Durante o julgamento da salgadeira Aparecida Graciano de Souza – ré por envenenar e esquartejar Antônio Ricardo Cantarin – ocorreu um bate-boca entre a defesa da mulher e a acusação no Fórum de Três Lagoas, na tarde desta quarta-feira (11).
O julgamento da salgadeira, presidido pelo juiz de Direito, Rodrigo Pedrini Marcos, da 1ª Vara Criminal de Três Lagoas, ocorre desde a manhã.
Pouco depois de um dos intervalos durante os debates do júri popular, um bate-boca deixou os ânimos exaltados no plenário. Isso porque o advogado Rogério de Souza Silva, que representa a defesa da salgadeira, falou que não há exame pericial conclusivo para o uso do veneno.
Logo, o promotor de justiça Dr. Luciano Anechini Lara Leite esclareceu que não houve a juntada do documento, mas houve, sim, o laudo pericial.
“Se ele vai induzir os jurados ao erro, eu peço a vossa excelência que estou requerendo que seja apontada a página dos autos em que diz que não houve o exame pericial. Qual é a página dos autos? Foi requerida a juntada do laudo que não voltou, é diferente tá doutor?! O senhor costuma manipular as coisas assim, então a gente vai fazer todas as questões de ordem necessárias”, disse.
Em seguida, a defesa confirmou e o promotor revelou que estudou o processo desde 2023 e afirmou: ‘eu não caí de paraquedas’.
‘Amnésia auditiva’
Depois, o advogado Rogério falou em plenário que a cliente é confessa e mencionou uma amnésia auditiva. “A senhora fez o que a senhora fez por qual razão? Quando se falou do alegado estupro, tem uma amnésia auditiva. Ela disse na delegacia, disse em juízo e disse aqui, nós vamos repetir”, disse.
Neste momento, promotor rebateu: “Amnésia auditiva não, é a mesma pessoa que diz que cuidava bem dele, decapitado, né doutor”. Então, os ânimos se exaltaram e o juiz pediu ordem.
No entanto, o bate-boca continuou, sendo o promotor Dr. Luciano acusado de desrespeito com a defesa, momento em que o mesmo rebateu novamente e disse que, na verdade, ele é quem está sendo ofendido. “O que eu estou sendo indelicado com isso, desrespeitoso com isso? O senhor está dizendo que eu fui deselegante”, falou o promotor.
Diante da discussão, o magistrado colocou ordem novamente. “Vamos manter a ordem aqui, não sou peça de enfeite aqui nesse júri”, ordenou.

Defesa alega que salgadeira esquartejou marido após abusos sexuais e ameaças
Conforme os advogados Kethiny Figueiredo, Rogério de Souza e Valdir Rocha dos Santos, Aparecida teria vivido durante quase dois anos sob cárcere emocional, sendo supostamente dopada e violentada rotineiramente pelo marido.
Aparecida era forçada a consumir bebidas alcoólicas misturadas a medicamentos e abusada enquanto estava inconsciente, conforme o relato dos advogados ao site Rádio Caçula. “Ela foi colocada em uma situação de terror diário. No dia dos fatos, ele se revelou: disse que não precisava mais dopá-la para fazer o que queria. Aquilo foi o estopim”, relatou o advogado Valdir Rocha.
Relembre o caso
Em interrogatório, a idosa contou que se lembrou de quando a irmã quase morreu ao ingerir veneno de rato, e por isso, resolveu dar ao marido, dizendo que era remédio. Ao anoitecer, constatou que o marido já havia morrido e ela cobriu o corpo com um lençol.
Na segunda-feira, dia 22 de maio de 2023, a mulher disse para os vizinhos que parentes do marido haviam levado ele para tratamento em São José do Rio Preto, em São Paulo.
Preocupada com o corpo que estava em sua residência e já estava cheirando mal, na terça-feira, dia 23, pela manhã, a idosa esquartejou o marido separando o tronco, a cabeça e braços e pernas. Disse ainda que sempre matou porcos e sabia como fazer esse procedimento. Ela então colocou plástico na cama e usou panos para conter o sangramento.
No dia seguinte, quarta-feira, dia 24, como o cadáver começou a cheirar mal, a mulher colocou o tronco em uma mala preta e o restante em sacos plásticos e armazenou em um freezer.
Como não conseguia carregar a mala com o corpo, a mulher pediu ajuda de dois rapazes, dizendo que na mala havia retalhos de tecidos. Após colocar a mala dentro do carro, a mulher seguiu em direção à rodovia, na saída para Três Lagoas, depois entrou em uma estrada que já conhecia e empurrou a mala da porta do carro e voltou para a cidade.

No outro dia, quinta-feira, dia 25, a mulher não conseguiu se desfazer do restante do corpo, pois o carro havia apresentado problema. Então, no dia seguinte, conseguiu deixar as outras partes também na saída para Três Lagoas.
No mesmo dia, a polícia apareceu em sua casa. A princípio ela negou, mas depois de entrar em contradição confessou que matou o marido com veneno de rato e o esquartejou. Então, indicou aos policiais onde estava o restante do corpo.
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