A defesa do ex-postulante à prefeitura de Bandeirantes, Mauro Augusto Senturião, tenta tirar os crimes de extorsão e sequestro das acusações, mas admite a relação de agiotagem e questões políticas. Maurinho Dutra deixou a prisão nesta quarta-feira (26), após quase oito meses preso.
“[…] esse é um tipo penal que o Mauro admitiu. Ele falou que realmente empresta dinheiro a juros. Então, esse é o tipo penal que a defesa admite. De fato, ele, se for o caso, será condenado pelo delito de usura – só que a pena por delito de usura era de multa”, diz o advogado José Roberto Rosa.
Além disso, a defesa entende que há questões ligadas a política, já que Mauro iria tentar ao cargo máxima da prefeitura e a vítima, além de emprestar dinheiro dele, também tinha cargo na Câmara dos Vereadores.
“Nós temos a consciência que não teve sequestro e extorsão – podemos até admitir que em algum momento lá para atrás alguém tenha feito alguma cobrança mais dura -, mas os crimes dos quais está sendo apontado nas denúncias não existiram”, afirma Rosa.
Segundo o advogado, a vítima desmentiu, na fase de instrução do processo, que houve sequestro e extorsão. “Exatamente, no momento em que o Mauro despontou nas eleições como suposto ou pretenso candidato a prefeito, esbarrou nas aspirações da vítima também e ali começou o conflito entre os dois, que até então era tranquilo. Os dois tinham negócios juntos, tanto é que Mauro emprestava dinheiro para ele há anos”, alega.
Rosa diz que a vítima foi ouvida e afirmou que em nenhum momento foi sequestrado ou ameaçado. “Ali, de fato, há um desencontro comercial. Tudo indica que havia um empréstimo feito para ele e provavelmente em algum momento dessa relação comercial houve um desacerto entre os dois”, relata.
Denúncia de sequestro
Segundo informado pelo delegado Roberto Guimarães, em coletiva de imprensa na época, o grupo passou a ser investigado após a polícia receber notícia de que uma vítima havia sido sequestrada e levada até um local para ser cobrada de uma certa quantia em dinheiro, que devia ao grupo.
O sequestro teria ocorrido entre o final de maio e o mês de junho de 2024. A vítima contou que havia emprestado entre R$ 60 e R$ 90 mil do grupo. Foi descoberto ainda que os criminosos estavam atuando há cerca de dois anos, emprestando dinheiro a juros, configurando a agiotagem. Dessa forma, como as vítimas não conseguem pagar, eles passam a intimidá-las, em casa ou na rua.
Durante a apuração, a polícia descobriu que três integrantes do esquema tinham invadido uma casa, pulando o muro da residência para cobrar a vítima. Na casa de um dos alvos foi encontrado um caderno de anotações com mais de 60 pessoas que devem a juros de 20 a 30% para o grupo.

Extensa ficha criminal
Os quatro homens, de 49, 37, 31 e 23 anos, possuem extensa ficha criminal. Maurinho Dutra, por exemplo, tem três passagens como autor por homicídio e uma como suspeito, além de porte ilegal de arma de fogo.
O homem de 37 anos também tem passagem por homicídio e porte de arma. Na casa dele, inclusive, foi encontrada uma arma calibre 9 milímetros. Já o de 49 anos, tem registro por porte ilegal de arma de fogo, enquanto o rapaz de 23 anos, por furto qualificado.
Uma das vítimas teve o carro tomado até que o empréstimo fosse pago. O carro foi encontrado em Campo Grande. Segundo a polícia, Maurinho, alvo principal da operação, era quem fazia os empréstimos. Já os demais atuavam na cobrança, extorsão e intimidação.
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