A Justiça manteve a liberdade do sargento Valdeci Alexandre da Silva Ricardo e o cabo Bruno Cesar Malheiros dos Santos, da PM (Polícia Militar) nesta quinta-feira (20). Eles são acusados da morte do ex-vereador Wander Alves Meleiro, conhecido como Dinho Vital, ocorrida em maio do ano passado, em Anastácio, a 134 quilômetros de Campo Grande.
O ex-vereador se envolveu em uma briga em uma festa que aconteceu em uma chácara no dia 8 de maio deste ano e estaria armado. Na ocasião, disparos de arma de fogo atingiram Dinho, que morreu no local. Os policiais acusados estavam de folga no dia dos fatos, mas a defesa alegou legítima defesa.
Depois, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) recorreu da decisão de liberdade pedindo pela prisão preventiva, mas, por maioria, a 1ª Câmara Criminal do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) negou o recurso nesta quinta-feira (20). Por isso, os policiais permanecem soltos.
Ao Jornal Midiamax, os advogados Lucas Arguelho e Luciano Albuquerque, que atuam na defesa dos policiais, ressaltaram a importância da decisão judicial.
“A defesa reafirma sua confiança no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul e considera a decisão acertada. Estamos convictos de que, ao final do processo, a justiça prevalecerá e ambos os policiais serão absolvidos, pois agiram em legítima defesa e no estrito cumprimento do dever legal”, declararam.
Os policiais estavam presos desde a época do homicídio, há quase um ano. Em outubro, houve o interrogatório dos militares, durante a terceira audiência de instrução e julgamento do caso, quando cinco testemunhas também prestaram esclarecimentos no Fórum de Anastácio. No dia da audiência, familiares dos policiais realizaram uma manifestação pedindo pela liberdade da dupla.
Policiais afastados
Conforme o advogado de defesa dos policiais, Lucas Rocha, os policiais passaram pelo setor psicológico da PMMS e por estarem abalados acabaram afastados.
Ainda de acordo com Rocha, os militares se colocaram à disposição do Ministério Público de Anastácio, também do Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial) do MPMS, e da Polícia Civil de Anastácio para esclarecimentos.
Assim, a Corregedoria ouviu os policiais e abriu um inquérito para apurar a ação dos militares.
Depoimentos e contradições
Inicialmente os depoimentos dos policiais apenas indicavam uma abordagem a Dinho após a briga na festa e os disparos, supostamente para desarmar o ex-vereador. Na Corregedoria da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), a versão mudou.
Valdeci Alexandre da Silva Ricardo confirmou que é amigo de Douglas, ex-prefeito de Anastácio e pré-candidato pelo PSDB, com quem Dinho teve uma briga na festa de aniversário da cidade.
Então, relatou que estava na festa como convidado quando houve a briga e Dinho chegou a bater em uma pessoa. Com isso o ex-vereador foi embora e em seguida também o ex-prefeito, o prefeito da cidade e outras testemunhas.
No entanto, Dinho teria retornado e pessoas da festa começaram a falar que havia uma pessoa armada na entrada da chácara onde ocorria o evento. Valdeci afirmou que foi com Bruno verificar o que ocorria, de carro.
Assim, viram o veículo parado nas margens da estrada e pararam atrás. Dinho estava na parte traseira do veículo e teria ido para o lado, onde se agachou. Então, Valdeci alega que neste momento percebeu o ex-vereador pegando uma arma de fogo.
‘Polícia, Polícia
Os policiais teriam dito “polícia, polícia”, mas segundo eles Dinho foi para cima do veículo com a arma em mãos, quando os militares fizeram os disparos. Dinho ainda correu para a parte da frente do carro para fugir dos tiros, onde os policiais o encontraram já caído e sem vida.
A princípio não há registro de que Dinho teria feito disparos. No registro policial na delegacia não há relato de que os militares pararam com o carro atrás do ex-vereador, nem de que ele teria ido para a parte da frente do veículo.
O que o registro diz é que Dinho teria ido ‘para trás’ do carro. Também no boletim de ocorrência o relato era de que quando os policiais chegaram, Dinho já estava fora do carro e armado quando eles fizeram a abordagem, não que ele se abaixou e então pegou a arma.
Já Bruno Cesar Malheiros dos Santos conta que estava na festa como convidado, mas também trabalhando como técnico de som para a dupla de amigos que cantou no evento. O resto da versão condiz com o relatado por Valdeci.
Porém, Bruno alega que não é amigo de Douglas. Ele também conta que fez o primeiro disparo após ouvir o barulho de um tiro, mas não disse se esse tiro era de Dinho ou do amigo, Valdeci.
Os dois militares confirmaram que beberam na festa e negaram que faziam segurança para Douglas, o que moradores da cidade relataram na época. Testemunhas também negaram a informação do serviço de segurança particular.
Presos na operação
Ação prendeu temporariamente o sargento Valdeci Alexandre da Silva Ricardo e o cabo Bruno Cesar Malheiros dos Santos. Além dos policiais, o pré-candidato do PSDB, Douglas Figueiredo, foi preso em flagrante com armamento em casa.
Equipes do Gaeco cumpriram mandados na cidade, que fica a 135 quilômetros de Campo Grande, na operação que investiga a morte de Dinho Vital.
Em contato com o Jornal Midiamax, o advogado de defesa dos policiais, confirmou que os militares se apresentaram espontaneamente. Contra eles havia mandados de prisão temporária.
“Os Policiais Militares apresentaram-se espontaneamente para cumprimento dos mandados de prisões temporárias, pois acreditam e confiam fielmente no Poder Judiciário, e tão breve será elucidado o ocorrido, e assim confirmada as versões dos mesmos, que agiram no estrito cumprimento do dever legal e em clara legítima defesa”, explicou o advogado.
Prisão de pré-candidato do PSDB

A prisão do pré-candidato do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), Douglas Melo Figueiredo, foi pelos crimes de posse irregular de arma de fogo de uso permitido e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
Quando os agentes cumpriram os mandados de busca e apreensão, encontraram duas carabinas, uma de calibre .38 e outra .22, sem numeração e marca aparente. Além de uma pistola 9mm, com um carregador e 14 munições.
Após a prisão, a polícia encaminhou o político para a Delegacia de Polícia Civil de Anastácio, onde ele prestou depoimento. Assim, ele alegou que as armas que os agentes apreenderam na casa eram do pai dele – falecido no ano passado –, que morava em uma chácara com a esposa, e tinha o armamento há muitos anos.