Após denunciar o deputado colorado pelo Departamento de Amambay, Santiago Benitez, por tentativa de extorsão e suborno, Cíntia Gonzales, viúva do jornalista Leo Veras, executado na fronteira, há cinco anos, pedirá proteção das autoridades paraguaias. Ela disse que vai entrar com o pedido nos próximos dias.
A decisão surge em meio a relatos de um passado marcado por dificuldades e temores, intensificados após as denúncias. Cíntia afirma estar munida de áudios que, segundo ela, comprovam suas alegações e a necessidade urgente de amparo.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Midiamax, Cíntia descreve situações precárias enfrentadas no passado, incluindo a necessidade de fornecer recursos básicos, como combustível, para a Polícia Nacional de Pedro Juan Caballero, a fim de garantir sua própria segurança.
“Eu tinha que dar 50 mil guaranis para colocar o combustível no carro da polícia, para me acompanhar até o cemitério, porque não tinha carro”, revela, ilustrando a vulnerabilidade em que se encontrava.
A busca por proteção se intensificou após a utilização de áudios seus em rádios locais, em um contexto que a expôs ainda mais. Cíntia Gonzales relata ainda, que além do pedido de proteção, deve entrar com um processo contra o Estado. “Já passei por muitas coisas que não quero passar mais. Eles [autoridades] precisam fazer alguma coisa”, afirma a viúva.
‘Eu preciso que os sindicatos, os jornalistas se coloquem um pouco no meu lugar‘
Durante a entrevista, a viúva de Leo Veras também pediu apoio aos jornalistas paraguaios e que entendam o momento pelo qual está passando. “Eu preciso que os sindicatos, os jornalistas se coloquem um pouco no meu lugar, olhem um pouco como que fica uma família depois do que aconteceu”.
Cíntia faz comparações com o Brasil e acredita que a situação seria diferente. “Se o caso tivesse acontecido no Brasil, seria tão diferente. Eu acho, porque eu fiquei muito sozinha até hoje. E eu estou cansada desse tipo de situação, o próprio Santiago [deputado] é jornalista. Muita gente só quer se aproveitar da história do Leo. Nesse tempo todo, o sindicato dos periodistas paraguaios nunca se manifestou”.
Segundo ela, as pessoas falam alguma coisa no começo, depois esquecem. “Aí vem outra morte de outro jornalista. Depois do Leo, já morreram mais dois, três jornalistas”.
Entretanto, do lado brasileiro, a investigações sobre a morte de Leo Veras, que tinha dupla nacionalidade, sempre foi questionada.
Diante das repercussões sobre as denúncias de Cíntia Gonzales, o Sinjorgran (Sindicato dos Jornalistas Profissionais na Região da Grande Dourados) manifestou “profunda preocupação com a falta de avanços na investigação do assassinato do jornalista Leo Veras, ocorrido há cinco anos.
Confira, abaixo, a íntegra da nota enviada pelo presidente da entidade, Flávio Verão:
Sinjorgran cobra avanços na investigação do assassinato do jornalista Leo Veras
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais na Região da Grande Dourados (Sinjorgran) manifestou profunda preocupação com a falta de avanços na investigação do assassinato do jornalista Leo Veras, ocorrido há cinco anos. O sindicato ressalta que o caso permanece cercado de dúvidas e perguntas sem resposta.
Nos últimos dias, surgiram novas denúncias envolvendo suposta manipulação do processo judicial e possível participação de membros do Congresso Nacional Paraguaio no encobrimento do crime. O Sinjorgran exige atenção imediata das autoridades do Paraguai e do Brasil para essas revelações.
Leo Veras, que possuía dupla cidadania e cobria temas sensíveis relacionados ao narcotráfico na fronteira, era constantemente ameaçado. O Sinjorgran tem acompanhado o caso desde o início e cobra das autoridades uma resposta efetiva para que o crime não fique impune.
O sindicato reitera que a morte de um comunicador representa uma grave ameaça à liberdade de imprensa e ao direito da sociedade à informação. É imprescindível que o assassinato de Leo Veras seja investigado com seriedade e celeridade, e que os responsáveis sejam punidos conforme a lei.
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