Vídeo enviado ao Jornal Midiamax mostra abordagem, no mínimo questionável, de dois peritos criminais a um suspeito em Mato Grosso do Sul. Um deles pisa e chuta o homem, que já estava deitado e imobilizado. A outra, chega a deixar a própria arma cair no chão. As imagens circulam nas redes sociais e em grupos de mensagem.
O vídeo começa com o homem, negro e aparentemente jovem, apoiado no capô de um carro, no canteiro da rua, mexendo no que parece ser um celular. O policial científico faz movimentos bruscos com a arma e a aponta para o homem, que rapidamente deita-se no chão. É neste momento que uma viatura da Polícia Científica, com sirene ligada, estaciona próximo aos dois.
Um dos peritos pisa com força no corpo do homem, que já estava imobilizado, e grita: “coloca no chão”. Uma mulher, também membro da Polícia Científica, sai da viatura e tira algo da mão do homem abordado. Não é possível determinar do que se trata. Ela joga o objeto para longe, mas não coleta o item para apreendê-lo. Em nenhum momento o homem tenta resistir à abordagem ou atacar os policiais.
A perita, então, se afasta dos dois homens e derruba a própria arma no chão. A arma escorregou pela calça da agente e, por sorte, não houve um disparo acidental. A mulher dá meia volta, se abaixa, pega a arma e segue de volta para o carro. Enquanto isso, o outro perito continua pisando no homem imobilizado, enquanto grita: “abre a mão, abre essa mão”.
Na sequência, ainda com o homem imóvel no chão, o perito passa a chutá-lo. As imagens mostram pelo menos quatro pontapés e o perito continuou com arma em punho. Neste momento, o homem abordado fica livre, ele poderia se levantar e até fugir, mas segue no chão. O vídeo acaba quando o perito volta a imobilizar o homem, segurando-o pela nuca e entre as pernas.
“Chuta o cara já no chão, posição da arma na mão igual qualquer particular e a outra derrubando. Despreparo, perigo à sociedade e abuso de autoridade”, escreveu o leitor do Jornal Midiamax que enviou as imagens à reportagem.
É incomum que a Polícia Científica realize este tipo de abordagem, mas todos os agentes de segurança pública desempenham função de permanente vigilância e têm dever de deter suspeitos em situação de flagrante. O que chama a atenção é como a ação foi conduzida pelos dois peritos.
O site da Coordenadoria Geral de Perícias de Mato Grosso do Sul informa que é missão do órgão “contribuir com a Justiça, sob a égide dos Direitos Humanos e da cidadania”. Também são citados como valores da Polícia Científica a “ética – agir com honestidade, respeito, lealdade e moralidade” e a “responsabilidade social – ter comprometimento com a sociedade e respeito à dignidade humana”.
O Jornal Midiamax solicitou esclarecimentos à Coordenadoria Geral de Perícias, e em nota teve como resposta que os fatos estão sendo apurados. Confira a nota na íntegra:
“A Polícia Científica, por sua própria natureza institucional, pautada nos direitos humanos, na ciência e na busca pela verdade, repudia veementemente qualquer atitude incompatível com a ética, o respeito à dignidade humana e o compromisso público com a justiça.
Ressaltamos que os fatos estão sendo devidamente apurados, com total transparência e responsabilidade.”.
(Matéria editada às 10h58 para acréscimo de posicionamento)
(*) Por Murilo Medeiros