O mecânico David Lopes Queiroz, acusado de matar Drielle Leite Lopes e seus três filhos, na BR-060, entre Sidrolândia e Campo Grande, não era habilitado para dirigir carro. O acidente ocorreu no dia 6 de abril e o mecânico permanece preso.
Na tarde desta segunda-feira (30), David chegou de muletas ao Fórum Heitor Medeiros para a primeira audiência do caso. O mecânico está preso desde a época do acidente e, na última semana, teve um pedido de liberdade negado pela Justiça.
Em depoimento, uma PRF (policial rodoviária federal) afirmou que o mecânico não tinha CNH (Carteira Nacional de Habilitação) na categoria B. Portanto, não era habilitado para dirigir o carro envolvido no acidente naquele domingo, 6 de abril.
“Ele não tinha categoria B, somente A, para motocicleta”, revelou a PRF Caroline de Carvalho Mota.
Sobre a dinâmica do acidente encontrada pela equipe da PRF, Caroline explicou que foi encontrada uma situação bastante complexa. Isso porque havia incêndio, mas também muitos populares na rodovia.
“A primeira vítima que nos deparamos foi o David, que até o momento não estava identificado. Ele estava bem agitado, bem alterado, a gente sentiu um certo odor etílico na fala dele, e ele estava falando que estava em uma motocicleta e que tinha uma criança com ele. Só isso que ele sabia falar e estava bem alterado”, relatou a policial.
No entanto, ela esclareceu que não havia motocicleta envolvida. Após verificar a placa do carro conduzido por David, a equipe policial conseguiu identificar o proprietário e depois conseguiu encontrar o irmão do mecânico.
“Ele apresentava um comportamento típico dos condutores alcoolizados, não queria contato [com a equipe policial]”, revelou também o PRF Michel Martins dos Anjos.
‘É ele quem me dá suporte’: pai encontra força no filho sobrevivente
Oldiney Centurion Saraiva começou seu depoimento na audiência desta segunda-feira (30) relembrando que desmaiou após o acidente. Naquela noite de 6 de abril, faleceram Drielle; Helena Leite Saraiva, de 10 anos; João Lúcio Leite Saraiva, de 2; e o pequeno José Augusto Saraiva, de apenas 3 meses.
“Nós estávamos vindo embora, eu estava vindo com a minha família. Chegando em uma curva, eu acredito que era um caminhão que estava vindo na curva e o rapaz estava ultrapassando, e eu não vi nada. Eu só me lembro três dias depois, na casa do meu primo, acordando; eu não lembro do velório, nem do enterro. O médico psiquiatra acha que pode ter ocorrido um bloqueio emocional”, falou.
Até hoje, ele disse que pensa que a esposa está viajando. “Eu relutei muito antes de perguntar para ele [filho sobrevivente] porque, até então, eu ainda acho que minha esposa está viajando, porque eu não me recordo”, relatou.
Ao responder aos questionamentos do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) na audiência, Oldiney disse que encontra forças no filho de 12 anos, que sobreviveu ao acidente naquele 6 de abril.
“Eu conversei com o meu filho, aos poucos, é ele que está me dando mais suporte; ele para de chorar, me abraça e fala que ‘é nós dois’. Ele falou que ele e a irmã estavam cada um de um lado e, quando o carro bateu, ele capotou”, revelou o pai.
Mecânico usou cocaína antes de pegar estrada
O mecânico é acusado de provocar a morte de Drielle e seus três filhos, Helena Leite Saraiva, de 10 anos; João Lúcio Leite Saraiva, de 2; e o pequeno José Augusto Saraiva, de apenas 3 meses. David havia usado cocaína horas antes de pegar a estrada naquele 6 de abril.
Informações passadas pelo irmão do mecânico para os policiais que atenderam a ocorrência são de que, no dia do acidente, o autor fez uso de cocaína. Quando os policiais chegaram à Santa Casa, onde o mecânico estava internado sob escolta, ele apresentava sinais de embriaguez, com fala arrastada e proferindo palavras de baixo calão.
Acidente na BR-060
Informações passadas para o Jornal Midiamax na época do acidente são de que o médico que atendeu a ocorrência atestou que o motorista do Corsa estava embriagado, mas não foi feito o teste do bafômetro. A suspeita para o acidente é uma tentativa de ultrapassagem malsucedida.
O veículo Corsa teria tentado ultrapassar uma carreta, mas não conseguiu, já que a Saveiro vinha na direção contrária. Nesse momento, ao tentar retornar para pista, bateu na lateral da carreta e acabou atingindo a Saveiro.
O motorista do Corsa não usava cinto de segurança e foi arremessado para fora do carro, socorrido com múltiplas fraturas. Em seguida, o carro caiu no barranco e pegou fogo.
O motorista da carreta contou que o Corsa estava em alta velocidade e não conseguiu evitar o acidente.
Cortejo marcado por dor e revolta
Revolta, choro, estado de choque. Assim foi a despedida de Drielle Leite Lopes e seus três filhos: Helena Leite Saraiva, de 10 anos; João Lúcio Leite Saraiva, de 2 anos; e o pequeno José Augusto Saraiva, de apenas 3 meses. A mãe de Drielle estava em estado de choque durante o velório, que aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade.
O marido de Drielle teve de ser amparado por amigos e familiares durante a despedida da esposa e dos filhos. O bebê de 3 meses foi velado com caixão fechado. “Em relação ao acidente, eu quero a justiça. Não vai trazer de volta, mas que não aconteça com outros. Porque não foi um acidente, foi uma tragédia, provocada por um ser embriagado, que não pensa na consequência do que vai dar. Destruiu, destruiu muitas famílias”, disse Aucelia Gomes, sogra de Drielle.
Na época, a família tinha ido passar o fim de semana em Sidrolândia para visitar a mãe de Drielle e contar a novidade da compra da casa própria que o casal havia conquistado há uma semana, em Campo Grande. “Eles [nora e netos] eram amor, família unida, um pelo outro. Era assim, só brincando, ia para o mercado brincando. Eu ia lá e não sabia o que fazia, colocou o nome de dois filhos, por mim, José e João”, disse Aucelia.
Já sobre o filho, marido de Drielle, a mulher contou que, emocionalmente, ele está destruído. “Os ferimentos não foram muitos, mas o emocional está destruído. Ele até falou que não quer mais viver, mas tem outro filho, né? Nós vamos dar muita força para ele, e Deus já está segurando a mão dele. Nós vamos nos unir um pelo outro”, falou.
O neto de 12 anos que sobreviveu ao acidente continua internado e já teria passado por cinco cirurgias desde o acidente. “Vai ser um tratamento longo, doloroso, mas ele está fora de perigo. Quebrou os dois fêmures, os dois braços e o maxilar”, contou Aucelia.
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