Mato Grosso do Sul é considerado território perigoso para as mulheres. Só nos primeiros sete meses de 2025, o Estado registrou média de 58 mulheres agredidas, por dia, dentro de suas casas e por parte dos homens em quem confiavam.
Ou seja, a cada duas horas, uma mulher se tornou vítima de violência doméstica, conforme dados do Monitor da Violência Contra a Mulher. O cenário se reflete em 20 feminicídios registrados ao longo de 2025.
O monitor aponta que, até a última sexta-feira (1º), 12.192 mulheres sul-mato-grossenses haviam denunciado um homem por violência doméstica. Isso mostra que, em apenas sete meses, 58 mulheres foram agredidas por dia — em 40.081 casos as agressões partiram do próprio cônjuge.


Nesse mesmo período, o Estado também já registrou 20 feminicídios — mulheres mortas apenas pelo fato de serem mulheres. Assim, os números são expressivos mostrando a realidade enfrentada por muitas mulheres em MS.
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Rompimento do ciclo de violência
O Jornal Midiamax conversou recentemente com a delegada titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Fernanda Piovano. Na especializada, atualmente, a maior dificuldade enfrentada é fazer com que as vítimas rompam o ciclo de violência.
“O ciclo de violência doméstica é complexo. Quando nos aprofundamos na matéria, percebemos que há várias dificuldades, tanto pela complexidade da situação — aquilo que dificulta a mulher de sair daquele ciclo — por vergonha ou medo de exposição. Esse ciclo é o nosso maior desafio, fazer com que a mulher compreenda que está inserida em um ciclo, que acredite na possibilidade de o agressor fazer algo pior contra ela e que contribua com as medidas que temos à disposição”, explicou Piovano.
A delegada pontuou que, na especializada, a equipe trabalha para que a mulher dê continuidade a todo o processo após a primeira denúncia. “Sabemos que as circunstâncias que a inibem de dar continuidade aos procedimentos são diversas. Por isso, precisamos contribuir com isso, encorajá-la, empoderar essa mulher não apenas a fazer o registro, mas de fato a sair dessa relação. Precisamos contribuir com toda essa complexidade e não só oferecer essa proteção imediata, mas dar a ela meios reais para conseguir sair dessa relação”, pontuou.
20 feminicídios em apenas sete meses
Durante os sete primeiros meses de 2025, Mato Grosso do Sul já registrou 20 feminicídios. Ou seja, a cada 9 dias uma mulher é morta no Estado.
O último registro ocorreu em Ribas do Rio Pardo, cidade com pouco mais de 23 mil habitantes, conforme o Censo de 2022. A professora Cinira de Brito, de 44 anos, foi assassinada com cinco pelo ex-marido, Anderson Alfredo Orlanda.
Em 181 dias com 20 feminicídios, a média é de uma mulher assassinada a cada 9 dias no Estado. Cinira foi vítima de uma emboscada de Anderson, que se escondeu no quintal da casa armado com uma faca, surpreendendo a professora.

A primeira vítima de feminicídio foi Karina Corim, em Caarapó. Ela foi ferida a tiros dentro da loja onde trabalhava, chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital. Renan ainda colocou fogo na loja e depois atirou contra a própria cabeça, morrendo no local. Ele usou a arma do pai, que é policial militar, para cometer o crime. Renan não aceitava o fim do relacionamento.
Já no dia 12 fevereiro, a jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-noivo, Caio Nascimento. Ele foi preso e virou réu pelo crime de feminicídio. Caio tinha várias passagens por violência doméstica.
Em maio, um duplo feminicídio chocou o Estado. Mãe e filha, uma bebê de 10 meses, foram assassinadas e tiveram os corpos queimados em Campo Grande. Vanessa Eugênia e Sophie Eugênia foram mortas por João Augusto, marido e pai das vítimas. Quando preso, João não demonstrou nenhum remorso.
Vítimas de feminicídios em Mato Grosso do Sul:
- Karina Corim (Caarapó) – 4 de fevereiro
- Vanessa Ricarte (Campo Grande) – 12 de fevereiro
- Juliana Domingues (Dourados) – 18 de fevereiro
- Mirielle dos Santos (Água Clara) – 22 de fevereiro
- Emiliana Mendes (Juti) – 24 de fevereiro
- Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) – 1º de março
- Alessandra da Silva Arruda (Nioaque) – 29 de março
- Ivone Barbosa (Sidrolândia) – 17 abril
- Thácia Paula (Cassilândia) – 11 de maio
- Simone da Silva (Itaquiraí) – 14 de maio
- Olizandra Vera Cano (Coronel Sapucaí) – 23 de maio
- Graciane de Sousa Silva (Angélica) – 25 de maio
- Vanessa Eugênio Medeiros (Campo Grande) – 28 de maio
- Sophie Eugenia Borges, filha de Vanessa Eugênio Medeiros (Campo Grande) – 28 de maio
- Eliana Guanes (Corumbá) – 6 de junho
- Doralice da Silva (Maracaju) – 20 de junho
- Rose (Costa Rica) – 27 de junho
- Michely Rios Midon Orue (Glória de Dourados) – 3 de julho
- Juliete Vieira – (Naviraí) – 25 de julho
- Cinira de Brito (Ribas do Rio Pardo) – 31 de julho
📍 Onde buscar ajuda em MS
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana.
Além da Deam, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os fins de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.
Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.
📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.
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