Piloto ‘heroico’ de MS diz que ficou desorientado devido ao mau tempo

O helicóptero decolou sob visibilidade ruim em razão do tempo fechado

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(Divulgação/Bombeiros/Defesa Civil)

O piloto ‘heroico’ sul-mato-grossense, Edenilson de Oliveira Costa, contou aos policiais durante seu resgate que ficou desorientado devido ao mau tempo durante o voo, e que isso teria provocado o acidente. A queda aconteceu na quinta-feira (16), mas a aeronave só foi encontrada na sexta-feira (17).

Edenilson é natural de Dourados, em Mato Grosso do Sul, mas mora no interior de São Paulo.

Conforme apurado pelo G1, a desorientação espacial acontece quando o piloto não consegue detectar corretamente a posição, o movimento, a atitude do avião ou de si mesmo. Segundo o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que investiga as causas do acidente, essa desorientação é capaz de criar ilusões (falsas informações sensoriais).

Segundo a sala de rádio do heliporto Helicidade, o helicóptero que caiu com quatro pessoas na Grande São Paulo, decolou às 19h16 de quinta-feira (16) sob visibilidade ruim em razão do tempo fechado.

Quatro pessoas estavam a bordo: Edenilson de Oliveira, o piloto, e Bethina Feldman, de 12 anos, passageira sobreviveram. André Feldman, de 50 anos, e Juliana Elisa Alves Feldman, de 49 anos, pais de Betina, não resistiram aos ferimentos e morreram no local.

O piloto e a criança foram levados para o Hospital das Clínicas, na Zona Oeste da capital, segundo a Secretaria da Segurança Pública.

Piloto e menina são resgatados de local de queda de helicóptero em Caieiras, na Grande SP. (Foto: Reprodução/TV Globo)

O helicóptero, um Eurocopter EC130, é autorizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a fazer apenas voos visuais. A aeronave não estava autorizada a fazer voos sob instrumento —com auxílios de navegação gerados por computador de bordo.

Edenilson era piloto particular do casal de empresário há anos. Ele tem 15 anos de experiência.

Condições meteorológicas

O piloto Décio Corrêa, presidente do Fórum Brasileiro de Transporte Aéreo, ressalta sobre a importância de ter consciência para decidir voar em determinadas condições meteorológicas, já que é um dos principais fatores em caso de acidente aéreo.

“É importante saber por que esse helicóptero estava ali à noite. Fator meteorológico é de altíssima relevância. Vai precisar entender por que um helicóptero decola à noite com a cidade em estado de atenção, sabendo que entre os fatores que ocasionam acidentes, um seríssimo é o meteorológico. Temos fator humano, manutenção, operação, mas fator meteorológico é de altíssima relevância quando você começa a analisar um acidente aeronáutico”, afirma.

E complementa: “Fator meteorológico, primeiro, te tira totalmente a visibilidade. Você não tem visão. Chuva, malha de água, fortes ocorrências de formação meteorológica severa, extratos, teto baixo, o helicóptero entra numa situação [complicada]. Ou você voa visual ou por instrumento. E naquelas condições não havia condição nenhuma de voar por instrumento e visual à noite é complicado”, explicou.

Piloto ‘heroico’

O tenente porta-voz da Defesa Civil do Estado de São Paulo, Maxwel de Souza, disse em entrevista que o piloto Edenilson de Oliveira Costa foi heroico. Isso, porque protegeu e cuidou da criança que sobreviveu ao acidente com um helicóptero na noite de quinta-feira (16).

“Quero me render aqui ao ato heroico desse piloto, que ficou cuidando dessa criança e a manteve sob seus cuidados durante todas essas horas até que a primeira equipe [de resgate] chegasse”, declarou o tenente.

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