A interceptação de uma carga de 10 toneladas de maconha, que saiu de Mato Grosso do Sul, foi negociada por R$ 2 milhões para ser liberada por policiais civis do Rio de Janeiro. Áudios revelaram a negociação entre os agentes e os advogados do traficante.
A negociação ocorreu entre traficantes do CV (Comando Vermelho) com policiais civis do Rio, que, segundo as investigações da Polícia Federal, liberaram uma carga de 10 toneladas de maconha após pagamento de uma propina milionária.
O caso aconteceu em 2023, segundo o jornal O Globo, após matéria do “Fantástico”. A carga de maconha deveria ser entregue no Complexo do Alemão e teria sido comprada por traficantes de Santa Catarina. O caminhão que fazia o transporte da droga de Mato Grosso do Sul tinha nota fiscal de produtos congelados e acabou interceptado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).
O motorista foi encaminhado à Cidade da Polícia, onde a ocorrência foi apresentada pelos agentes. Conforme a Polícia Federal, Carlos Alberto Koerich e seu sogro, Marcelo Luiz Bertoldo, estavam na favela tratando sobre a carga com os traficantes Edgar Alves Andrade, o Doca, e Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, integrantes da cúpula do Comando Vermelho.
Os policiais usaram o celular a fim de negociar a propina para liberar a carga. Em um dos áudios interceptados pela investigação, a esposa de Carlos Alberto conversa com a mãe sobre o pedido dos policiais. “Estão pedindo dois milhões para soltar a mercadoria. Eles querem dar um milhão e meio, eles tão pedindo dois”, diz Lucinara Koerich em um dos áudios.
Em outro áudio, Carlos conversa com a esposa sobre as tratativas:
“Pô, tô no maior desenrole com o canal aqui, amor. Pegaram o caminhão ali na Serra das Araras ali”, fala. Ainda conforme a investigação, os advogados ligados ao Comando Vermelho entraram em contato com os policiais civis para liberar a carga.
O acordo seria eles ficarem com 10% do valor, mas, em outra mensagem, Jackson reclama que não foi feito o pagamento. “Os caras seguiram com o dinheiro lá e tiraram os 10% e não deixaram nada para a gente. Os caras nem botaram a cara lá, pelo amor de Deus. Essa parada é muita injustiça. Não pode ser assim não, mano. Os caras nem botaram a cara lá. Quem foi lá fui eu e o doutor Leonardo. Ele que foi na madrugada e eu que fui lá depois deixar tudo na cara do gol, sem goleiro. Limpei tudo, deixei tudo no esquema já, para todo mundo se adiantar. A gente que fez essa correria”, enviou o advogado.
Nos últimos dois anos, foram presos Juan Felipe Alves, Renan Guimarães, Alexandre Amazonas, Eduardo de Carvalho e Deyvid da Silveira, além do policial militar Laercio de Souza Filho e dos advogados Leonardo Sylvestre Galvão e Jackson da Fonseca. Nesta semana, todos, menos Jackson, foram soltos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que entendeu não haver indícios de tráfico de drogas, já que o caminhão estava vazio. Eles responderão por corrupção.
A Corregedoria da PM disse que os servidores estão afastados, respondendo a processo disciplinar, que pode resultar em demissão.
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