A filha de Doralice da Silva, de 42 anos, morta a facadas no pescoço pelo namorado, Edemar Santos Souza, pedreiro de 31 anos, que confessou o crime, relatou os últimos momentos da vítima e a última vez que falou com a mãe, por videochamada.
Em depoimento, a adolescente, que tem uma irmã de 9 anos, contou que Doralice se relacionava com Edemar havia 1 ano, e que neste ano os dois passaram a morar juntos, mas o relacionamento do casal seria marcado por muitas brigas.
A menina contou que Edemar era obsessivo, ciumento e agressivo e sempre que os dois brigavam, ela tinha que se meter entre o casal. Durante algumas brigas, Edemar chegava a sair de casa para a residência de sua mãe ou ia para a casa desabitada, que seria de seu pai.
Dia do crime
A adolescente conta que a mãe havia saído cedo de casa na companhia de Edemar e, por volta das 13 horas de sábado (21), ligou para avisar que faria o almoço. Já na ligação, a adolescente ouviu ao fundo Edemar falando que chamou a mãe dela para beber.
Por volta das 16 horas, a menina mandou mensagem para a mãe pedindo para ela voltar para casa, sendo que Doralice disse que já estava retornando. Desconfiada, ela ligou por videochamada para a vítima e ouviu o padrasto dizendo: “vamos pedir mais uma cerveja”.
A tia da menina foi até a residência por volta das 17 horas, falando que Doralice e Edemar haviam sofrido um acidente de motocicleta. Doralice chegou à residência por volta das 19h30, quando tomou banho, jantou e saiu novamente. Já Edemar chegou à residência por volta das 20 horas desorientado, saindo novamente após buscar uma carteira.
Logo depois, a adolescente saiu com seu namorado e sua irmã para comerem um lanche. Ao retornar, encontraram Doralice morta em meio a uma poça de sangue na sala da casa.
‘Matei por ódio’
‘Movido por ódio e ciúmes’, essa foi a motivação para o feminicídio de Doralice da Silva, de 42 anos, em Maracaju, segundo o depoimento de Edemar Santos Souza, pedreiro de 31 anos, que confessou o crime.
O Midiamax teve acesso ao depoimento em que Edemar contou ao delegado que no dia do feminicídio havia saído com Doralice até um bar e beberam cerveja, por volta das 11 horas, sendo que depois foram para outro bar, onde ingeriram mais bebidas alcoólicas. Na volta para casa, acabaram se envolvendo em um acidente de motocicleta.
Doralice conseguiu ligar a motocicleta e foi até a sua residência para deixar comida para as filhas e Edemar ficou esperando para irem até outro bar. Mas, como Doralice demorou para retornar, ele foi até a residência e ficou esperando por ela.
Quando Doralice chegou, deixou a motocicleta na calçada, e ao entrar mandou que Edemar fosse embora de sua casa. Ele, então, disse que ia pegar suas roupas e ferramentas, mas ela o mandou buscar no dia seguinte.
Edemar pegou algumas roupas e colocou em uma carriola. Quando voltou para buscar o restante, questionou Doralice se ela iria sair com o homem que a estava esperando em um veículo Gol, na esquina.
Quando Doralice disse que iria sair com o homem, Edemar relatou que foi movido pelo ódio e ciúmes e pegou uma faca desferindo um golpe no pescoço de Doralice. Assim, ela caiu no chão da sala.
Logo em seguida, ele desferiu três socos no rosto dela e passou a dar mais facadas no pescoço da namorada. Ele ainda disse que ficou com mais raiva quando se lembrou que na semana anterior havia sido agredido por Doralice.
Ameaçou a própria mãe
Edemar Santos Souza já tem ficha policial por crimes contra a mulher. Há quatro anos, a mãe de 57 anos o denunciou por ameaça em Maracaju. Edemar e a então companheira se mudaram para a cidade após dificuldades financeiras em Ponta Porã. O casal estava morando nos fundos da casa da mãe do pedreiro.
Alcoólatra, o suspeito tinha o hábito de ofender a mãe e a ameaçou caso ela denunciasse à Polícia Civil. A então companheira também era alvo de xingamentos. Porém, a mulher relatou ter medo do pedreiro e nunca o denunciou. A mãe de Edemar solicitou medidas protetivas e que o filho fosse retirado da casa.
Doralice não tinha medidas protetivas contra o pedreiro. A mulher já tinha solicitado proteção contra o ex-marido, mas os dois não tinham mais contato há um ano.
Dados
Segundo o Monitor de Violência Contra a Mulher da Polícia Civil de MS, o último feminicídio em Maracaju ocorreu em 2021. Desde 2015, quando o monitor foi instalado, foram quatro feminicídios registrados na cidade até o momento.
16º feminicídio em MS
Mato Grosso do Sul registra 16 feminicídios em 2025:
Karina Corim (Caarapó) – 4 de fevereiro
Vanessa Ricarte (Campo Grande) – 12 de fevereiro
Juliana Domingues (Dourados) – 18 de fevereiro
Mirielle dos Santos (Água Clara) – 22 de fevereiro
Emiliana Mendes (Juti) – 24 de fevereiro
Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) – 1º de março
Alessandra da Silva Arruda (Nioaque) – 29 de março
Ivone Barbosa (Sidrolândia) – 17 abril
Thácia Paula (Cassilândia) – 11 de maio
Simone da Silva (Itaquiraí) – 14 de maio
Olizandra Vera Cano (Coronel Sapucaí) – 23 de maio
Graciane de Sousa Silva (Angélica) – 25 de maio
Vanessa Eugênio Medeiros e a filha dela, Sophie Eugenia Borges (Campo Grande) – 28 de maio
Eliana Guanes (Corumbá) – 6 de junho
Doralice da Silva (Maracaju) – 20 de junho
📍 Onde buscar ajuda em MS
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.
Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.
Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.
📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.
***