Foram oito anos de casamento que acabou há um ano, mas uma mulher de 31 anos segue sendo perseguida pelo ex-marido de 42 anos, um médico cardiologista, em Campo Grande. Apesar de três boletins de ocorrência terem sido registrados contra o médico, que agora usa tornozeleira por determinação da Justiça, ele a procurou no início do mês.
Na ocasião, o médico a agrediu e ameaçou, motivo pelo qual a defesa pede agora a prisão dele. A ex já tinha sido agredida fisicamente pelo médico quando o primeiro boletim de ocorrência foi registrado, ainda em 2021. O cardiologista tentou esganar a mulher após agredi-la verbalmente. O casal estava junto havia 4 anos quando as agressões físicas começaram, mas as agressões verbais já haviam sido cometidas em momentos anteriores.
A vítima relatou que, antes da separação do casal, o médico a humilhava constantemente e a deixava sem dinheiro até para pagar transporte para buscar a filha do casal na escola.
No último boletim de ocorrência registrado por ela na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), a mulher relatou que foi chamada de ‘vagabunda, prostituta e chifruda’, pelo médico, que disse que não iria deixar nada para ela na separação.
Ainda segundo a mulher, o ex-marido tenta usar a filha do casal para atingi-la. Ela pediu por medidas protetivas e a Justiça determinou o uso de tornozeleira para o médico pelo prazo de 90 dias. Com a determinação, o homem foi até a porta da casa da vítima para fazer ameaças. O cardiologista ainda enviou ‘morangos do amor’ para a ex-mulher com ameaças.
Em uma mensagem enviada à mulher, o homem dizia: “tenho que tirar o chapéu para você. Conseguiu quase tudo que queria, só faltou me prender”. A defesa da mulher entrou com pedido de prisão para o médico. Já em um áudio enviado a ex-mulher o cardiologista fala que a mulher deu um golpe da barriga nele.
Áudios e ameaças
No áudio de 26 minutos enviado a mulher, o cardiologista fala que ela irá comer o pão que o diabo amassou. “Você vai ter que trabalhar ou arrumar outro homem, outro trouxa.”, falava. O médico ainda fala que a mulher é um fardo na vida dele. Ele chega a compara-lá a ex-namorada dizendo que ela era bonita e trabalhava enquanto a esposa era o contrário.
O médico ainda diz que a mulher não tem estudo e não sabe nem falar. “Você só tem competência debaixo das pernas”, dizia ele.
O Jornal Midiamax entrou em contato com o CRMMS (Conselho Regional de Medicina) e foi informado, em nota, que não foi feita nenhuma denúncia que relacione o caso a possíveis infrações ao Código de Ética Médica.
Confira a nota na íntegra:
“O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS) informa que tomou conhecimento do caso em questão. No entanto, até o momento, não foi protocolada junto à entidade nenhuma denúncia que relacione o caso a possíveis infrações ao Código de Ética Médica.
O CRM/MS ressalta que situações de natureza exclusivamente cível ou criminal, sem relação com o exercício profissional, não estão sob a competência de apuração do Conselho, que atua estritamente no campo da ética médica.
A entidade permanece atenta ao cumprimento da legislação e reitera seu compromisso com a integridade da profissão médica e com a proteção da sociedade.”
O espaço segue aberto para futuras manifestações.
*Atualizada às 13h29 para acréscimo de posicionamento.
📍 Onde buscar ajuda em MS
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.
Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.
Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.
📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.
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