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Polícia

Justiça mantém julgamento de acusados um ano após morte de adolescentes

Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz morreram no dia 3 de maio do ano passado
Lívia Bezerra -
Aysla e Silas, mortos por engano em briga de traficantes em Campo Grande. (Reprodução: Redes Sociais)

Doze meses após a morte dos adolescentes Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz, no Jardim das Hortências, em Campo Grande, a Justiça manteve a pronúncia e o julgamento dos acusados na sexta-feira (16).

Aysla e Silas tinham 13 anos quando foram mortos. Eles estavam tomando tereré em frente a uma casa e morreram atingidos por tiros na noite do dia 3 de maio de 2024, na Rua Flor de Maio, no Jardim das Hortências. O alvo seria Pedro Henrique Rodrigues, ferido na perna e sobrevivente ao atentado.

Os acusados são: Kleverton Bibiano Apolinário da Silva, vulgo ‘Pato Donald’; João Vitor de Souza Mendes; Nicollas Inácio Souza da Silva, vulgo ‘Nicolau’; Rafael Mendes de Souza, vulgo ‘Jacaré’; e George Edilton Dantas Gomes.

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Na época do crime, todos os acusados foram presos, porém, Kleverton já estava encarcerado no Presídio de Segurança Máxima por diversos crimes. Ele é acusado de ser o mandante do atentado contra Pedro Henrique, que terminou na morte dos adolescentes naquela sexta-feira, 3 de maio.

Após serem denunciados pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), os acusados foram pronunciados. Então, a Justiça determinou que o grupo seja julgado pelo Tribunal do Júri.

Pedido de impronúncia

Em fevereiro desde ano, o Poder Judiciário manteve a prisão dos acusados e determinou que a próxima revisão será feita no dia 24 de maio.

Depois, a defesa dos acusados entrou com pedido de impronúncia, requerendo que o grupo não seja submetido ao Tribunal do Júri, alegando ausência de indícios suficientes de autoria. Além disso, pediu o afastamento das qualificadoras de motivo fútil, torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Contudo, o MPMS se manifestou no dia 20 de março sobre o pedido e concluiu que a dinâmica com divisão de tarefas dos acusados está devidamente demonstrada.

Isto posto, não há que se falar em ausência de indícios suficientes de autoria. E mesmo que assim não fosse, no presente caso, é de se ressaltar que ao juiz togado, por ocasião da sentença de pronúncia, no campo da autoria, cabe apenas apontar a presença de indícios, na concepção admitida pelo artigo 413 do CPP, ou seja, mesmo que tênues”, diz trecho do documento.

Já sobre o afastamento das qualificadoras pedido pela defesa dos acusados, o MPMS argumentou que deve ser mantido. Por fim, o órgão solicitou que os recursos sejam improvidos e a pronúncia mantida.

Alguns dos presos envolvidos no crime. (Reprodução, Polícia Civil)

Julgamento mantido

Após a manifestação do MPMS, o pedido foi encaminhado para julgamento na 3ª Câmara Criminal. Assim, o julgamento ocorreu na sexta-feira (16) e manteve a pronúncia dos acusados, por unanimidade. Portanto, o grupo será submetido ao Tribunal do Júri.

“Por unanimidade, com o parecer, negaram provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator”, diz o documento.

Relembre o caso

Silas e Aysla, de 13 anos, estavam tomando tereré em frente a uma casa, quando acabaram feridos nas costas e no rosto. Informações obtidas pelo Jornal Midiamax na época do crime são de que, na região, existem dois grupos rivais na venda de drogas e que o alvo do atentado seria o ‘correria’ do bairro.

Quando preso, Nicollas Inácio contou que ele e o comparsa João Vitor queriam ir até o hospital para ‘terminar’ de assassinar Pedro Henrique.

Em depoimento no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), o rapaz contou ao delegado Guilherme Scucuglia, titular da especializada, que estava em casa, na região das Moreninhas, quando recebeu mensagem de João Vitor e decidiram executar Pedro Henrique.

“Eu estava na Moreninha na parte da manhã, aí o João acabou mandando mensagem para mim e a gente acabou trocando ideia. E aí a gente chegou no assunto que falei para ele ‘mané, vamos acabar pegando o Pedro hoje, ele vai estar moscando na esquina do corre’. Ele falou ‘vamo’ e eu estava armado com a [pistola] 357 e ele com a 9 milímetros, e acabou que a gente foi para pegar ele”, contou. 

Conversa pelo WhatsApp no presídio

Com acesso à comunicação garantida, os detentos do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande mantinham verdadeiro ‘serviço de contrainteligência’ para monitorar em tempo real investigações em andamento e orientar comparsas do lado de fora.

É o que mostram mensagens flagradas durante a busca pelos traficantes que executaram por engano os adolescentes naquela noite do dia 3 de maio de 2024.

No flagrante, o preso Kleverton Bibiano Apolinário, custodiado pela Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária), e conhecido como ‘Pato Donald’, usava smartphone e aplicativos de comunicação instantânea nos aposentos da Máxima.

Nas mensagens, o detento orientou Nicollas Inácio sobre como escapar’ de ser preso pelo crime. Na época, ‘Pato Donald’ era apontado como um dos chefes do narcotráfico na região das Moreninhas, e ele estaria expandido as atividades para os bairros Aero Rancho e Jardim das Hortências.

Assim, como ‘dano colateral’ da disputa por território, teria mandado Nicollas matar outro traficante por dívida de droga. Foi quando os adolescentes Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz foram assassinados, sem ter nada a ver com o rolo dos criminosos.

Na troca de mensagens rastreadas pelos policiais do Garras, foi descoberto que, logo depois do crime, ‘Pato Donald’ mandou mensagem para Nicollas. “Mina, vamos mocar essa arma. Vou mandar recolher ela de você. Tira de perto de você”, orienta uma das mensagens de ‘Pato Donald’.

Na mensagem enviada por Nicollas ao detento, dizia: “Aqui ninguém vem, para casa que não vou. No cel do Jacaré tem o número da minha casa e eles podem ir lá”, falava.

As mensagens ainda traziam tratativas de como Nicollas poderia fugir para não ser preso pelo crime. “Vou mandar dinheiro, fica de boa, eu coloquei você nessa. Você é meu filho”, dizia ‘Pato Donald’ a Nicollas.

O ‘moleque’ era tratado como filho por Kleverton, que havia confiado seus negócios ilícitos nas ruas da Capital.

Arma usada no crime foi furtada de caminhonete no Centro de Campo Grande

Arma de 9 mm usada no crime. (Reprodução: Batalhão de Choque da PM)

A arma usada no crime foi furtada de uma picape Fiat Toro, em dezembro de 2022. Era uma pistola, de calibre 9 milímetros, localizada pelo Batalhão de Choque no dia 9 de maio de 2024, dias depois do assassinato dos adolescentes.

Conforme boletim de ocorrência que o Jornal Midiamax teve acesso na época, o furto da pistola aconteceu na região central de Campo Grande, na noite do dia 29 de dezembro de 2022. 

Na ocasião, a vítima deixou seu veículo, uma Fiat Toro, estacionado na Rua Antônio Maria Coelho. O vidro lateral direito da parte traseira do carro foi arrombado e, com isso, os ladrões roubaram a arma e uma mochila com instrumentos médicos. 

***

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