A atitude é uma tentativa de amenizar o risco e dar mais liberdade às crianças

Na entrada do Residencial José Teruel Filho, no bairro Dom Antonio Barbosa, o que mais se vê são crianças brincando soltas nas ruas. Entre as casas, muitas até sem muro, tudo é como se fosse um verdadeiro quintal.

Mas este cenário começou a ficar perigoso para os pequenos. O motivo são os carros e motos que passam em alta velocidade pela rua e colocam em risco a segurança do residencial.

Por conta disto, moradores do José Teruel Filho se uniram nesta sexta-feira (11) e “construíram” um quebra-molas. A iniciativa foi tomada pelos moradores Otavio Femílio da Silva, de 64 anos, e João Alves, de 35 anos, que queriam dar uma basta à alta velocidade em que muitos condutores passavam pela via.

“Ontem um carro quase pegou o meu neto, então resolvi fazer a lombada para evitar um acidente”, diz seo Otávio, indignado com a falta de respeito dos motoristas. “Aqui não é lugar de racha para eles andarem nesta velocidade”.

De acordo com Julio da Silva, de 21 anos, morador da casa onde construíram o quebra-molas em frente, a rua tem movimento de carros, motos e caminhões durante o dia inteiro. “E os motoristas ainda ficam bravos de as crianças estarem brincando na rua, mas as casas nem muro têm”, desabafa o rapaz.

Pelo quebra molas construído pelos moradores só passam com certa facilidade caminhões, motos e caminhonetes. Os condutores de carros mais baixos precisam de muita paciência para atravessar a lombada, mesmo assim, não há como os entulhos não rasparem nos assoalhos dos veículos.

Andressa Sales, de 38 anos, não mora no residencial, mas diz que passa pela rua todos os dias para ir à casa da mãe ou da filha, que moram perto de onde construíram a lombada.
Para ela, a atitude dos moradores foi desnecessária. “Concordo que há crianças brincando nas ruas e que há motoristas inconseqüentes, mas eles podiam fazer um quebra molas menor, que atenda a necessidade deles e ao mesmo tempo não prejudique quem anda corretamente”, diz.

Mas houve motoristas que aprovaram a iniciativa. “Passo aqui toda semana e realmente há muitas crianças. Os moradores têm que tomar atitude mesmo para evitar que algo ruim aconteça”, diz Hélio Nascimento Barbosa, de 32 anos, que mesmo com dificuldade para passar com o carro pelo quebra molas, acenou para os moradores, em um gesto de quem concorda com o que foi feito.

No banco do passageiro, Cacildo Nogueira Barbosa, 63 anos, denuncia que os mais “apressadinhos” são os condutores de caminhão e motos. “Eles passam aqui feito loucos, não têm consciência”.