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Polícia

Viatura usada por oficial da PM suspeito de assédio sexual é flagrada em motel

Oficial da PM responde por ao menos 7 denúncias de assédio sexual contra as policiais que comandava em MS
Thatiana Melo -
Viatura descaracterizada entrando no motel (Reprodução)

Um oficial da PM de é alvo de ao menos 7 denúncias que envolvem assédio sexual, assédio moral e injúria racial contra colegas de farda que estavam sob o comando dele numa unidade policial na região de de MS. O policial esteve no comando de julho de 2023 até dezembro de 2024.

Além disso, um vídeo mostra a viatura descaracterizada usada pelo oficial entrando num motel em pleno horário de expediente. Policiais que flagraram o ‘passeio’ apontam que o tenente-coronel, casado, teria deixado a unidade da PM que comandava e seguido para o motel.

A Corregedoria-Geral da Polícia Militar de MS confirma que recebeu as denúncias no fim de 2024. Pouco depois, o tenente-coronel foi transferido e atualmente atua em uma das Diretorias no Comando-Geral da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul). De lá para cá, a investigação segue sem desfecho.

A reportagem do Jornal Midiamax falou com o oficial. Em entrevista gravada, ele negou as acusações e disse que ainda aguarda ser chamado para se manifestar na Corregedoria. No entanto, deixou escapar que sabe detalhes sobre o procedimento.

Policiais temem volta do oficial

“Foram ouvidas novas testemunhas neste mês de abril e eu ainda aguardo para ser ouvido”, revelou o tenente-coronel. Coincidentemente, as policiais relatam que teriam passado a receber ‘recados’ ameaçadores.

“Aqui na região chegou que ele tem dito que vai voltar e infernizar quem o denunciou”, desespera-se uma das policiais. Os relatos das policiais revelam inúmeros flagrantes de assédio sexual com frases de duplo sentido e abordagens abusivas contra as mulheres que chefiou. Além disso, o oficial da PM teria oferecido vantagem a uma policial supostamente em troca de favor sexual.

“Sempre consigo o que eu quero”, era uma das frases que teria usado para intimidar as policiais depois das investidas. Os casos têm relatos detalhados e testemunhas.

Segundo uma das vítimas, em um churrasco, o tenente-coronel teria sentado ao lado dela e, sem perceber que do outro lado o namorado testemunhava a conversa, teria assediado a mulher.

Oficial da PM não nega frase de duplo sentido: ‘momento descontraído’

Em outro episódio relatado à corregedoria, uma policial estava na cozinha do batalhão no café da manhã quando o comandante se aproximou. “Você gosta de leitinho quente?”, teria perguntando enquanto se insinuava, conforme descreve a servidora pública militar.

Todas as policiais que presenciaram a frase de duplo sentido e cunho erotizado ficaram constrangidas.

Com relação ao assédio testemunhado por policiais militares quando perguntou à subordinada se ela ‘gostava de leitinho quente’, o oficial da PM não desmente. No entanto, alega que a frase não tinha duplo sentido e que era um ‘momento descontraído’.

“PM ‘pendurada’ no mastro da bandeira”

Assim, com o fracasso das investidas sexuais abusivas, o tenente-coronel passava a ‘punir’ as policiais por quem se sentia ‘rejeitado’.

Em um dos relatos, as vítimas contam que o comandante ligou para uma policial de folga pedindo para ela se apresentar imediatamente. Como a militar disse que não seria possível, ele ordenou que ela se apresentasse no dia seguinte.

Já no dia seguinte, quando o oficial da PM a viu no batalhão, passou a gritar. “Quero a sua cabeça! Já na sala do comandante”, o tenente-coronel teria gritado com a policial e a mandando calar a boca, quando ela tentou explicar a situação.

Em seguida, a policial deixou a sala do comando aos prantos, e ainda foi alvo de comentários dele a terceiros. No refeitório, o comandante falou na frente de todos ‘que queria pendurar a policial no mastro da bandeira’. Além disso, chegou a questionar a orientação sexual da vítima.

Oficial teria oferecido parar investigação em troca de favores sexuais

Outra militar disse em depoimento que durante uma das aulas do curso de formação, iniciadas em outubro de 2024 e com fim previsto para agosto de 2025, o comandante teria dito aos alunos soldados que era legal receber uma homenagem, mas depois complementou dizendo que ‘legal mesmo era um ménage’.

Outra policial que denunciou o comandante relatou que não havia feito a denúncia antes, já que tinha muito medo de represálias. Segundo ela, o homem usava a posição de chefe para chamar ela na sala do comando e fazer perguntas de cunho pessoal.

Em seguida, se vangloriava e insinuava: “Você precisa arrumar uma pessoa mais velha, mais experiente e no mesmo patamar”, teria dito. O contexto da conversa torna tudo ainda mais asqueroso e abusivo. Segundo relatado no procedimento, a policial estava respondendo a uma denúncia funcional e o comandante fez proposta para livrá-la da investigação. Conforme ela, a militar teria que ‘fazer algo em troca para ele’, deixando explícitas as intenções de cunho sexual.

“Toda vez que ele me chamava na sala dele, saía de lá chorando”, resume a policial militar.

“Muita coisa falada e nada provado”, desafia o oficial da PM. Ainda sobre outros episódios de assédio sexual, o militar nega. “Tenho 23 anos de PM e nunca houve uma denúncia contra mim”, argumenta.

Rolê no motel com viatura do comando

O Jornal Midiamax teve ainda acesso a uma gravação que mostra um veículo Fiat Strada branco entrando num motel da cidade onde fica a unidade militar então chefiada pelo tenente-coronel. Nas imagens é possível identificar as placas do automóvel.

Em consulta aos dados oficiais da PMMS, consta registro de que o carro, com registro de , foi cedido para uso reservado pelo batalhão justamente quando a unidade era comandada pelo tenente-coronel. Segundo as policiais, a viatura, descaracterizada, ou seja, sem identificação da PM, era de uso exclusivo do comandante.

Em consulta no dia 24 de abril deste ano, o veículo ainda consta como umas das viaturas do batalhão.

Acionado pela reportagem para confirmar a informação, o Comando-Geral da PMMS se limitou a responder que “a investigação está em curso”. Confira a nota da Polícia Militar de MS na íntegra:

“Em relação à solicitação, a PMMS informa que foi instaurado o devido procedimento em relação às alegações envolvendo o militar, e que ainda estão sendo apuradas pela Corregedoria Geral da PMMS. Foi iniciada uma investigação interna rigorosa para apurar todas as circunstâncias e garantir que as medidas cabíveis sejam tomadas, com base em evidências e na justiça, tratando o assunto com a seriedade e a que a situação exige, e as ações apuratórias seguem em andamento. Ademais, enquanto a investigação estiver em curso, para preservar a integridade do processo e das pessoas envolvidas, não serão fornecidos detalhes adicionais. Assim que estiver concluso, o caso será encaminhado ao Ministério Público e à Justiça Militar Estadual para as providências cabíveis. Reforçamos que todas as ações serão conduzidas de forma responsável e em conformidade com a legislação aplicável.”

Questionado sobre o flagrante do ‘rolê’ de viatura no motel, o tenente-coronel respondeu com nota em que joga para a PM a responsabilidade por se manifestar, diz não ter ‘declarações a serem feitas’ e encerra em tom de ‘alerta’ à jornalista com quem conversou.

Confira:

“Qualquer informação acerca de assuntos tratados, exclusivamente, no âmbito da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, que digam respeito a eventuais denúncias surgidas que envolvam militares, devem ser buscadas nos setores competentes da Instituição.

Acerca das suas informações, novamente trazidas nesta oportunidade, se tratando de assunto que já foi tratado exaustivamente, em momento anterior, não tenho declarações a serem feitas, especialmente, se tratando de supostos fatos que lhes foram narrados de maneira anônima, cuja veracidade é facilmente questionada.

Por fim, esclareço, com o devido respeito, que, eventual veiculação de informações que digam respeito a este Oficial, de maneira subjetiva e desrespeitosa, com viés sensacionalista e leviano, que atinjam por via reflexa a honrada PMMS, serão tratadas e respondidas pela via legal, imputando aos responsáveis as condutas previstas na Lei.”

O Jornal Midiamax mantém aberto espaço para manifestação e reafirma o compromisso com as boas práticas jornalísticas, preservando amplo direito ao contraditório, a privacidade das vítimas de crimes de natureza sexual e de quaisquer pessoas em situação de vulnerabilidade.

Ressaltamos que eventuais ameaças veladas de assédio judicial não surtem efeito intimidador à redação.

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