Pular para o conteúdo
Polícia

MPMS alega descumprimento de medida cautelar e pede prisão de ‘acumulador da Planalto’

MPMS diz que José Fernandes mudou-se de endereço sem prévia comunicação ao juízo
Lívia Bezerra -
Acumulador da rua Planalto
Casa do acumulador (Alicce Rodrigues, Arquivo, Jornal Midiamax)

O MPMS (Ministério Público de ) alegou descumprimento de medida cautelar e pediu a prisão preventiva de José Fernandes da Silva, de 54 anos, conhecido como o ‘acumulador da rua Planalto’, em , na última quinta-feira (27).

O ‘acumulador’ foi preso em agosto do ano passado e ganhou a liberdade em dezembro. Em fevereiro deste ano, o exame de perícia feito em José após a defesa alegar distúrbio mental concluiu que ele “é capaz civilmente” de entender e se autodeterminar.

Clique aqui para seguir o Jornal Midiamax no Instagram

E na última quinta-feira (27), o MPMS se manifestou acerca da impossibilidade de intimar o ‘acumulador’ para constituir novo , já que a defesa anterior renunciou ao mandato.

Segundo o texto do MPMS, não foi possível intimar José por ele estar em “local e não sabido”, visto que mudou-se de endereço sem prévia comunicação ao juízo. Então, o MPMS entendeu que foram descumpridas as condições impostas pela Justiça no momento em que o ‘acumulador’ teve a liberdade concedida.

Desta feita, considerando que o réu não foi encontrado para ser intimado, estando, portanto, em local e não sabido, tem-se que foram descumpridas as condições gizadas no momento da concessão da liberdade provisória, haja vista que o acusado mudou-se de endereço sem prévia comunicação ao juízo”, diz trecho do documento.

Diante do descumprimento da medida, o MPMS pediu a revogação da liberdade provisória, com o restabelecimento da prisão preventiva. Além disso, foi mencionado o fato de que o exame de perícia feito em José descartou a insanidade mental.

Exame de perícia

A perícia foi feita pelo Dr. Tiago Ferreira Campos Borges, médico psiquiatra credenciado pela Corregedoria-Geral de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, na clínica psiquiátrica SINAPSI-Q, em Campo Grande

De acordo com o documento que o Jornal Midiamax teve acesso, durante a análise, José Fernandes relembrou o dia 13 de agosto, quando foi preso em flagrante. Ao médico, ele disse que alguns encarregados levaram os objetos de sua casa e seus carros.

O que o revoltou foi que a polícia não deixou um papel com lista de coisas retiradas após sua prisão. Segundo ele, uma prensa de R$ 60 mil foi levada do imóvel. 

Casa do ‘acumulador’. (Foto: Alicce Rodrigues, Arquivo Midiamax)

Advogado pediu que ‘acumulador’ desse risada e chorasse em audiência 

O fato que gerou preocupação durante o exame foi o relato de José sobre seu advogado. Ele contou que após a prisão recebeu auxílio de um advogado, sendo que o mesmo falou que lhe daria a liberdade e uma aposentadoria vitalícia. Para isso, pediu para o cliente falar tudo que o magistrado mandar.

Contudo, o acumulador disse ao médico psiquiatra que, quando foi para a audiência, o advogado o ordenou que desse risada na primeira pergunta. Em seguida, pediu que ele chorasse no segundo questionamento e, na terceira pergunta, mantivesse o olhar perplexo. Como ele não obedeceu, houve a dúvida de que fosse imputável. 

‘Nunca imaginei que pudesse ser preso’

Durante o exame, o ‘acumulador da Planalto’ também citou laudos e relatos de uso de drogas que surgiram no processo, mas desmentiu. Ele ainda se dispôs a fazer exame toxicológico para provar a alegação. 

José também reclamou que não precisa de aposentadoria, pois gosta de trabalhar. “Quero que deem benefício para quem realmente precisa”, disse ao médico. 

Muito criticado desde a repercussão do caso, o ‘acumulador’ disse durante o exame que a forma de protestar foi o único jeito que encontrou de ser ouvido, mas jamais imaginou que pudesse ser preso. 

Conforme o exame, ele afirma que nunca foi bandido e sempre trabalhou para cuidar de sua família. Disse ainda que acredita ter sido preso devido à época das eleições. 

‘Família ficou a Deus dará’

José também disse ao médico que após sua prisão a família ficou ‘a Deus dará’, sem dinheiro e suporte. Atualmente, ele mora com o sobrinho, pois não pode retornar para a casa para não acumular lixo. Com isso, ele recebe a visita da esposa e das filhas na casa onde reside.

Ainda durante o exame, ele disse por várias vezes o motivo de ter sido preso. “Fui punido pelos artigos 54 e 68, no meu entendimento nem poderia ser preso”, diz trecho do documento.

Por fim, foi aplicado o teste de Inteligência de Kent no ‘acumulador’, que apontou uma inteligência mediana. A perícia concluiu que o acumulador fez uma escolha ruim da forma como planejou protestar, mas o fato não o enquadra como com doença mental, pois ele possui capacidade de entendimento e autodeterminação.

Foi constatado ainda que, na época dos fatos, José era capaz de entender e se autodeterminar conforme esse entendimento, mas por falta de estudo não tinha o conhecimento que poderia acabar preso pelos atos.

O máximo que podemos diagnosticá-lo é com sintomas mistos ansiosos e depressivos, aceitos como perturbação mental e não doença mental. Para se caracterizar inimputabilidade deve haver doença mental que afeta o juízo crítico, entendimento e autodeterminação, são quadros de mania, psicose ou demência. Há capacidade de entendimento e autodeterminação. É capaz civilmente”, concluiu a perícia.

💬 Fale com os jornalistas do Midiamax

Tem alguma denúncia, flagrante, reclamação ou sugestão de pauta para o Jornal Midiamax?

🗣️ Envie direto para nossos jornalistas pelo WhatsApp (67) 99207-4330. O sigilo está garantido na lei.

✅ Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar nas redes sociais:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, WhatsApp, Bluesky e Threads.

Compartilhe

Notícias mais lidas agora

Menino de 4 anos morre após tomar remédio controlado do pai em Campo Grande

Pedágios

Pedágio em rodovias da região leste de MS fica 4,83% mais caro a partir do dia 11 de fevereiro

Vítimas temem suposta pressão para abafar denúncias contra ‘fotógrafo de ricos’ em Campo Grande

Morto por engano: Trabalhador de usina foi executado a tiros no lugar do filho em MS

Últimas Notícias

Política

‘CPI do Consórcio Guaicurus’ chega a 10 assinaturas e já pode tramitar na Câmara

Presidente da Câmara, Papy (PSDB) não assinou pedido da CPI após defender mais dinheiro público para empresas de ônibus em Campo Grande

Cotidiano

Decisão de Trump de taxar aço pode afetar exportação de US$ 123 milhões de MS

Só em 2024, Mato Grosso do Sul exportou 123 milhões de dólares em ferro fundido para os EUA

Transparência

MPMS autoriza que ação contra ex-PGJ por atuação em concurso vá ao STJ

Ação pode anular etapa de concurso por participação inconstitucional de Magno

Política

Catan nega preconceito após Kemp pedir respeito à professora trans

Fantasia de ‘Barbie’ da professora não foi considerada exagerada por outros deputados