‘Entrou em surto’: Assim, João Augusto de Almeida justificou o duplo feminicídio da ex-esposa Vanessa Eugênia Medeiros, de 23 anos, e da filha Sophie Eugenia Borges, de 10 meses. O réu foi ouvido durante a primeira audiência de instrução e julgamento na tarde desta terça-feira (10), onde disse estar arrependido e alegou que estaria em um suposto surto naquele 26 de maio.
Durante o primeiro depoimento prestado ao delegado Rodolfo Daltro, titular da DHPP (Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa), João disse que não pagaria pensão para duas mulheres. Contudo, nesta tarde, ele negou que o crime tenha sido motivado por isso.
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Mesmo orientado pela defesa a não falar, João disse que matou a esposa e a filha, durante um momento de surto. Isso porque ele teria ido ao supermercado comprar alguns itens, mas diante da falta de algumas coisas, o casal teve uma discussão e Vanessa teria dado um tapa em seu rosto.
Foi nesse momento que ele revelou que entrou em uma espécie de surto — mesmo não tendo nenhum problema psiquiátrico constatado. Diante da situação, matou primeiro a esposa e posteriormente a filha. Já em relação à carbonização dos corpos, confessou que foi para ‘se livrar’.
‘Orientado a não falar’
Após a audiência que aconteceu na 2ª Vara do Tribunal do Juri, a advogada de defesa do acusado, Maryane dos Santos Cruz, informou que o crime não foi cometido devido ao pagamento de pensão, reforçando a sustentação de João.
“Desde o início, ele alegou que seria um surto que ele teve. Foi uma briga, no momento da discussão ele acabou realizando os fatos. O motivo não foi por pensão, ele falou em primeiro momento isso. Foi mesmo na hora da raiva e fúria”, reforçou a advogada.
‘Que a justiça seja feita’
Após a audiência, a irmã de Vanessa conversou com a imprensa, na qual informou que espera que a justiça seja feita perante ao duplo feminicídio cometido pelo ex-cunhado.
“A Vanessa não precisava de pensão, a gente como família ajudava. Ele não ia precisar pagar pensão. Que ele seja mantido preso, que ele pague pelos crimes que ele fez, pessoas que ele falava que amava”, disse.
Carro como forma de pagamento
Uma das primeiras testemunhas de acusação a ser ouvida foi um adolescente, de 17 anos, que trabalhava com o acusado em uma distribuidora de bebidas. Durante o seu depoimento, ele solicitou para o réu sair da sala. Posteriormente, contou que João chegou a oferecer o seu próprio veículo como forma de pagamento para ele ajudar a ocultar os corpos de Vanessa e Sophie.
Uns quatro dias antes da morte, ele chegou a oferecer o carro como pagamento para eu ajudá-lo a queimar os corpos”, disse o adolescente.
A testemunha disse que, em certo momento, até chegou a aceitar a proposta de João. “Aceitei o carro no primeiro momento, mas depois, quando vi que era sério, desisti. Ele me ligou várias vezes para eu ajudá-lo, mas eu não atendi”, relembrou o adolescente.
João, dias antes de cometer o crime brutal, que chocou até os delegados mais experientes de Mato Grosso do Sul, chegou a perguntar se o adolescente conhecia alguém que poderia assassinar mãe e filha.
“Ele chegou em mim e falou se conhecia alguém que fazia ‘corre’. Perguntei do quê? Ele disse para matar pessoa. Falei que não”, contou o adolescente.

Imagens mostram assassino colocando fogo nos corpos de mãe e filha
Pelas imagens é possível ver quando o carro em que estava João Augusto e os corpos de Vanessa e Sophie passa às 21h50 na estrada. O veículo se distancia e oito minutos depois um clarão é visto. Este é o momento em que mãe e filha, mortas asfixiadas, têm os corpos carbonizados.
O MPMS ofereceu denúncia contra João Augusto no dia 2 de julho e pediu indenização para a família de Vanessa e Sophie. “Os motivos dos crimes são torpes, pois o acusado matou as vítimas Sophie e Vanessa por, respectivamente, não desejar continuar com suas responsabilidades paternais e pelo ódio vingativo que nutria por Vanessa, decorrente das dificuldades que viviam no relacionamento”.
“Outrossim, a família das vítimas faz jus ao recebimento de indenização por danos morais, pois teve seu estado psicológico afetado, passando por transtornos psíquicos e morais em razão do feminicídio, conforme prevê o artigo 91, inciso I do Código Penal”, fala o MPMS.


Depoimento
O depoimento foi prestado ao delegado Rodolfo Daltro, titular da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa). João falou sobre o começo do relacionamento entre ele e Vanessa, quando se conheceram em um aplicativo de relacionamento e passaram a morar juntos, com dois meses de namoro.
Quando questionado sobre como era o relacionamento, João disse que era conturbado, que havia muitas brigas, discussões, que era ciumento, e Vanessa não aceitava os pedidos de mudança de comportamento.
Quando Vanessa ficou grávida, João disse ter aceitado a gravidez, mas, depois que Sophie nasceu, ele revelou que passou a ter raiva da filha. Disse ter ódio quando a bebê completou dois meses. “Se eu não tivesse matado ela [Sophie], eu teria doado”.
Apesar de não estar sob efeito de nenhuma droga, João não demonstrou remorso algum pelos crimes. Ele ainda falou que Vanessa queria se separar logo após a bebê nascer, mas ele não aceitava o fim, já que temia que a pensão a ser paga pudesse ter um valor muito alto.
“Ela [Vanessa] disse que ia embora com a pequena e que ia fazer a Sophie me odiar e que, se alguma coisa acontecesse com ela, a bebê ficaria com minha cunhada”, disse João.
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