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Polícia

Músico disfarçou calma para ficar sozinho com jornalista e matá-la: ‘quero um cigarro’

Amigo tentou salvar Vanessa e fez ‘barricada’ com geladeira para se trancar em quarto
Thatiana Melo, Carol Leite -
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Jornalista Vanessa, vítima de feminicídio em Campo Grande (Arquivo Pessoal)

Caio do Nascimento Pereira, feminicida no caso da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, morta a facadas, nesta quarta-feira (12), em sua casa, em Campo Grande, disfarçou calma e disse que aceitava o fim do relacionamento. Mas o que veio a seguir foram facadas desferidas contra Vanessa.

Vanessa tinha voltado da delegacia, onde foi buscar a medida protetiva contra Caio, que não recebeu a intimação a tempo, quando se deparou com o músico na residência. A jornalista estava na companhia de um amigo, já que havia dispensado, na Deam, o abrigo e a polícia para buscar seus pertences em casa.

“Ela (Vanessa) não acreditou que ele faria alguma coisa e confiou apenas na companhia do amigo”, disse a delegada Elaine Benicasa, titular da Deam. Ainda conforme o relato do amigo na delegacia, Caio parecia calmo, mas começou a achar estranho alguns gestos dele, e resolveu sair do interior da residência para fazer uma ligação e pedir ajuda.

Neste momento, Caio desferiu as facadas em Vanessa. O que vem a seguir são relatos de cenas de terror. Conforme o amigo, ao ouvir os gritos, ele voltou e arrastou Vanessa para um dos cômodos, fazendo uma barricada na porta com uma geladeira.

Caio esmurrava a porta e dizia que iria matar o amigo de Vanessa e depois se mataria. Ao perceber que um vizinho havia chamado a polícia, Caio teria se acalmado e pedido cigarros e uma bebida ao amigo de Vanessa. Ele não apresentou resistência quando os policiais chegaram. O músico foi preso e encaminhado para a delegacia. 

Elaine Benicasa disse em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (13), que tudo que poderia ser feito da parte da delegacia foi realizado. “Somos uma rede, e fizemos todo trabalho que poderia ser feito”, disse. A delegada também falou sobre melhorias no acolhimento de vítimas de violência doméstica. 

“Ainda há muito para se melhorar, mas já avançamos muito”, disse Benicasa. A delegada ainda relatou que será investigado o possível cárcere que Vanessa estava vivendo. Caio estaria proibindo a jornalista de sair de casa. “Outras namoradas dele ainda serão ouvidas”, afirmou.

Conforme a delegada, ao procurar a delegacia, Vanessa teria relatado que ‘não imaginava que um dia passaria pelo que estava passando’.

(Nathalia Alcântara, Midiamax)

11 passagens por violência doméstica

Caio do Nascimento Pereira, feminicida no caso da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, morta a facadas, acumulava 11 registros por violência doméstica. Ele foi preso e levado para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Os boletins de ocorrência de violência doméstica começaram a ser registrados em 2020. Em um dos casos, uma ex-namorada foi parar na Santa Casa depois de ser agredida pelo músico. A ex-namorada agredida teve queimaduras no rosto e braços, o que parecia ser fricção no asfalto.

A filha da vítima na época relatou que a mãe foi agredida pelo seu ex-namorado na casa dele e que teria pegado um motorista de aplicativo até sua casa, momento em que o ex-namorado chegou pilotando uma motocicleta logo atrás da vítima. Assim, ela ligou para a polícia e o agressor fugiu do local.

A vítima, na época, contou que o músico era usuário de drogas e muito agressivo, por conta disso ficou traumatizada e faz tratamento médico devido à gravidade do fato.

Uma outra ex-companheira de Caio registrou vários boletins de ocorrência contra ele. Um dos registros foi em 2024, após a separação do casal. Na delegacia, ela disse que conviveu maritalmente com Caio por 1 ano, e que sofria violência psicológica. A mulher havia solicitado medidas protetivas contra o músico.

Em 2023, ele teve outro registro na Deam por violência psicológica contra mulher. Em fevereiro de 2023, a ex-mulher de Caio procurou a Deam depois de ser sistematicamente perseguida por ele. Na época, ela contou na delegacia que conviveu com o autor por aproximadamente 11 anos, sendo que terminaram o relacionamento havia cerca de 2 anos e meio.

Ela ainda contou que o autor não aceitava o término do relacionamento; e que, mesmo a vítima tendo relacionamento com outra pessoa, o autor ficava querendo saber da sua vida e onde estava morando. O autor a agredia verbalmente, dizendo que ela seria uma criminosa, péssima mãe, ser humano deplorável, doente e manipuladora; e lhe fazendo ameaças dizendo que a vítima não imagina o que lhe aguardava.

Feminicídio de Vanessa

A jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, servidora pública que trabalhava no MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul) morreu na Santa Casa de Campo Grande, na noite desta quarta-feira (12), vítima de feminicídio.

Ela foi esfaqueada em casa, no bairro São Francisco, pelo companheiro, o músico Caio Nascimento, que foi preso em flagrante logo após o crime. Vanessa foi esfaqueada três vezes na região do tórax e depois levada em estado gravíssimo à Santa Casa, onde veio a óbito.

As informações são de que Vanessa tinha relacionamento há algum tempo com o autor e, há quatro meses, passaram a morar juntos na casa dela.

Na madrugada de quarta-feira (12), Vanessa chegou a ir até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), acompanhada de um amigo, para registrar um boletim de ocorrência por agressão contra Caio.

No período da tarde, ela foi até sua casa, acompanhada do mesmo amigo, para pegar seus pertences. Chegando à residência, ela foi esfaqueada no peito por Caio.

O Corpo de Bombeiros foi acionado, realizou os atendimentos e a encaminhou para a Santa Casa, onde faleceu na noite desta quarta. A Polícia Militar foi acionada e prendeu Caio em flagrante na residência.

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