restabelecer a paz e a ordem no município”, enfatizou o coordenador.