Travesti que teve a casa e 90% do corpo incendiados está em coma na Santa Casa
Vítima sofreu queimaduras de 2º e 3º graus na madrugada de domingo (20) e duas suspeitas estão presas
Lívia Bezerra –
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A travesti, de 31 anos, que teve 90% do corpo queimado após ter a casa incendiada com gasolina na Vila Carvalho, em Campo Grande, está em coma na Santa Casa na tarde desta segunda-feira (20).
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Duas travestis, de 22 e 35 anos, estão presas desde a madrugada desta segunda (20) por tentativa de homicídio contra a vítima. A princípio, as investigações apontam que há uma suposta mandante do crime, mas a dupla confessou os fatos.
Ao Jornal Midiamax, o hospital informou que a vítima deu entrada às 8h45 da manhã de domingo (19) em estado gravíssimo, com queimaduras de 2º e 3º graus, por todo dorso, face, pescoço e membros. Atualmente, ela está sedada e entubada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) aos cuidados de médicos neurologistas.
Uma amiga da travesti contou à reportagem que a mãe da vítima mora em Goiânia. Ela está a caminho da Capital sul-mato-grossense para acompanhar de perto o estado de saúde da filha.
Travesti pedia ajuda para salvar cachorro que sofreu queimaduras
A amiga da vítima, de 26 anos, prestou depoimento na delegacia, onde relatou que as duas foram até uma boate na noite de sábado (18) com outros três amigos. Por volta das 3 horas da madrugada, chegaram ao local duas travestis alteradas e aparentemente sob efeito de drogas ou álcool. Segundo a amiga, a dupla estaria procurando confusão no local.
Em determinado momento, a jovem estava dançando com a vítima em uma roda de 15 amigos, que estavam batendo palmas, e o fato teria incomodado as duas travestis que chegaram posteriormente.
Por isso, logo a jovem teria observado que uma das travestis apontava para ela e a amiga ferida. Ainda segundo o depoimento dela, quando a travesti apontava, a mesma batia no peito e deixava os seios à mostra, demonstrando uma provocação.
Tentaram ignorar
Apesar da provocação, a jovem relatou à polícia que ela e a vítima tentavam ignorar. Entretanto, a travesti de 22 anos passou a chacoalhar o seio e chamou a vítima, que foi até ela e as duas começaram a brigar.
Durante a briga, a suposta mandante teria entrado no meio e passado a agredir a vítima. Depois, a amiga entrou para defendê-la e houve uma briga generalizada entre elas.
Com isso, a briga foi separada pelos seguranças da boate, que retiraram a dupla suspeita do estabelecimento. Já na porta da boate, elas se revoltaram e passaram a jogar garrafas e gritar para que a vítima e a amiga também fossem expulsas.
Porém, a vítima e a amiga continuaram dentro da boate e cerca de uma hora depois decidiram ir embora. Diante disso, elas ficaram um tempo em frente a casa da vítima com outros amigos, quando decidiram ir para outra boate. Mas, antes disso, cada um foi para casa para trocar de roupa.
Vítima estava em choque e com corpo queimado
Ainda em depoimento, a amiga da vítima disse que após trocar de roupa, retornou ao imóvel dela, momento em que se deparou com a travesti parada na porta em choque e com o corpo todo queimado.
A mulher contou à polícia que a vítima pediu para ela socorrer seu cachorro, que estava embaixo da cama. Então, ela entrou na casa, viu o imóvel queimado e conseguiu socorrer o animal, que estava ‘sapecado’, segundo o depoimento dela.
Contudo, no momento em que a amiga saía de dentro da casa com o cão no colo, ela viu as duas suspeitas retornando ao local e gritando. Logo, a vítima teria pedido que a amiga fugisse. Então, ela soltou o cachorro e correu para casa, onde pegou uma faca e minutos depois retornou até o imóvel da vítima.
Suspeitas fugiram
Porém, quando a amiga chegou no imóvel da travesti, a amiga afirmou que a dupla já havia sumido do local. Em seguida, a vítima teria dito à amiga: “Olha o que ela mandou para mim, olha o que as meninas dela fizeram, olha como eu fiquei, amiga”, segundo o registro policial.
Logo, a amiga notou que a travesti estava com o corpo tomado por fumaça e sapecada, mas não dizia sentir dor, apenas pedia que salvasse seu cachorro de estimação. Antes da chegada do socorro, a vítima ainda teria pedido para fumar um cigarro.
Depois, chegou uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que realizou os primeiros atendimentos e a vítima chegou a desmaiar devido às queimaduras. Ela foi encaminhada para a Santa Casa, com mais de 90% do corpo queimado, onde está entubada no UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em estado gravíssimo.
Ainda conforme o registro policial, a vítima teve o sistema respiratório bastante atingido pelo fogo.
A amiga da travesti ainda disse em depoimento que a vítima já tinha problemas na justiça com a suposta mandante do crime. Porém, revelou que não sabe a motivação para a tentativa de assassinato, mencionando as provocações ocorridas na boate.
Suposta mandante nega envolvimento com o crime
A suposta mandante foi ouvida na condição de testemunha. À polícia, ela contou que é dona de um pensionato no bairro Amambaí, onde uma das suspeitas mora há seis meses. Já a outra travesti, de 22 anos, reside no imóvel há cerca de duas semanas.
Na delegacia, ela alegou que por volta das 9 horas da manhã de domingo (19) a dupla chegou ao pensionato alterada e aparentando estar sob efeito de drogas. Na ocasião, a dupla dizia que tinha brigado na boate e ateado fogo na travesti. Logo, a proprietária do pensionato teria dito: “bonito, né, agora vem a polícia e prende vocês”, segundo o registro policial.
Depois, já durante a madrugada, a Polícia Civil esteve no imóvel a procura das três. Logo, a proprietária falou que soube do estado de saúde da vítima. Afirmou ainda que outra travesti havia ligado para ela lhe dizendo que uma outra pessoa afirmou que ela seria mandante do crime.
Porém, a mulher negou qualquer envolvimento com a tentativa de homicídio, alegando que não saiu de casa e nem conversou com a dupla.
A mulher ainda disse que há cerca de seis anos teve um desentendimento entre ela e outra travesti, sendo que a vítima entrou no meio da briga. Na época, um boletim de ocorrência chegou a ser registrado. Depois, ela alega que não teve mais contato com a vítima e a situação foi resolvida.
Por fim, a mulher relatou que as travestis fazem referência a ela como cafetina, mas alegou que ela é apenas proprietária do pensionato.
Travestis foram até um posto para comprar gasolina
Segundo a delegada que atendeu ao caso, Cynthia Gomes, as duas foram até um posto de combustível na região para comprar gasolina e depois se dirigiram até a casa da vítima, onde atearam fogo.
A vítima foi tirada da casa em chamas por testemunhas. Tempo depois, a dupla ainda retornou ao local do crime, segundo ela, para tentar reaver o que havia sido levado pela vítima.
Ainda conforme a delegada, vítima e autoras se conheciam das ruas, mas não tinham amizade.
Tentativa de assassinato
Aos policiais, uma testemunha relatou que estava na frente de sua residência quando viu a autora chegando na casa da vítima com um galão de gasolina, momento em que ela começou a despejar o líquido por baixo da porta, pelas frestas e ainda jogou pelas escadas do imóvel. Na sequência, fechou uma porta de grade e ateou fogo, fugindo do local.
Essa testemunha controlou as chamas e retirou a vítima, que estava queimada, do local. Contudo, a autora do incêndio retornou minutos depois.
Uma segunda testemunha relatou aos policiais que conseguiu identificar a autora como uma travesti também. Isso porque, na noite anterior, em uma boate, a vítima e a autora teriam se desentendido por questões relacionadas aos serviços de prostituição.
Suspeita está envolvida na morte de caminhoneiro em motel há 12 dias
Uma das travestis acusada de tentar matar outra queimada na madrugada de domingo (19) está envolvida também no caso em que o caminheiro Jeferson Pontes Barbosa, de 32 anos, morreu em um motel na Vila Taveirópolis, em Campo Grande.
A morte de Jeferson aconteceu no último dia 8, há 12 dias. Ele foi agredido pela travesti após discordância por conta de valores de programa sexual, porém a polícia acredita que a morte tenha sido natural, e não decorrente das agressões. O caso ainda está em investigação.
O delegado Sam Aranha, que investiga a morte de Jeferson, explicou ao Jornal Midiamax que ainda não chegaram os laudos que comprovem a real causa da morte da vítima. Por enquanto, o caso segue em investigação como morte a esclarecer.
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