O tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa, condenado na esfera penal após a Operação Oiketicus, da Máfia dos Cigarreiros, agora foi denunciado por improbidade administrativa. Em janeiro deste ano, o MPMS pediu pela exclusão do militar dos quadros da PM (Polícia Militar).
A denúncia de improbidade administrativa está na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, que marcou audiência de instrução e julgamento para 25 de junho às 14 horas.
“Nesse sentido, extrai-se do contexto trazido na referida peça que haveria um suposto grupo/organização nesta capital composta por agentes Policiais Militares do Estado, dentre os quais os requeridos acima nominados, que teriam se unido com a finalidade de favorecer a atividade ilegal de contrabando de cigarros, em contrapartida ao recebimento de propina paga pelos contrabandistas, atuando de maneira estável e organizada, pelo menos desde o ano de 2015, dividindo as tarefas de suporte ao grupo criminoso, notadamente na interferência de fiscalizações de caminhões carregados, em dois núcleos policiais, com atuação nas regiões Oeste e Sul do Estado, por onde seriam escoados os produtos contrabandeados”, fala a denúncia.
E por fim a denúncia traz: “Como se vê, ao contrário do sustentado na preliminar, é possível delimitar a conduta dos requeridos para fins de improbidade, sendo que a inicial relata de forma bem discriminada a atuação dos requeridos, sendo tal narrativa a princípio corroborada pelos elementos trazidos na inicial, em espécie o fato de que foram condenados no âmbito da ação penal, que averiguou as mesmas condutas aqui tratadas, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de capitais e organização criminosa”. Se desejarem ser interrogados, os oficiais deverão comparecer ao local da audiência.
MPMS pede exclusão
O MPMS lembra a condenação de Admilson por corrupção passiva e promover, constituir, financiar e integrar organização criminosa cometidos entre abril de 2016 e maio de 2018. Tudo foi investigado no contexto da Operação Oiketicus.
Então, o MP aponta que “sua permanência nas fileiras da Polícia Militar representa um inegável risco à hierarquia militar, uma vez que se admitiria um criminoso como superior hierárquico de dezenas de Majores, Capitães e Tenentes, os quais devem ter como superior um exemplo íntegro e respeitável de policial militar”.
Ele foi condenado com a Máfia dos Cigarreiros a pena de 4 anos, 9 meses e 18 dias no regime semiaberto, com trânsito em julgado em fevereiro de 2022, ou seja, sem possibilidade de novos recursos. Atualmente, o tenente-coronel está na reserva da PM e recebe remuneração de R$ 31.688,71.
Máfia dos Cigarreiros
A primeira fase da Operação Oiketikus foi desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pela Corregedoria Geral da Polícia Militar em 2018.
Na operação, foram presos 29 policiais, que foram denunciados por corrupção passiva e organização criminosa, por integrarem a chamada Máfia dos Cigarreiros.
As investigações iniciaram em abril de 2017 e apontaram que policiais militares de Mato Grosso do Sul davam suporte ao contrabando, mediante pagamento sistemático de propina. Com isso, eles interferiam na fiscalização de caminhões carregados de cigarros.
Isso, para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos. Os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015, estruturalmente ordenados e com divisão de tarefas. As atividades eram desenvolvidas em dois grandes núcleos.