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Polícia

‘Não havia sido legítima defesa’: contradições em depoimento levam à prisão de fazendeiro pela morte de vizinho em MS

As investigações apontam que Volnei não estava armado com faca naquela manhã
Layane Costa, Marcos Morandi -
Fazendeiro foi preso na manhã desta segunda-feira. (Foto: Reprodução, Sidney Bronka)

O investigado pela morte do produtor rural Volnei Kommers Beutinger apresentou diversas contradições sobre o crime durante os depoimentos prestados à polícia de . As contradições envolvem a alegação de legítima defesa, inicialmente apresentada para proteger o filho na manhã daquela quinta-feira (10), no distrito de Itahum.

Diante das contradições, o delegado Lucas Veppo representou pela prisão preventiva do investigado, que foi cumprida no final da manhã desta segunda-feira (14), em sua própria fazenda, onde ocorreu o homicídio.

“[Havia] algumas contradições dos depoimentos colhidos com o que visualizamos na cena do crime, com a dinâmica apresentada. Havia muitas contradições, depoimentos que contrariavam o que observamos lá. Fizemos crer que a situação não havia sido de legítima defesa, como ele alegava no primeiro momento”, disse o delegado.

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Na data dos fatos, gado de Volnei teria escapado e invadido a propriedade do fazendeiro. Com isso, houve uma discussão entre a vítima e o filho do investigado. Diante da situação, ele teria se envolvido na briga e, com um revólver, efetuado um disparo no peito da vítima.

Para a polícia, o fazendeiro afirmou inicialmente que Volnei estava armado com uma faca e, por isso, teria reagido em legítima defesa. Mas, com base nas provas colhidas no local, a vítima não estava armada.

“Junto ao corpo da vítima, não havia faca, nem qualquer indício de que ele estivesse armado. A vítima não portava bainha ou qualquer objeto que indicasse estar com uma faca, ou qualquer coisa que pudesse usar para atacar o filho do investigado”, explicou Veppo.

Volnei Kommers Beutinger. (Divulgação)

Demonstrou arrependimento

Durante a coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda-feira, o delegado que cuida do caso afirmou que o fazendeiro demonstrou arrependimento pelo crime, mesmo afirmando que mantinha várias desavenças com Volnei.

“Ele se mostrou bastante comovido com a situação, dizendo que não gostaria de ter causado a morte da vítima. Hoje, também se mostrou emocionado tanto em sua residência quanto no caminho até aqui”, relatou o delegado.

Cena de crime desfeita

O delegado Lucas Veppo afirmou que houve dificuldades na identificação da cena do crime, já que o corpo de Volnei foi retirado da propriedade do investigado e levado até a sede da fazenda da própria vítima.

“Nós tivemos dificuldade em identificar onde, de fato, a briga e a discussão se iniciaram. A cena foi totalmente desfeita. A vítima foi levada para sua fazenda e não conseguimos identificar com precisão o verdadeiro local onde tudo aconteceu, se a dinâmica apresentada era verdadeira ou não”, afirmou.

Filho do fazendeiro não será investigado

Durante a coletiva, foi questionado ao delegado se o filho, de 37 anos, poderia responder pelo crime. Contudo, Voppe explicou que, inicialmente, as investigações apontam que ele não teve envolvimento direto na morte de Volnei.

“O filho, ao que tudo indica, não teve participação ou responsabilidade na morte da vítima”, esclareceu.

Mas as investigações ainda não foram concluídas. Agora, a polícia tem 10 dias para encerrar o inquérito e concluir as investigações iniciais. “Ainda há alguns pontos que nós precisamos esclarecer, e dentro desses 10 dias nós temos bastantes diligências a serem realizadas”, pontuou o delegado.

O crime ocorreu na manhã de quinta-feira (10). (Divulgação)

Violência doméstica a trabalho escravo em fazenda

O fazendeiro suspeito pelo assassinato acumula passagens pela polícia. Ele tem registros policiais que vão desde , ameaça e lesão corporal dolosa, até denúncia de trabalho escravo em sua fazenda, que já foi alvo de uma visita de procuradores do trabalho.

O fato ocorreu em 2013, quando policiais do DOF (Departamento de Operações de ), juntamente dos procuradores do trabalho, foram até a fazenda às 15h20, do dia 23 de abril. Chegaram à fazenda e, em busca realizada, foi encontrada uma espingarda cal. 32; posteriormente, o autor foi localizado por volta das 17h45, em uma de suas propriedades, precisamente no retiro da fazenda São Lourenço.

Assim, foi efetuada uma busca na sede da fazenda, momento em que foi localizado, sobre a cama do quarto do proprietário, um revólver magnum cal. 353 3 pol, municiado com cinco balas intactas, e, sobre um armário, várias munições de diversos calibres. Neste dia, o fazendeiro foi levado para a delegacia.

Já em abril de 2020, o fazendeiro foi acusado de lesão corporal dolosa ao agredir uma mulher em frente a sua loja de produtos agropecuários. Na época, a vítima relatou que estava passando na frente da empresa agropecuária e elogiou um senhor que estava no local, dizendo que a loja dele era muito bonita, que ele estava de parabéns.

O autor não gostou, ficou nervoso e mandou ela sair. Em seguida, ele a empurrou, derrubando-a no chão, causando uma lesão no seu cotovelo direito, e ainda quebrou o aparelho celular que estava no bolso da bermuda dela.

O assassinato e a ‘desova’ do corpo

Volnei foi assassinado com tiro no peito depois de uma discussão com o filho do suspeito. Um funcionário da fazenda relatou aos policiais que as desavenças já eram de longa data.

A vítima estava na propriedade do suspeito, quando ele e seu filho se aproximaram e começou uma discussão entre o filho do suspeito, um funcionário e Volnei. Ainda conforme a testemunha, Volnei disse: “Joga o machete e vem na mão”. Em seguida, entraram em luta corporal e a testemunha teria tentado separar a briga. Contudo, o autor empurrou Volnei e deu um tiro no peito dele.

Logo depois, o autor disse para a testemunha: “Pega seu carro e vem pegar o seu patrão”. Mas a testemunha disse que não mexeria no corpo. O autor, seu filho e um indígena pegaram o corpo de Volnei e colocaram na camionete dele, entraram na propriedade de Volnei e jogaram o corpo em frente à casa da propriedade da vítima.

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