“Ele tirou ela daqui prometendo dar uma vida melhor, e ele tirou a vida dela”, contou a prima de Graciane de Sousa Silva, 12ª vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul este ano. Toda a família de Graciane está abalada com a situação e pede que a justiça seja feita.
Em meio ao luto após perder a prima, Penélope Silva Vieira de Assis entrou em contato com a reportagem do Jornal Midiamax pedindo por justiça. Conforme o relato da jovem, Graciane era de origem humilde e morava em Fortaleza com os pais e a irmã.
Após a morte da mãe do suspeito, ele se mudou para Angélica, no interior de Mato Grosso do Sul e, mesmo contrariada pelo pai, Graciane acompanhou o marido.
Durante esses seis anos e cinco meses, a vítima tinha o costume de ligar diariamente para irmã, contando sobre a rotina e, em uma dessas ligações, contou que o marido ficava rindo e zombando de Graciane. Mas ao ser questionada se sofria algum tipo de agressão, ela negou.
No entanto, a família estranhou quando a mulher ficou quatro dias sem ligar ou atender a ligações. Na quarta-feira (21) à noite, Graciane entrou em contato com a irmã e contou que o marido iria matar ela.
“Ela ligou gritando, desesperada. O pai de Graciane disse para ela pegar uma roupa e ir procurar um posto de saúde ou hospital”, contou a prima. O dono da casa onde a vítima e o autor moravam levou Graciane até uma UBS (Unidades Básicas de Saúde) e, no local, a vítima relatou todas as agressões e torturas sofridas por ela.
No entanto, devido ao seu quadro de saúde, Graciane precisou ser transferida ao Hospital Regional de Nova Andradina. “Na quinta-feira (22), a enfermeira relatou que ela estava entubada, que ela chegou quase morta no hospital”, relembra Penélope.
Como Graciane não tinha familiares ou amigos próximos, a família precisou ficar ligando para o Hospital e Delegacia para obter informações quanto ao estado de saúde dela.
No domingo (25), a família ligou ao Hospital e recebeu a informação da morte de Graciane. “A moça ligou e disse que ela não tinha resistido, que a pressão dela tinha baixado muito”, relembrou emocionada.
Família pede por justiça
Agora a família pede que a justiça seja feita, e o acusado seja preso. Conforme informações de moradores de Angélica a família, o autor do crime não está preso.
“Ele foi indiciado por homicídio, mas nós recebemos informações de que ele está solto. Ele não foi preso e já acionou advogado. A gente espera que a justiça seja feita, nós estamos muito abalados com essa situação”, contou a prima.
Ajuda com translado
Ainda sofrendo com a dor da perda, a família quer realizar o sonho de Graciane e enterrá-la ao lado de sua mãe, em Fortaleza, no Ceará. Por isso, a prima criou uma campanha solidária para arrecadar R$ 12 mil para o translado do corpo.
Quem deseja ajudar com o translado, as contribuições podem ser feitas via Pix, na chave 065.434.093-55, no nome da prima, Penélope Silva Vieira de Assis. Mais informações podem ser obtidas diretamente com os familiares pelo telefone (85) 92169-7800.
📍 Onde buscar ajuda em MS
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.
Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.
Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.
📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.