O hospital de Campo Grande que atendeu a bebê de 1 ano e nove meses identificou indícios de negligência dois dias antes de a pequena falecer. Ela foi vítima de estupro praticado pelo próprio pai. O homem, de 28 anos, está preso desde quarta-feira (9), quando o crime foi descoberto.
O Jornal Midiamax não revelará a cidade onde aconteceu o crime, nem nomes, para preservar a vítima, seguindo as diretrizes do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
A bebê ficou alguns dias internada na Capital, para tratar uma infecção em decorrência de uma traqueostomia. Na noite de terça-feira (8), retornou ao município onde residia com a família e, no dia seguinte, faleceu após o estupro.
Negligência
Em nota publicada nas redes sociais, a prefeitura da cidade no interior informou que, ainda no hospital de Campo Grande, a equipe observou indícios de negligência e acionou o Conselho Tutelar do município.
A nota explica que a família da bebê estava sendo acompanhada pela rede municipal desde janeiro do ano passado, quando foram observados problemas de saúde pelo hospital da cidade. Assim, o acompanhamento continuou até agosto de 2024, quando a família da bebê se mudou para outra cidade.
E, conforme diz a prefeitura, somente no dia 18 de junho deste ano é que a Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente foi informada sobre o retorno da família ao município.
Com o retorno, as equipes entraram em contato com a mãe, mas ela falou que já havia retomado o acompanhamento na rede municipal de saúde. Dias depois, a bebê foi internada.
“No dia 7 de julho, o Conselho Tutelar recebeu um ofício da unidade hospitalar de Campo Grande-MS, onde a criança se encontrava internada, apontando indícios de negligência. No entanto, àquela altura, não havia previsão de alta médica que possibilitasse uma intervenção imediata por parte da rede local”, descreve a nota.
Alta médica e morte
Já na terça (8), a bebê recebeu alta e retornou ao município, por volta das 21 horas. No dia seguinte, faleceu. “Lamentavelmente, veio a óbito na manhã seguinte, por volta das 9h”, diz a prefeitura.
A prefeitura ainda afirma que, desde o primeiro momento em que soube do caso, todas providências, dentro das competências legais do município, foram adotadas com responsabilidade, agilidade e sensibilidade. Por fim, solidarizou-se com os familiares da bebê.
“Neste momento de profunda tristeza, a Prefeitura de […] se solidariza com os familiares e reitera seu compromisso com a proteção integral de crianças e adolescentes, atuando com seriedade em todas as situações que envolvem a rede municipal de atenção e cuidado”.
Médico disse que pai não demonstrou nada com morte da filha
O médico que atendeu a bebê no município onde o crime ocorreu afirmou aos policiais que comunicou a mãe sobre as lesões na pequena, as quais seriam de abuso sexual. Também, informou a mulher sobre a confirmação da morte da criança.
Conforme o médico, ele estava no corredor do hospital com a mãe da bebê quando o pai chegou. Nesse momento, ele comunicou a morte da menina ao rapaz, que não esboçou nenhuma comoção com a notícia, causando estranheza.
O pai da bebê confessou o crime e relatou que ‘não resistiu’ ao abusar da filha que havia acabado de receber alta de um hospital de Campo Grande para tratamento de traqueostomia.
‘Sua filha está morrendo’
No dia seguinte, ele disse que a filha ‘estava bem’ e que inclusive brincou com o irmão. Ele saiu para trabalhar e, quando estava no serviço, foi avisado pela assistente social que a bebê estava morrendo no hospital.
Quando chegou ao hospital, foi abordado pelos policiais e acabou confessando o crime.
Para os policiais, o estuprador alegou que cometeu o crime porque ‘já havia sido abusado quando criança pelo primo’. Ele disse que ‘não resistiu’ e abusou da sua filha, que veio a falecer com a violência sofrida, após ser socorrida no hospital.
Ele disse ‘estar arrependido’ e pediu por tratamento médico e psicológico.
Estupro
Segundo o registro policial, a PM (Polícia Militar) foi acionada para ir até o hospital da cidade com a informação de que havia uma criança sem vida em decorrência de ato violento e que o suspeito estaria na unidade.
Assim, os policiais foram até o hospital e receberam a informação de que o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) encaminhou a bebê e a mãe até a unidade. Além disso, os socorristas tentaram reanimar a bebê, mas ela não resistiu.
Após a constatação do óbito, os socorristas teriam encontrado lesões na bebê, e a Polícia Civil passou a investigar o caso. O pai da bebê confirmou o ato e foi preso, sendo encaminhado para a delegacia da cidade.
Nota do hospital de Campo Grande
“A paciente foi internada em 28/06/2025 com infecção na traqueostomia, larvas, piolhos e pneumonia. Já usava traqueostomia e tinha histórico de dificuldade respiratória, convulsões e choque.
Durante a internação, ficou estável, respirando bem, comendo normalmente e sem febre após o início do tratamento. No dia 30/06/2025, passou por uma cirurgia para retirar as larvas e trocar a cânula da traqueostomia por causa de um estreitamento na traqueia.”
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