Em comunicado divulgado no início da tarde desta terça-feira, a Odebrecht, “com profunda estranheza e perplexidade”, afirmou que a “caixa-preta” do guindaste que desabou no dia 27 de novembro de 2013, nas obras da Arena Corinthians, não registrou qualquer informação da data do acidente, e o relatório técnico não acrescentou novidades às investigações, ao contrário do que esperava a Polícia Civil.

A “caixa-preta” é, na verdade, um mecanismo de armazenagem de informações operacionais que registrava os dados desde o primeiro dia das obras. Três cópias foram feitas, sendo que uma foi enviada para análise do Instituto de Criminalística, outra para a Locar – empresa terceirizada responsável pelo guindaste, e a última foi embarcada para a Alemanha, sede da Liebherr, empresa fabricante do guindaste, que tinha um prazo de 90 dias para elaborar seu parecer.

“Por intermédio de comunicado recebido do Ministério do Trabalho e Emprego, a Odebrecht Infraestrutura tomou conhecimento ontem, dia 27 de janeiro, que a empresa Liebherr, fabricante do guindaste envolvido no acidente que culminou na morte de dois trabalhadores e danificou parte da fachada leste da Arena Corinthians, no último dia 27 de novembro de 2013, informou àquele órgão que a caixa preta do referido equipamento não teria armazenado quaisquer registros do dia do acidente”, informou a Odebrecht, por meio de nota.

O material do HD ficou em análise desde o início de dezembro e poderia indicar se houve erro humano, falha do equipamento ou algum problema no solo, como alegado inicialmente. O relatório poderia forçar novos depoimentos no caso, como explicou o delegado Luiz Antônio da Cruz a reportagem. Neste cenário, o operador de guindaste José Walter Joaquim, que trabalhava no dia, poderia ser chamado para novos esclarecimentos.

“A Odebrecht espera, assim, que o fabricante (Liehberr) venha a público prestar esclarecimentos técnicos a respeito do ocorrido, bem como dar a devida satisfação às famílias das vítimas, à sociedade brasileira e às autoridades que investigam o acidente”, encerrou o comunicado da Odebrecht, pressionando a empresa alemã.