Mato Grosso do Sul registrou o 10º feminicídio do ano nesta semana, que registrou o assassinato de duas mulheres. Em média, duas mulheres foram mortas por mês em crimes cometidos por companheiros, que revelam a brutalidade e crueldade a qual mulheres são expostas.
São vítimas assassinadas a tiros, facadas ou na frente dos filhos, que demonstram a brutalidade dos crimes cometidos não só por ex-companheiros, como também pelos maridos.
O último feminicídio registrado ocorreu em Itaquiraí, quando Simone da Silva foi assassinada a tiros na frente dos filhos. O crime foi cometido por um rapaz de 22 anos, filho do amante de Simone. No fim de semana, Thácia Paula foi assassinada e teve o corpo jogado dentro do Rio Aporé, em Cassilândia.
Feminicídios registrados em MS até maio de 2025
- Karina Corim (Caarapó) – 4 de fevereiro
- Vanessa Ricarte (Campo Grande) – 12 de fevereiro
- Juliana Domingues (Dourados) – 18 de fevereiro
- Mirielle dos Santos (Água Clara) – 22 de fevereiro
- Emiliana Mendes (Juti) – 24 de fevereiro
- Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) – 1º de março
- Alessandra da Silva Arruda – 29 de março
- Ivone Barbosa – 17 abril
- Thácia Paula (Cassilândia) – 11 de maio
- Simone da Silva (Itaquiraí) – 14 de maio
Karina Colim
Karina foi assassinada com tiros na cabeça pelo ex-namorado, em Caarapó. Este foi o 1º feminicídio de 2025. A amiga de Karina, Aline Rodrigues, de 30 anos, também morreu. Na manhã do dia 1º de fevereiro, um sábado, ela estava com Karina no local invadido pelo autor dos disparos, uma loja de celulares localizada no Centro da cidade de Caarapó. Apesar da morte de Aline, esse crime não foi considerado feminicídio, como foi classificada a morte de Karina.
Renan Dantas Valenzuela, de 31 anos, atirou várias vezes contra a ex-mulher e contra Aline. Renan ainda colocou fogo na loja e depois atirou contra a própria cabeça, morrendo no local. Ele usou a arma do pai, que é policial militar, para cometer o crime. Renan não aceitava o fim do relacionamento.

Vanessa Ricarte
A jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, era servidora pública do MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul) morreu na Santa Casa de Campo Grande na noite do dia 12 de fevereiro, uma quarta-feira, depois de ser esfaqueada no peito pelo ex-noivo, Caio Nascimento.
Caio que foi preso em flagrante logo após o crime. Na madrugada do dia da morte de Vanessa ela foi até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), acompanhada de um amigo, para registrar um boletim de ocorrência por agressão contra Caio e pedir medida protetiva. No período da tarde, ela foi até sua casa, acompanhada do mesmo amigo, para pegar seus pertences. Chegando à residência, ela foi esfaqueada por Caio.
O caso ganhou repercussão após áudios gravados por Vanessa hora antes de morrer apontaram descaso e erros no atendimento que ela recebeu quando procurou ajuda na Casa da Mulher Brasileira. As informações de Vanessa desmentiram o discurso feito por delegadas sobre a ajuda oferecida à vítima no dia de sua morte.

Juliana Domingues
Juliana Domingues, foi assassinada aos 28 anos a golpes de facão às margens da rodovia BR-163, na noite do dia 18 de fevereiro, uma terça-feira. Este foi o terceiro feminicídio no Estado. Ela morava na comunidade indígena Nhu Porã, a 346 quilômetros de Campo Grande.
A polícia afirmou que o casal começou uma discussão no fim do dia. Na parte de fora da casa, Wilson Garcia, de 28 anos, se apoderou de um facão e desferiu vários golpes de facão contra Juliana, que foi atingida na cabeça. O filho do casal presenciou o crime.
Logo em seguida, o marido de Juliana fugiu em uma bicicleta e o filho do casal saiu em busca de ajuda, indo até a casa de uma tia e contando o que havia ocorrido. O autor do feminicídio foi localizado e preso pela polícia.
Miriele dos Santos
No dia 22 de fevereiro, Miriele dos Santos foi assassinada a tiros em Água Clara, a 192 quilômetros de Campo Grande, após ser baleada pelo ex-companheiro, Fausto Júnior Aparecido de Oliveira, de 31 anos. Eles estavam em um quarto quando testemunhas ouviram os tiros.
Depois disso, o irmão da vítima entrou na casa e encontrou a mulher ferida, com tiro no abdômen. Ele contou à polícia que levou a irmã para o carro do suspeito e eles seguiram para o hospital da cidade. Em seguida, o acusado fugiu e deixou a caminhonete no local.
Fausto foi preso no dia 25 de fevereiro, escondido em uma chácara. Áudios e mensagens enviadas por Fausto a Miriele mostram ameaças feitas por ele à jovem antes do crime.

Emiliana Mendes
Já no dia 23 de fevereiro, Vanderson dos Santos Carneiro, 35 anos, matou Emiliana Mendes, de 65 anos, na cidade de Juti, a 311 quilômetros de Campo Grande. Ele colocou a mulher em um colchão de uma quitinete para simular uma morte natural.
Apesar de ter sido assassinada na noite do domingo, o corpo de Emiliana foi encontrado somente na manhã do dia seguinte, quando a Polícia Civil foi acionada. O suspeito foi preso em flagrante caminhando pela BR-163, a cerca de 8 quilômetros de Juti. Ao ser abordado, logo confessou aos policiais que se desentendeu com a idosa e a esganou no quintal de uma casa e a arrastou até a residência onde ele morava. Na ficha criminal do acusado constam crimes de roubo e furto.
Gisele Cristina
Gisele Cristina Oliskowski foi assassinada a pedradas e teve seu corpo jogado e queimado em uma cova rasa localizada no quintal da casa onde morava com o namorado. O crime aconteceu no dia 1º de março, um sábado, no bairro Aero Rancho, em Campo Grande. Ela foi a 6ª vítima de feminicídio de MS.
Segundo o autor do crime, Jeferson Nunes Ramos, Gisele teria dado três tapas no rosto dele, o que acabou o enfurecendo e levado a cometer o feminicídio. Jeferson contou que deu uma pedrada na cabeça de Gisele e em seguida jogou o corpo da vítima em um buraco, no quintal da casa, e ateou o fogo.
Ele foi preso e encaminhado para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Alessandra da Silva Arruda
Alessandra da Silva Arruda, foi morta a facadas pelo ex-companheiro, de 30 anos, em Nioaque, cidade a 180 quilômetros de Campo Grande, no dia 29 de março. O crime aconteceu na manhã de um sábado, quando Alessandra foi atingida com golpes de faca após uma briga com o ex-companheiro. O homem se entregou à polícia horas depois e está preso preventivamente.
Ivone Barbosa
Ivone Barbosa da Costa Nantes, de 41 anos, foi esfaqueada e morta pelo companheiro no Assentamento Nazareth, em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, no dia 17 de abril. O crime aconteceu após o casal retornar de uma festa no fim da noite. Em determinado momento, os dois teriam iniciado uma discussão e o homem pegou uma faca. Em seguida, teria desferido um golpe na nuca da vítima e fugido.
Thácia de Paula
Thácia estava desaparecida desde o dia 11 de maio, quando seu corpo foi encontrado no Rio Aporé, em Cassilândia, a 430 quilômetros de Campo Grande, no dia 14 deste mês. Ela desapareceu após ter uma briga com o marido que foi preso preventivamente, no dia 13 de maio.
“Estou aliviada”, disse a mãe de Thácia Paula, de 39 anos, morta pelo marido. Conforme o relato de Fátima Ramos, mãe da vítima, o autor mudou a versão na delegacia afirmando que o casal teve uma briga na beira do Rio Aporé, quando os dois caíram na água, e só ele conseguiu sair.
Fátima ainda falou que ficou muito emocionada com o cortejo feito para sua filha. Ela ainda relatou que Thácia teve de ser sepultada em caixão lacrado. “Ele (filho de Thácia) está arrasado.”, disse a mulher ao falar do neto que era filho único de Thácia.

Simone da Silva
Uma rede de brigas e intrigas familiares acabou no feminicídio de Simone da Silva, de 35 anos, em Itaquiraí, a 402 quilômetros de Campo Grande, no dia 14 deste mês. O filho do amante de Simone, um rapaz de 22 anos, foi quem cometeu o crime. Somente em 2025, Mato Grosso do Sul já registrou 10 feminicídios.
Um familiar conversou com o Jornal Midiamax na manhã desta quinta-feira (15) — e que não quis se identificar — disse que a tragédia ocorreu devido ao caso extraconjugal entre Simone e o pai do rapaz. O pai do autor também acabou preso.
Ainda conforme o familiar, Simone — que é prima da esposa do amante — trabalhava na empresa do casal e acabou afastada quando o caso foi descoberto, mas o patrão continuava se encontrando com a vítima. “As brigas na família se intensificaram”, disse o familiar.

📍 Onde buscar ajuda em MS
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.
Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180, é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.
Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.
📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.
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