Mato Grosso do Sul teve nesta terça-feira (5) o Dia D da ‘Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas’. Quatro famílias coletaram material genético na DHPP (Delegacia Especializada em Repressão a Homicídios e Proteção à Pessoa), em Campo Grande.
A campanha é do Ministério da Justiça em parceria com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), realizada pela PCMS (Polícia Civil de MS) e o IALF (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses). O titular da DHPP, Rodolfo Daltro, destaca que a iniciativa é primordial para solucionar desaparecimentos ainda em investigação.
“O banco de dados é nacional. Então, ali, havendo cruzamento desse material genético desses dois familiares, de uma pessoa que foi enterrada ou que se encontra hospitalizada, em caso positivo, há o link familiar entre o desaparecido e aquela pessoa que registrou a ocorrência”, detalhou.
O Banco Nacional de Perfil Genético é acessado por todos os estados. A diretora do IALF, Mirtes Prado da Silva, lembrou que a DHPP tem um índice alto de resolutividade de desaparecimentos, e que a campanha ajuda a PCMS a encontrar mais pessoas.
“O índice de localização de pessoas aqui em Campo Grande, pela DHPP, é grande, é de 90 a 95%. Então, sobram poucas pessoas. E dessas poucas, a gente tem identificado pelo menos uma em cada campanha. Então, isso ajuda muito e é uma ferramenta que ajuda a aumentar esse índice”, afirmou.
Maioria dos desaparecidos é composta por homens, diz delegado
O delegado Rodolfo Daltro ainda fez um perfil do desaparecido em Campo Grande. A maioria é composta por homens com idades entre 20 e 40 anos. São ainda usuários de drogas ou álcool.
“Cerca de 80% dos desaparecidos são usuários de drogas e álcool e cerca de 60% são homens e com a idade de 20 a 40 anos”, frisou. De 1º de janeiro a 1º de agosto, 295 desaparecimentos foram registrados na Capital.
As investigações em aberto dependem de informações de quem denunciou o desaparecimento. Daltro menciona que muitos familiares não retornam à delegacia para informar que encontrou o parente.
“Isso é importantíssimo, porque essa pessoa pode ser abordada e encaminhada a uma delegacia, se estiver desaparecida. Então, efetivamente, nós só temos nove casos de pessoas não localizadas de 1º de janeiro a 1º de agosto em Campo Grande”, explicou o delegado.
Para familiares, campanha renova esperança de encontrar desaparecidos

O administrador Vanilton Braga persiste até hoje na busca pelo pai, Heitor Teodoreto Braga, que desapareceu na zona rural de Ribas do Rio Pardo em 10 de maio. Ele acompanhou o filho no trabalho quando sumiu.
“A gente acredita muito que alguém tenha passado naquela região e deu uma carona pra ele, porque ele estava bem-vestido, de social. Então não sabemos o que realmente aconteceu”, conta.
Para Vanilton, a campanha renova a esperança de encontrar Heitor e também é importante para outras famílias que sofrem a mesma situação.
“Acho muito importante, porque colher esse material genético vai nos dar uma possibilidade de a gente sanar esse sistema de localização, tanto para mim como para outras famílias”, destacou.

A dona de casa Marlene Ponciano da Cunha, de 78 anos, também acredita na campanha para ter pistas do paradeiro do marido, Antônio Gomes da Cunha, 79 anos, que está desaparecido desde 16 de fevereiro na região do Jardim Aero Rancho.
Antônio já tinha sofrido acidentes domésticos e tinha batido a cabeça duas vezes. Dona Marlene conta que ele tinha um comportamento rebelde antes de desaparecer.
“Ele falou assim: ‘o dia que eu sair daqui nunca mais. Ninguém vai me ver. Porque eu vou sumir’. Eu falei: ‘você que sabe, você não é mais criança’. E ele foi saindo e até falei para ele voltar logo”, disse.
Para ela, a coleta do material genético aumenta a esperança. “Para Deus, nada é impossível. É uma das duas coisas que mais a gente pensa: ou ver o corpo ou ele aparecer”, finalizou Marlene.
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