Paulo Cupertino Matias, réu pela morte do ator da novela “Chiquititas”, Rafael Miguel, de 22 anos, e seus pais, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Silva Miguel, de 52 e 50 anos, respectivamente, chorou durante o segundo dia de julgamento nesta sexta-feira (30).
O crime aconteceu em 2019, quando as vítimas foram assassinadas na zona sul de São Paulo. Cupertino chegou a fugir para Mato Grosso do Sul após o crime, onde ficou aproximadamente 8 meses usando nome falso e foi preso em maio de 2022.
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Nesta sexta-feira (30), ocorre o segundo e último dia de seu julgamento no estado paulista. O júri popular é composto por 7 pessoas, sendo quatro homens e três mulheres.
Durante o julgamento, Cupertino chorou ao ouvir uma carta de sua sobrinha, lida por uma de suas advogadas no plenário. Segundo o jornal O Globo, na carta, a familiar se referiu ao réu como uma pessoa de “bons princípios”, “sonhador” e que “nunca foi um monstro”.
A advogada de defesa de Cupertino, Juliane Santos de Oliveira, justificou em plenário sobre o tempo que o cliente ficou foragido. Ela falou que o réu temia reações por causa de um “linchamento midiático” que sofreu. “Estar foragido não é nota de culpa”, declarou.
Defesa pediu que jurados ‘descontaminem’ opiniões sobre réu
Além disso, a advogada de Cupertino falou que há ausência de provas no processo e pediu que o júri ‘descontamine’ suas consciências em relação ao que leram e ouviram sobre o assassinato na mídia.
Também, a advogada Mirian Nunes Souza reclamou de violações ao longo do processo e pedidos rejeitados pela Justiça. Falou, ainda, que houve uma quebra de cadeia de custódia e cerceamento do direito de defesa. Para ela, faltou perícia em um spray de pimenta que seria do ator e das cápsulas de munição encontradas no local do assassinato.
Logo, o juiz Antônio Carlos Pontes de Souza pontuou que a advogada pretendia pedir produção de novas provas durante o júri popular. O magistrado negou omissão e garantiu que as decisões ocorreram baseadas na lei.

‘Mentiu de cara lavada’, disse promotor
Pouco antes da defesa de Cupertino pedir que os jurados ‘descontaminem’ as opiniões, o promotor Thiago Alcocer Marin, do MPSP (Ministério Público de São Paulo), falou que Cupertino “mentiu de cara lavada” e transformou o julgamento em um “picadeiro” ao negar os assassinatos.
O promotor também falou que nunca pegou um processo com tantas provas de autoria. Conforme publicou o jornal O Globo, Marin destacou que nada foi roubado do ator e de seus pais e que a perícia encontrou cartuchos deflagradas do mesmo calibre da arma registrada em nome do réu, no local do crime.
“Se não foi ele, quem foi? Não tem outra pessoa. Ninguém tinha motivo para levantar um dedo para aquela família, a não ser ele. A rainha das provas é a lógica humana. Tem lógica não ser o responsável por um crime e ficar três anos foragido? Foi ele que matou, e mais ninguém. Se tem rabo de gato, pelo de gato, orelha de gato e mia, é um gato”, disse o promotor durante o júri popular.
Primeiro dia de julgamento durou 11 horas
O primeiro dia do julgamento de Paulo Cupertino encerrou a noite, tendo duração total de 11 horas. Ao todo, falaram sete testemunhas, com o começo do depoimento de Isabela Tibcherani Matias, filha de Cupertino.
“Ele espancava ela na nossa frente”, disse Isabela sobre o histórico de Cupertino com sua mãe, Vanessa.
Ainda durante o depoimento, Isabela contou que, certa vez, a mãe dela saiu com as amigas durante a noite, e ela e o irmão ficaram com uma babá. A mãe deles não voltou antes de eles terem ido dormir, o que a deixou preocupada.
Assassino de ator se escondeu em MS
De acordo com o delegado Pablo Ricardo Campos dos Reis, da Delegacia de Polícia Civil de Eldorado, todos ficaram surpreendidos ao descobrirem quem Paulo realmente era. O foragido usava o nome de Manoel Machado da Silva e evitava exposição. “Era um indivíduo pacato. Saía apenas para ir a lotérica ou para comprar cigarro”, disse.
Durante a pandemia, deixou a barba crescer e saía apenas de máscara, dificultando ainda mais que fosse identificado. “Ele teve contato com muitas pessoas por causa do trabalho no assentamento, mas ninguém nunca desconfiou de nada, por isso todos foram pegos de surpresa”, explicou o delegado que ajuda a Polícia Civil de São Paulo.
Pablo explica que as investigações eram conduzidas pelo Departamento de Homicídios do estado vizinho, mas diz que a polícia sul-mato-grossense tem prestado apoio. O delegado ressaltou ainda que o dono da chácara responsável pela contratação de Cupertino, identificado como Alfonso Helfenstein, é piloto de avião e também é foragido.
“Contra ele há um mandado de prisão por tráfico”, disse Pablo. Alfonso já havia sido preso em 2008 por transportar 300 quilos de maconha. Os dois foram vistos pela última vez na terça-feira da semana passada, onde há registro de pouso e decolagem de uma aeronave na propriedade de Alfonso. É possível que ambos tenham fugido juntos.
Paulo Cupertino ficou aproximadamente 8 meses escondido em MS.
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