Em julgamento na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Eriton Amaral de Souza, réu pelo assassinato de “Opalão do PCC” em março de 2024, admitiu que tinha uma rixa com Mateus Pompeu Dias, mas que não que cometeu o crime por vingança. Ele foi alvo de um atentado há dez anos e a esposa perdeu o bebê na época.
Em 2015, Mateus e Eriton se envolveram numa briga em uma unidade prisional. O réu foi agredido e teria passado a sofrer ameaças de “Opalão”.
Já em 2016, Eriton levava a esposa grávida para fazer ultrassom quando foi surpreendido por uma dupla em uma motocicleta, que atirou contra o casal. Ele ficou ferido e a esposa entrou em trabalho de parto, e acabou perdendo o bebê.
O réu disse em depoimento que um dos criminosos era Mateus. “Quem estava nessa moto no dia dos fatos era o Mateus. Ele estava de capacete e reconheci”, garantiu.
Eriton não registrou boletim de ocorrência. Questionado pelo juiz Carlos Alberto Garcete se pensou em se vingar, ele negou.
“Eu fiquei com aquele vazio dentro do coração, no peito, não dormia bem, não conseguia viver bem. Não foi uma vingança, um ódio guardado, é uma coisa que só quem perdeu vai poder responder isso”, disse.
Anos depois, Eriton estava assistindo vídeos no telefone celular quando viu um conteúdo em que aparecia Mateus. Em seguida, encontrou o endereço dele. “Eu não estava procurando ele [Mateus]”, sustentou.
A arma foi comprada uma semana antes do crime em um grupo da rede social Facebook. O homicídio foi registrado em 21 de março de 2024, no Jardim Montevidéu, região norte da Capital.
Réu disse que não conhecia policial e não o tinha como alvo
No dia do crime, Thiago Martins Dias, 1º sargento da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), passava pela Avenida Ana Rosa Castilho Ocampos quando viu Eriton atirando contra Mateus. O réu tentou fugir e atirou contra o policial, lotado no BPChq (Batalhão de Polícia de Choque).
Após uma perseguição, o 1º sargento deteve o autor. “Abri o camburão e conversei com ele, que me falou que não sabia que era policial. Ele era conhecido pela polícia por ser um excelente pistoleiro”, disse.
“Perguntei porque atirou e ele falou ‘não me prende, porque ele estuprou alguém, eu tenho rixa com ele’. Ele falou dessa forma: ‘Era para eu ter matado ele no sábado, mas ele estava com a família’”, completou o policial.
Por sua vez, Eriton admitiu que não sabia que Thiago era policial. Ele não ouviu a abordagem do militar por estar usando capacete.
“Quando olhei para trás o carro continuou a me perseguir. Pensei que poderia ser um desafeto ou um amigo dele. Meu problema não era com o policial, mas, sim com o Mateus”, afirmou.
Defesa vai pedir absolvição de réu pela morte de ‘Opalão do PCC’
A defesa é conduzida pelos advogados Amilton Ferreira de Almeida, Larissa de Almeida Tobaru e Maricelly de Oliveira Vicente. “A expectativa é se dividir em duas partes. Nós vamos alegar forte emoção em relação a vítima Matheus. E pediremos absolvição em relação a vítima Thiago, o policial”, disse Larissa.
“A defesa estudou muito para isso e, além de advogados, nós precisamos às vezes fugir um pouco da nossa área para poder entender o que seria essa violenta emoção. Então, nós fomos um pouco para o lado da psicologia, tivemos que estudar sobre os sentimentos para poder dar uma aprofundada nisso. Para que possamos demonstrar para vocês, os jurados, o que é essa violenta emoção”, complementou Maricelly.
A acusação é de responsabilidade do MPMS (Ministério Público do Estado de MS). Caberá aos sete membros do Conselho de Sentença decidir pela condenação ou absolvição e ao juiz Carlos Alberto Garcete.
‘Opalão do PCC’ foi morto em plena luz do dia há um ano
Na manhã de 21 de março de 2024, Eriton conduzia uma motocicleta e abordou Mateus, que estava em um Fiat Uno. Sem dizer nada, sacou uma arma de fogo e matou a vítima. O policial militar Thiago Martines Dias testemunhou o crime e abordou Eriton.
Ele atirou contra o agente, que conseguiu desviar dos disparos, e fugiu. Thiago perseguiu o autor e acabou o prendendo quando ele caiu da motocicleta.
Conhecido como “Opalão do PCC”, Mateus tinha extensa ficha criminal, com 58 registros, que vão desde homicídio até estupro de vulnerável. O assassinato seria um acerto de contas entre criminosos. A esposa dele, Sônia Estela Flores, foi assassinada por engano em abril de 2020.
Sônia foi assassinada com tiro na cabeça, no Jardim Noroeste, região norte da Capital, enquanto segurava o bebê no colo. Na época, os pistoleiros queriam matar o marido dela, ex-presidiário que vinha sendo ameaçado de morte pela facção criminosa da qual teria sido membro.
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