A Justiça marcou a audiência do jovem de 22 anos, preso com o Jeep Renegade do ex-superintendente da Cultura e professor universitário, Roberto Figueiredo – assassinado em casa nos Altos do São Francisco em Campo Grande em dezembro do ano passado.
O jovem está preso desde a época do crime, que aconteceu na madrugada do dia 13 de dezembro. Na ocasião, um adolescente confessou o assassinato e foi apreendido pelo Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar).
✅ Clique aqui para seguir o Jornal Midiamax no Instagram
A audiência foi marcada pelo juiz de Direito, Marcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal, na última segunda-feira (10). Na decisão, consta que a audiência de instrução e julgamento foi marcada para às 16 horas da próxima quinta-feira (20) através de videoconferência, mas com o interrogatório do acusado presencial.
Entretanto, o magistrado determinou que se não for possível a condução do preso até o fórum, ele deverá ser interrogado por videoconferência, independente de prévio-agendamento.
Defesa tenta liberdade de acusado
Com o jovem preso desde dezembro de 2024, a defesa tenta a liberdade do cliente. De acordo com a solicitação, datada de 24 de fevereiro, os advogados alegam que a decisão da prisão é inadequada e ultrapassa os limites da competência da audiência de custódia.
Os advogados também alegam que a fundamentação ignora a prova cabal nos autos. “As imagens de câmeras de segurança que demonstram o menor responsável pelo latrocínio entrando e saindo sozinho do apartamento da vítima, fato que exclui qualquer vínculo direto do autuado com o Ato Infracional Apurado em apartado a presente ação”, alegam.
Ainda conforme o pedido da defesa, é mencionado que a mãe do jovem revogou as medidas protetivas sobre uma violação de domicílio em desfavor dele por vontade própria. “Justamente para que a mesma aproxime a ele. O que o estado não fazer, é desmantelar o laço familiar entre o requerente e a sua genitora”, justificam os advogados.
Logo, a defesa argumenta também que surgiu oportunidade de emprego para o jovem para que o mesmo possa ‘repensar nos enganos cometidos’ e citou que não há nenhum fato novo que justifique a manutenção da prisão preventiva de seu cliente.
“Até por que, já se passaram 03 meses da custódia cautelar e, a investigação findou-se e, a autoridade policial, como também Vossa Excelência, estão devidamente satisfeitos que o requerente, não participou do infeliz latrocínio. Portanto, a revogação da prisão preventiva, condicionada ao monitoramento eletrônica, é a medida que se impõe”.
Por fim, os advogados pedem a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares, sugerindo com ou sem uso de tornozeleira eletrônica. Além disso, pedem a expedição de alvará de soltura com extrema urgência e a concessão da fiança.
Liberdade foi negada
O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) se manifestou contrário à soltura do acusado, argumentando que a liberdade pode causar desestabilização social e seria colocar em descrédito a Justiça e incentivaria a continuidade de crimes desse tipo.
E na última segunda-feira (10), o pedido de liberdade provisória foi indeferido, ou seja, negado pelo magistrado. Segundo a decisão assinada pelo juiz de Direito, Marcio Alexandre Wust, o acusado entrou com pedidos de liberdade três vezes com a mesma causa “de pedir (residência, trabalho, antecedentes“.
“Deste modo, como os fatos alegados são anteriores ao anterior pedido, e a petição não apresenta nenhum fato novo/superveniente para o deferimento do pedido, a questão esta preclusa (preclusão consumativa).Ou seja, o pedido deve ser indeferido“, determinou o magistrado.
Jovem disse que adolescente estaria sondando casa da vítima 3 meses antes do crime
Durante interrogatório na delegacia, o jovem disse que estava ingerindo bebidas alcoólicas em uma conveniência no dia 13 de dezembro e, quando amanheceu o dia, chegou um rapaz com um Jeep Renegade acompanhado de uma mulher.
Na ocasião, o adolescente teria lhe oferecido um whisky e eles ficaram bebendo no estabelecimento. Durante todo o tempo, o rapaz teria relatado ao jovem que tinha matado o proprietário do carro e estava com os cartões de crédito, televisão, celular, notebook e outros objetos do mesmo.
À polícia, o jovem contou que o rapaz estava muito embriagado e sob efeito de drogas, então narrava os fatos de forma tranquila e em voz alta na conveniência. Ainda em seu relato, o jovem revelou que o adolescente lhe contou que manteve relação com o ex-superintendente e depois o assassinou.
Na delegacia, o jovem também afirmou à polícia que o adolescente teria contado que estava sondando a casa da vítima há cerca de três meses para cometer o crime e ‘se deu bem’.
Suspeitos abandonaram Jeep após ouvir notícia do assassinato no rádio
Passado um tempo na conveniência, o adolescente teria convidado o jovem e outro rapaz para passear de carro. Após darem bastante voltas com o veículo do ex-superintendente, o grupo ouviu no rádio a notícia de que a família de Roberto o encontrou morto e estava em busca de um Jeep Renegade.
Com isso, o grupo resolveu abandonar o carro que ficou com a chave no contato. Depois, os suspeitos viram uma viatura policial e se dividiram, em fuga. Contudo, o jovem de 22 anos se escondeu na casa de uma conhecida e algumas horas depois pegou o Jeep e saiu, sem destino.
Ainda na delegacia, ele contou que estava dirigindo o Jeep quando foi parado por policiais. Logo que foi abordado, ele relatou os fatos que tinha conhecimento, mas revelou que não tinha como encontrar o adolescente, pois o conheceu naquela sexta-feira (13).
O jovem disse à polícia que não pegou dinheiro nem os objetos roubados pelo adolescente, apenas comprava as bebidas com os cartões e consumiam juntos. Quando abordado pelos militares, o Jeep Renegade estava sem uma das placas. Na delegacia, o jovem alegou que retirou a placa porque a mesma já estava caindo.
Ex-superintendente lutou com adolescente para tentar se defender
Segundo a delegada Daniella Kades, da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), o adolescente contou em interrogatório que foi até a casa de Roberto e em determinado momento os dois discutiram por conta de dinheiro. Os dois se conheciam há alguns meses, porém o menor não soube precisar o tempo.
“Parece que a vítima não queria lhe dar algum dinheiro e como ele (adolescente) é usuário de drogas, ele queria dinheiro. E por conta disso brigaram”, explicou a delegada.
Durante a briga, o adolescente teria quebrado algo na cabeça da vítima, foi até a cozinha e pegou uma faca, momento em que a briga continuou e o ex-superintendente passou a lutar pela vida. “A vítima chegou a tomar a faca da mão dele, ele está com ferimento na perna causado por faca, até precisou tomar alguns pontos. E depois que a vítima faleceu, ele saiu pegando o que encontrou ali de valor e foi embora da casa”, detalhou Daniella Kades.
A delegada ressaltou também que imagens de câmeras de segurança confirmam a versão apresentada pelo adolescente. “Confirma que ele chega, a vítima abre o portão, a porta e eles entram. Cerca de 1 hora e meia depois, o adolescente aparece nas imagens alvoroçado pegando coisas e levando para o carro da vítima. Só que aí ele percebe a câmera, vira, vai lá dentro e desliga. Então, isso confirma tudo que ele apresentou”.
Agora, com a apreensão do adolescente e prisão do rapaz, os dois devem responder por latrocínio – roubo seguido de morte. “Embora a gente possa verificar que quando ele chegou lá, às vezes o intuito não fosse cometer esse crime, conforme ele narra, naquele momento que eles começam a discutir, ele mata e resolve sair roubando tudo. E ele matou a vítima por conta de dinheiro, ele queria dinheiro, então está configurado que é latrocínio”, justificou Daniella Kades.
Por fim, a delegada contou que tem outros dois possíveis envolvidos na ‘gastança’ do dinheiro do ex-superintendente que estão sendo investigados.
Ex-superintendente teria sido morto após se negar a dar R$ 200 para adolescente
Segundo o Tenente-Coronel Rocha, do Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar) que efetuou a prisão do rapaz de 22 anos e apreensão do adolescente, o menor confessou o crime e se demonstrou frio em seu depoimento. Apesar da dinâmica dos fatos, a polícia não suspeita que o crime tenha sido premeditado.
“Falou de uma maneira muito fria, muito covarde. Ele fala que tinha uma relação com a vítima há cerca de cinco meses. Nesta madrugada, ele estava cobrando R$ 200 da vítima, que se negou a pagar, segundo ele”, explicou o comandante do batalhão.
Após a negativa de Roberto, ele e o adolescente começaram a brigar, momento em que o menor teria pegado um copo de vidro e desferido alguns golpes contra ele. Ainda, o adolescente teria desferido uma facada contra o ex-superintendente.
Assassinato
Informações obtidas pela reportagem do Jornal Midiamax são de que o latrocínio ocorreu na Rua Bárbara de Paula Ribeiro. Assim, a irmã da vítima quem encontrou o corpo de Roberto dentro da casa, já que ela teria o controle do portão da residência.
A vítima estava em meio a uma poça de sangue e com vários ferimentos no crânio. Além do carro, criminosos também levaram uma televisão e um celular.
Abalada, Carla Figueiredo disse ao Midiamax que nesta sexta (13) iria para São Paulo com o professor para um show do cantor Caetano. Ela disse que ligou diversas vezes para Roberto que não atendeu. Como ela mora perto do irmão, foi até o imóvel, abriu o portão e acabou encontrando o ex-superintendente morto dentro de casa.
💬 Fale com os jornalistas do Midiamax
Tem alguma denúncia, flagrante, reclamação ou sugestão de pauta para o Jornal Midiamax?
🗣️ Envie direto para nossos jornalistas pelo WhatsApp (67) 99207-4330. O anonimato é garantido por lei.
✅ Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar nas redes sociais:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, WhatsApp, Bluesky e Threads.