O motorista, de 29 anos, envolvido no acidente que terminou com a morte de pai e filho na última sexta-feira (6) na Avenida Consul Assaf Trad, se apresentou à polícia nesta segunda-feira (9). Em depoimento, ele negou participar de racha, disse ter sido ameaçado por outros motoristas que passavam pelo local e, por isso, não prestou socorro. Anador Lopes, de 72 anos, e o filho Joel dos Santos Lopes, de 38, morreram na hora.

Conforme o delegado Wilton Vilas Boas, responsável pelas investigações, o motorista foi liberado por não estar mais em situação de flagrante. “Ele negou estar em alta velocidade, mas quem vai estabelecer a dinâmica do acidente será o laudo pericial”, afirma. O condutor disse ter fugido do local sem prestar socorro por se sentir ameaçado.

Ainda conforme o delegado, o inquérito policial será instaurado para apurar crime de homicídio culposo na direção veicular, com aumento de pena devido ao motorista não ter CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e deixar de prestar socorro.

Em relação ao suposto racha praticado com outro motorista, Vilas Boas explicou que “as circunstâncias serão apuradas, inclusive em relação as essas informações não oficiais relativas ao excesso de velocidade e participação em corrida não autorizada”. Caso seja constatado a disputa, o motorista pode ser indiciado por outros crimes.

Versão da defesa

O motorista compareceu na delegacia acompanhado da advogada, Ana Carolina Viviane de França Teixeira, que esclareceu ao Jornal Midiamax que a versão sustentada pela defesa é de que não houve racha. “Ele nunca fez racha e também não havia ingerido bebida alcoólica. Ele estava, na verdade, retornando do trabalho para a casa”, alega.

Ainda segundo a defesa, o condutor passou a receber ameaças via internet e se sentiu coagido a se apresentar anteriormente. “Quando ele vinha freando o carro para parar um pouco mais a frente, depois do impacto, motociclistas começaram a ameaça-lo”, explica.

A advogada ainda afirmou que o condutor seguia pela Avenida Consul Assaf Trad, sentido rodovia, e pai e filho faziam o acesso à avenida. “A motocicleta estava na via de pare e invadiu a preferencial”, alega.

Pai e filho morreram na hora. (Foto: Danielle Errobidarte / Jornal Midiamax)

 

O acidente

Anador Lopes, de 72 anos, e o filho Joel dos Santos Lopes, de 38 anos, estavam em uma Yamaha Factor e seguiam pela avenida, sentido ao bairro, quando foram atingidos por um veículo. Inicialmente, a polícia suspeitou de que o carro e outro veículo estariam tirando um ‘racha’. O motorista do carro fugiu do local sem prestar socorro, após atingir a motocicleta.

Anador prestava serviços no residencial Alphaville quando o filho foi buscá-lo. Na volta, ocorreu o acidente, ainda na região do condomínio. Corpo de Bombeiros, Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Polícia Militar, Polícia Civil e Perícia estiveram no local.

Carro encontrado

Neste sábado (8), um casal foi levado para a delegacia após o veículo Ford Fox ser localizado. Segundo o delegado plantonista Danilo Mansur, denúncias anônimas via 190 levaram as equipes da 11ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar) até a casa, na Vila Iguatemi, região do Nova Lima. Na residência, foi encontrado o Fox preto, com várias avarias, que estaria envolvido no acidente que vitimou Anador Lopes, de 72 anos, e o filho Joel dos Santos Lopes, de 38 anos.

Assim, as duas pessoas que estavam na casa, um homem e uma mulher, foram levados para a delegacia, para prestarem esclarecimentos. O carro foi apreendido e encaminhado ao pátio da 2ª Delegacia de Polícia Civil.

Não tinham participação

Ainda de acordo com o delegado Mansur, o homem e a mulher, a princípio, não tinham envolvimento com o acidente. O homem esclareceu que é auxiliar do proprietário do Fox, um homem de 29 anos que trabalha como gesseiro. Na sexta-feira, ele chegou a ver o carro, sem avarias. Depois, foi convidado para ir até a casa do suspeito à noite, quando percebeu o Fox já batido, com danos no capô, para-brisa e para-choque.

O suspeito pediu que o auxiliar dormisse na residência, porque ele precisaria sair para resolver assuntos pessoais. O homem então ficou na casa, onde também estava a esposa do suspeito. No entanto, ela também saiu depois, com urgência, alegando que precisava resolver um problema.

Na madrugada, uma amiga da moradora que mora em outra cidade e passaria um tempo em Campo Grande, na casa dela, chegou de viagem e dormiu no local. Já neste sábado, o homem e a mulher, que nem eram moradores na residência, foram surpreendidos pelos policiais militares.